Caldeirão da Bolsa

Empresário entregou chaves da empresa nas Finanças em protes

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por mfsr1980 » 13/8/2008 21:51

Eu suspendi a actividade da minha empresa, pois percebi que isto vai acabar mal... :(
Quando o aumento da riqueza está nos 1,5% do PIB e a dívida que estava em 76% do PIB já se encontra a 100% do PIB...diz tudo...ou será preciso fazer um gráfico?
Gosto muito de dormir descansado...

Um abraço de
Miguel Rodrigues
 
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por Woodhare » 13/8/2008 19:25

Um Estado justiceiro num país aonde a justiça não funciona dá nisto.
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por TheTraveler » 13/8/2008 19:10

Lexis Escreveu:Essas obras passam por ter uma sala de desmanche de carnes, entre outras coisas, que considera indispensáveis (mas que o empresário considera desporporcionadas e exageradas).
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Já deve ter morrido montes de gente com a carne contaminada por faltar essa sala de desmanche de carne.... :roll: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Um amigo meu abriu um snack bar à cerca de um ano.
Inocentemente queria fazer algo diferente aqui na zona e ter umas tapazinhas típicas. Pipis, carapaus alimados, salada de ovas, de orelha, etc etc...
Com estas novas leis da treta precisava de uma cozinha com uma bancada de peixe e respectivo lava loiças, uma bancada de carne e respectivo lava loiças, e uma bancada de frescos e respectivo lava loiças... Com o tamanho que era necessário para fazer cozinha com isto tudo, talvez ainda lhe sobrasse espaço para meter uma mesa para os clientes...

E a obrigatoriedade de colocar luzes de saída de emergência em casas de banho com pouco mais de um metro quadrado... Será que as pessoas num metro quadrado não sabem por onde entraram? :mrgreen: Abrir negócio é um gastar de dinheiro ridiculamente elevado.
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por Lexis » 13/8/2008 18:44

Junto aqui mais uma outra história que me foi contada na primeira pessoa, na Figueira da Foz, há 2 dias:

Um senhor de 52 anos vai reformar-se.

Vai reformar-se porque tem 5 talhos. Esses talhos funcionam em cidades e vilas da Beira Interior. Toda a vida desse empresário foi dedicada, desde muito cedo, ao trabalho.

Foi agora visitado pela ASAE.

A ASAE visitou-o num dos seus talhos e após proceder a uma minunciosa inspecção comunicou-lhe que, estava satisfeita com as condições de higene, pelo que não o iria multar. MAS deu-lhe um prazo para proceder a obras, no entender dela, indispensáveis.

Essas obras passam por ter uma sala de desmanche de carnes, entre outras coisas, que considera indispensáveis (mas que o empresário considera desporporcionadas e exageradas).

O empresário em questão começou a fazer contas à vida.

- Dos 5 talhos, só 1 funciona em imóvel próprio. Os outros 4 funcionam em imóveis arrandados.

- A maioria não suporta, por questões de espaço, a possibilidade de criar as divisões e os compartimentos exigidos pela ASAE.

- O único talho cujo imóvel lhe pertence está localizado muma localidade onde enfrenta feroz concorrencia de um Intermarché.

- Reuniu os filhos, já casados e com vida própria, e decidiu encerrar a actividade. Os próprios filhos o aconselharam a isso. Como durante a vida investiu o que ganhou, tem fontes de rendimento suficientes para ter uma vida descansada sem trabalhar. Vai passar a viver das rendas de alguns imoveis habitacionais e comerciais que comprou para arrandamento.

- Vai despedir os empregados que tem.

- Vai deixar de pagar a segurança social desses trabalhadores... que vão para o desemprego.

- Vai denunciar os arrendamentos dos tralhos e encerra-los todos.

- Vai deixar de pagar impostos da sua actividade, porque vai encerra-la.

Heis o panorama Português... Fica mais um de muitos exemplos.

.
 
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por PIKAS » 11/8/2008 23:29

"Do que as empresas precisam é que o Estado pague o IVA que lhes deve, com a mesma diligência com que exige",


Em poucas palavras está aqui tudo dito. Acrescento também as dividas do estado aos particulares, porque a pouca vergonha é igual ou pior.

