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Caldeirão da Bolsa

O perigo ainda espreita

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

O perigo ainda espreita

por luiz22 » 16/9/2008 11:19

Análise BPI 2008-09-16 09:45

O perigo ainda espreita

A desconfiança ainda percorre transversalmente os mercados financeiros, no contexto de uma crise que tarda em estar resolvida, já que as ondas de choque perduram após o anúncio das primeiras perdas do 'subprime', há precisamente 1 ano atrás.

Agostinho Leal Alves, do Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI

Numa lenta agonia, as duas principais sociedades hipotecárias, Fannie Mae e Freddie Mac, estavam prestes a exalar o último sopro quando a providência estatal resolveu assumir o seu controlo. Possivelmente, muitas outras instituições estarão ainda em dificuldades e procuram ajuda externa, ou seja, dinheiro fresco, que lhes permita “respirar”. Não será só a Lehman Brothers a desejar uma rápida recapitalização junto dos cada vez mais poderosos países emergentes.

Acresce um cenário económico cada vez mais frágil e deprimido, à medida que são feitas sucessivas revisões em baixa do crescimento em 2008, pelos principais organismos internacionais. Agora foi a vez da Comissão Europeia lançar as suas previsões de um Outono algo antecipado. Perspectivam-se recessões técnicas na Alemanha, Reino Unido e Espanha, enquanto que a França e a Itália podem escapar por muito pouco a uma situação semelhante. No crescimento em cadeia, a Alemanha entrará em recessão com o 3º trimestre, enquanto Reino Unido e Espanha vão verificar as quebras de actividade no 3º e 4º trimestres. Tal como no cenário alemão, o pior trimestre para a França e Itália terá sido o 2º, devendo seguir-se um período de estagnação económica. Em termos da Zona Euro, o crescimento anual foi revisto de 1.7% para 1.3%. No que respeita à inflação, está previsto um gradual abrandamento das pressões sobre os preços nos próximos trimestres, apesar de, em termos da totalidade do ano, os valores terem sido revistos em alta. Na UEM poderá atingir-se um valor de 3.6%, comparativamente aos 3.1% indicados em Abril.

As fortes correcções no câmbio âncora e no preço do crude reflectem estes tempos de falta de crescimento económico e de contágio à escala mundial, onde a Europa acaba por ser fortemente penalizada: o euro perdeu o brilho anterior e vê corrigir os fortes ganhos obtidos face às moedas rivais; o preço do petróleo acompanha o novo cenário de apreciação do dólar mas também a previsível diminuição da procura de matérias-primas. O EUR/USD acaba de testar o nível psicológico dos 1.40, enquanto o petróleo veio abaixo dos 100 dólares por barril. O que não são propriamente más notícias, já que podem ajudar a suavizar o momento económico.

A maioria das bolsas, com especial destaque para as americanas, reagiu bem à intervenção da Administração Bush na Fannie Mae e Freddie Mac, por estranho que possa parecer, já que foi uma acção contrária ao mercado, mas que não deixa de ser uma medida intervencionista que suporta todo um sistema bem mais vasto, com implicações fundamentais no bem estar das famílias norte-americanas e na própria economia em geral. No entanto, a aparente tranquilidade durou pouco, não havendo ainda interesse na formação de movimentos de compra sustentados. A desconfiança paira sobre os mercados e ninguém quer arriscar fazer compras e investir nas Bolsas, sem dúvida a preços baratos, quando não é clara a situação económica nos EUA, que deverá estar já no patamar mínimo, e com a Europa a decepcionar e a registar uma quebra acentuada da sua actividade.

Neste clima, o refúgio no mercado obrigacionista deverá perdurar, enquanto a aversão ao risco se mantiver instalada. Neste contexto, os preços da taxa fixa vão manter-se em níveis máximos, com as respectivas yields aos níveis do início do ano. Podem surgir alguns momentos de alívio nestas tendências, no entanto, parece-nos que durante mais algum tempo, este mercado manterá o seu poder de atracção sem risco.



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