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Previsões: Economistas contrariam optimismo do FMI e dizem que dificuldades vão continuar em 2009
Lisboa, 09 Set (Lusa) - As dificuldades de crescimento económico na Europa vão prolongar-se em 2009, dizem economistas ouvidos pela agência Lusa, contrariando a nota de optimismo deixada terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional.
O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Joaquin Almunia, vai apresentar hoje as estimativas económicas intercalares, revendo em baixa as perspectivas de crescimento do PIB das principais economias da Zona Euro, e em alta as previsões para a inflação.
O número dois do FMI, John Lipsky, considerou terça-feira que a economia mundial vai continuar a abrandar no segundo semestre deste ano mas vai acelerar progressivamente em 2009. Na Zona Euro, sublinhou o vice-director-geral do FMI, o crescimento da economia deverá manter-se nos 0,75 por cento no quarto trimestre deste ano, passando depois para 1,50 por cento no último trimestre de 2009.
Contactado pela Lusa, o economista Eduardo Catroga não teve dúvidas em afirmar que "o 2009 vai ser pior que o 2008" no toca à economia europeia. "Todo o impacto das restrições financeiras da economia europeia vai-se sentir na economia real com a maior intensidade em 2009", disse o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva.
"Quer se queira quer não ainda não houve um ´decoupling` das principais economias internacionais face à economia norte-americana. A economia norte-americana primeiro tem de reagir para depois, passados seis ou nove meses, se verificar essa reacção da economia europeia e de outras economias", previu Eduardo Catroga.
Uma possível nota positiva para os mercados, considerou Eduardo Catroga, é o facto de o governo norte-americano ter assumido o controlo estatal dos fundos hipotecários Fannie Mae e Freddie Mac, que representam metade das hipotecas daquele país.
"Se a economia norte-americana até ao final do ano começar a reagir - e penso que esta `nacionalização forçada` acaba por ter um impacto positivo na confiança dos mercados - os americanos acabarão por sair mais depressa do que os europeus desta situação", frisou.
"Portanto a economia europeia só irá reagir passado seis a nove meses de uma retoma mais sustentada da economia norte-americana, que ainda não é certa pois podem aparecer surpresas negativas do lado da banca americana", acrescentou.
O também ex-ministro das Finanças, Braga de Macedo, desvalorizou as previsões do FMI, considerando que actualmente "há muito nervosismo nos mercados, o que leva a que haja movimento que depois se revertem imediatamente". "Não sei se [a previsão do FMI] tem relevância de fundo acerca da evolução das economias, que estão claramente numa perspectiva recessiva", afirmou.
Nesse sentido, o economista enalteceu o facto de o ministro das Finanças espanhol, Pedro Solbes, ter admitido terça-feira que "existe um risco de recessão em Espanha" e que Madrid está preocupada com a situação.
Apesar de salientar os efeitos que uma recessão em Espanha, um dos maiores clientes da exportação portuguesa, pode ter na economia nacional, Braga de Macedo salientou a "atitude de grande coragem" do ministro espanhol pois revelou que tem consciência de que uma recessão "não é o fim do mundo" e que é nesse contexto "que se prepara a retoma".
Um exemplo, diz, que Portugal devia seguir.
De acordo com Braga de Macedo, "a economia portuguesa não pode evitar a crise" mas pode aproveitá-la para preparar a retoma, adoptando a atitude de "não abrandar as reformas que tenham efeito a médio e longo prazo", sobretudo o reforço da política económica externa, procurando novos mercados.
Já o economista e ex-líder parlamentar do PCP Octávio Teixeira considerou que "esta crise económica mundial se vai prolongar por vários anos". "A ideia do FMI de que em 2009 a economia mundial vai recuperar não é nova. Há estudos que apontam para uma ligeira recuperação económica em 2009 e o ponto alto da crise em 2010 e 2011", disse Octávio Teixeira.
O economista acredita que esses estudos "têm fundamento, não só em termos comparativos com o que se passou com crises anteriores, nomeadamente a de 1997, mas também devido à desacelaração do crescimento dos países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)".
"Actualmente, os BRIC - embora em desaceleração - ainda têm taxas de crescimento muito acentuadas e a perspectiva é uma continuação da desaceleração da taxa de crescimento", afirmou.
"Agora é a taxa de crescimento dos BRIC que tem vindo a aguentar a evolução económica a nível mundial, e por conseguinte também a europeia. Quando eles atingirem a fase de maior desaceleração (no período 2010-2011), todo o mundo, incluindo a Europa, vai sentir um efeito de refluxo".
