A galinha do vizinho
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A galinha do vizinho
http://www.jornaldenegocios.pt/index.ph ... &id=327752
João Cândido da Silva
A galinha do vizinho
joaosilva@mediafin.pt
Se está convencido que um depósito bancário é uma aplicação sem risco, é altura de rever essa convicção. A nível global, as instituições financeiras estão hoje numa situação mais frágil do que estavam há um ano. E se não há motivos para entrar em pânico, a crise actual pode servir para desfazer mitos que até os próprios banqueiros costumam alimentar.
Se está convencido que um depósito bancário é uma aplicação sem risco, é altura de rever essa convicção. A nível global, as instituições financeiras estão hoje numa situação mais frágil do que estavam há um ano. E se não há motivos para entrar em pânico, a crise actual pode servir para desfazer mitos que até os próprios banqueiros costumam alimentar.
Quer ficar impressionado? Como diria António Guterres, é só fazer as contas. Desde a eclosão da crise financeira, quando o mercado de crédito hipotecário de alto risco dos Estados Unidos decidiu mostrar por que merecia a designação, os bancos, a nível mundial, já tiveram que assumir perdas no valor aproximado de 335 mil milhões de euros.
Parece muito dinheiro para se evaporar sem deixar rasto, mas é a pura realidade. Se as famílias e empresas portuguesas, por qualquer motivo que, para já, não passa do domínio do absurdo, fossem forçadas a pagar do seu bolso os custos da crise apurados até agora, teriam que aplicar mais de dois anos daquilo que produzem anualmente para conseguirem tapar todos os buracos já detectados nos outrora lustrosos balanços dos bancos. Um pequeno pesadelo, diria um observador fleumático.
Por aqui se compreendem os motivos de força maior que levaram os governos dos Estados Unidos e Reino Unido, a guardarem na gaveta as tradições liberais anglo-saxónicas. Deixar instituições financeiras falidas entregues à sua sorte seria um golpe na confiança que economias em abrandamento não aguentariam.
Em Portugal, o drama é relativo. Os principais bancos já apresentaram quedas assinaláveis nos resultados do primeiro semestre deste ano. Mas não se prevêem novas surpresas, se os mercados de acções começarem a recuperar na sequência do que parece ser o fim da bolha especulativa nas matérias-primas. Se assim for, uma retoma das cotações exigirá menos esforços no provisionamento de perdas com participações que têm de ser registadas pelo seu valor de mercado.
Quando se analisam as contas das grandes instituições financeiras espanholas, surgem motivos para invejar a galinha do vizinho. Os indicadores revelam que os respectivos balanços estão sólidos e que, questionados sobre os impactos da actual crise nas organizações que lideram, os banqueiros espanhóis teriam que responder com outra pergunta: "crise? Qual crise?". E, no entanto, pode não ser bem assim.
A crise do crédito é "vasta, profunda e global", avisou ontem a Merril Lynch. Tudo estaria dentro das expectativas se o banco de investimento norte-americano não tivesse acrescentado aquela que é a verdadeira má notícia: a crise "está longe do fim" e convém não subestimá-la. Por outras palavras, aquilo que agora parece ser terreno sólido pode não o ser.
Em Espanha, o crédito de cobrança duvidosa está a crescer mais rapidamente do que em Portugal. É demasiado cedo para invejar a galinha espanhola.
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João Cândido da Silva
A galinha do vizinho
joaosilva@mediafin.pt

Se está convencido que um depósito bancário é uma aplicação sem risco, é altura de rever essa convicção. A nível global, as instituições financeiras estão hoje numa situação mais frágil do que estavam há um ano. E se não há motivos para entrar em pânico, a crise actual pode servir para desfazer mitos que até os próprios banqueiros costumam alimentar.
Se está convencido que um depósito bancário é uma aplicação sem risco, é altura de rever essa convicção. A nível global, as instituições financeiras estão hoje numa situação mais frágil do que estavam há um ano. E se não há motivos para entrar em pânico, a crise actual pode servir para desfazer mitos que até os próprios banqueiros costumam alimentar.
Quer ficar impressionado? Como diria António Guterres, é só fazer as contas. Desde a eclosão da crise financeira, quando o mercado de crédito hipotecário de alto risco dos Estados Unidos decidiu mostrar por que merecia a designação, os bancos, a nível mundial, já tiveram que assumir perdas no valor aproximado de 335 mil milhões de euros.
Parece muito dinheiro para se evaporar sem deixar rasto, mas é a pura realidade. Se as famílias e empresas portuguesas, por qualquer motivo que, para já, não passa do domínio do absurdo, fossem forçadas a pagar do seu bolso os custos da crise apurados até agora, teriam que aplicar mais de dois anos daquilo que produzem anualmente para conseguirem tapar todos os buracos já detectados nos outrora lustrosos balanços dos bancos. Um pequeno pesadelo, diria um observador fleumático.
Por aqui se compreendem os motivos de força maior que levaram os governos dos Estados Unidos e Reino Unido, a guardarem na gaveta as tradições liberais anglo-saxónicas. Deixar instituições financeiras falidas entregues à sua sorte seria um golpe na confiança que economias em abrandamento não aguentariam.
Em Portugal, o drama é relativo. Os principais bancos já apresentaram quedas assinaláveis nos resultados do primeiro semestre deste ano. Mas não se prevêem novas surpresas, se os mercados de acções começarem a recuperar na sequência do que parece ser o fim da bolha especulativa nas matérias-primas. Se assim for, uma retoma das cotações exigirá menos esforços no provisionamento de perdas com participações que têm de ser registadas pelo seu valor de mercado.
Quando se analisam as contas das grandes instituições financeiras espanholas, surgem motivos para invejar a galinha do vizinho. Os indicadores revelam que os respectivos balanços estão sólidos e que, questionados sobre os impactos da actual crise nas organizações que lideram, os banqueiros espanhóis teriam que responder com outra pergunta: "crise? Qual crise?". E, no entanto, pode não ser bem assim.
A crise do crédito é "vasta, profunda e global", avisou ontem a Merril Lynch. Tudo estaria dentro das expectativas se o banco de investimento norte-americano não tivesse acrescentado aquela que é a verdadeira má notícia: a crise "está longe do fim" e convém não subestimá-la. Por outras palavras, aquilo que agora parece ser terreno sólido pode não o ser.
Em Espanha, o crédito de cobrança duvidosa está a crescer mais rapidamente do que em Portugal. É demasiado cedo para invejar a galinha espanhola.
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Cumprimentos.
" Existem pessoas tão sumamente pobres que só têm dinheiro "
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