NVI
Lusa/Fim
Previsões: Economistas contrariam optimismo do FMI e dizem que dificuldades vão continuar em 2009
Lisboa, 09 Set (Lusa) - As dificuldades de crescimento económico na Europa vão prolongar-se em 2009, dizem economistas ouvidos pela agência Lusa, contrariando a nota de optimismo deixada terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional.
O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Joaquin Almunia, vai apresentar hoje as estimativas económicas intercalares, revendo em baixa as perspectivas de crescimento do PIB das principais economias da Zona Euro, e em alta as previsões para a inflação.
O número dois do FMI, John Lipsky, considerou terça-feira que a economia mundial vai continuar a abrandar no segundo semestre deste ano mas vai acelerar progressivamente em 2009. Na Zona Euro, sublinhou o vice-director-geral do FMI, o crescimento da economia deverá manter-se nos 0,75 por cento no quarto trimestre deste ano, passando depois para 1,50 por cento no último trimestre de 2009.
Contactado pela Lusa, o economista Eduardo Catroga não teve dúvidas em afirmar que "o 2009 vai ser pior que o 2008" no toca à economia europeia. "Todo o impacto das restrições financeiras da economia europeia vai-se sentir na economia real com a maior intensidade em 2009", disse o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva.
"Quer se queira quer não ainda não houve um ´decoupling` das principais economias internacionais face à economia norte-americana. A economia norte-americana primeiro tem de reagir para depois, passados seis ou nove meses, se verificar essa reacção da economia europeia e de outras economias", previu Eduardo Catroga.
Uma possível nota positiva para os mercados, considerou Eduardo Catroga, é o facto de o governo norte-americano ter assumido o controlo estatal dos fundos hipotecários Fannie Mae e Freddie Mac, que representam metade das hipotecas daquele país.
"Se a economia norte-americana até ao final do ano começar a reagir - e penso que esta `nacionalização forçada` acaba por ter um impacto positivo na confiança dos mercados - os americanos acabarão por sair mais depressa do que os europeus desta situação", frisou.
"Portanto a economia europeia só irá reagir passado seis a nove meses de uma retoma mais sustentada da economia norte-americana, que ainda não é certa pois podem aparecer surpresas negativas do lado da banca americana", acrescentou.
O também ex-ministro das Finanças, Braga de Macedo, desvalorizou as previsões do FMI, considerando que actualmente "há muito nervosismo nos mercados, o que leva a que haja movimento que depois se revertem imediatamente". "Não sei se [a previsão do FMI] tem relevância de fundo acerca da evolução das economias, que estão claramente numa perspectiva recessiva", afirmou.
Nesse sentido, o economista enalteceu o facto de o ministro das Finanças espanhol, Pedro Solbes, ter admitido terça-feira que "existe um risco de recessão em Espanha" e que Madrid está preocupada com a situação.
Apesar de salientar os efeitos que uma recessão em Espanha, um dos maiores clientes da exportação portuguesa, pode ter na economia nacional, Braga de Macedo salientou a "atitude de grande coragem" do ministro espanhol pois revelou que tem consciência de que uma recessão "não é o fim do mundo" e que é nesse contexto "que se prepara a retoma".
Um exemplo, diz, que Portugal devia seguir.
De acordo com Braga de Macedo, "a economia portuguesa não pode evitar a crise" mas pode aproveitá-la para preparar a retoma, adoptando a atitude de "não abrandar as reformas que tenham efeito a médio e longo prazo", sobretudo o reforço da política económica externa, procurando novos mercados.
Já o economista e ex-líder parlamentar do PCP Octávio Teixeira considerou que "esta crise económica mundial se vai prolongar por vários anos". "A ideia do FMI de que em 2009 a economia mundial vai recuperar não é nova. Há estudos que apontam para uma ligeira recuperação económica em 2009 e o ponto alto da crise em 2010 e 2011", disse Octávio Teixeira.
O economista acredita que esses estudos "têm fundamento, não só em termos comparativos com o que se passou com crises anteriores, nomeadamente a de 1997, mas também devido à desacelaração do crescimento dos países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)".
"Actualmente, os BRIC - embora em desaceleração - ainda têm taxas de crescimento muito acentuadas e a perspectiva é uma continuação da desaceleração da taxa de crescimento", afirmou.
"Agora é a taxa de crescimento dos BRIC que tem vindo a aguentar a evolução económica a nível mundial, e por conseguinte também a europeia. Quando eles atingirem a fase de maior desaceleração (no período 2010-2011), todo o mundo, incluindo a Europa, vai sentir um efeito de refluxo".
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Lusa/Fim