Cumprimentos
 
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por PETRONIO » 11/8/2008 23:13

Brevemente metade do País está penhorado, as pessoas deixam de ter emprego, ou que lhe resta do salário , não chega para pagar as contas. Se mais empresários seguirem este exemplo, vai ficar bonito, o País para , e é o que merecem estes politicos ,que nos últimos 25 anos arrastaram o País para a miséria.
Quem tem razão é o Medina Carreira, e Ele já avisou , na última entrevista que algo com ruido pode contecer.
 
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......

por AC Investor Blog » 11/8/2008 21:51

Por acaso acabei de ver a reportagem, isto é lamentável !!!!! Assim se percebe a causa do desinvestimento em Portugal.
AC Investor Blog
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Análises Técnicas de activos cotados em Wall Street. Os artigos do AC Investor podem também ser encontrados diariamente nos portais financeiros, Daily Markets, Benzinga, Minyanville, Solar Feeds e Wall Street Pit, sendo editor e contribuidor. Segue-me também no Twitter : http://twitter.com/#!/ACInvestorBlog e subscreve a minha newsletter.
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Empresário entregou chaves da empresa nas Finanças em protes

por Pata-Hari » 11/8/2008 21:48

É preciso alimentar o monstro a qualquer custo ou estamos finalmente a introduzir moralidade num sistema corrupto? ou estaremos ainda a obrigar ao encerramento de empresas que não são eficientes (embora não pareça ser o caso desta...)

Impostos
Empresário entregou chaves da empresa nas Finanças em protesto contra acção do Estado
11.08.2008 - 17h18
Por Lusa
Um empresário decidiu suspender o trabalho de uma fábrica têxtil da Covilhã e entregar as chaves nos serviços de Finanças, em protesto contra a acção do Estado, disse hoje o próprio à Agência Lusa.

O empresário António Lopes protesta contra o facto da firma ser alvo de penhoras por dívidas ao fisco, mas ao mesmo tempo ter verbas bloqueadas e acesso à banca vedado devido ao atraso de decisões judiciais.

António Lopes reabriu a fábrica de fiação depois de a ter adquirido em Dezembro de 2005, num processo de insolvência no Tribunal da Covilhã, mas até hoje nunca houve trânsito em julgado da aquisição.

A recuperação da empresa "tem sido feita com capital próprio dos gerentes, porque sem o processo concluído, não temos acesso à banca", disse o empresário.

Por outro lado, "a Fiper depende do trânsito em julgado para boa cobrança de 388 mil euros de IVA, ao passo que as dívidas ao fisco são de 36 mil euros. É fácil fazer as contas", desabafou António Lopes.

Uma notificação de uma penhora, recebida no dia 06 de Agosto, foi a gota de água que fez transbordar o copo. "Temos dinheiro para a pagar, mas já chega de brincadeira", disse.

Simbolicamente António Lopes entregou as suas próprias chaves [da empresa] ao chefe da repartição de Finanças [da Covilhã] naquele dia. "Já não basta limitarem a nossa gestão, ainda nos querem levar o dinheiro que temos disponível. Se é assim, que venham gerir a fábrica", justificou.

"As chaves lá estão, a empresa está encerrada e os 48 trabalhadores estão de férias. É nossa intenção continuar assim que seja revogada a penhora", sublinhou.

António Lopes entende a situação da sua empresa como "um alerta" para o Governo.

"Não podemos com o nosso silêncio ser cúmplices do que consideramos ser a destruição das pequenas e médias empresas", afirmou.

"Num país onde 20 por cento dos empregados têm ordenados penhorados, mais de 200 mil empresas têm dívidas ao fisco e 50 mil empresários estão ou vão estar com processos crime, há que perguntar: temos um Governo ou uma comissão liquidatária", questionou.

"Do que as empresas precisam é que o Estado pague o IVA que lhes deve, com a mesma diligência com que exige", concluiu, defendendo ainda apoios indexados à produtividade.

Contactado pela Agência Lusa, Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa reservou uma posição para outra ocasião, enquanto o director da repartição de Finanças da Covilhã, Luís Gravito, declinou também quaisquer esclarecimentos sobre o assunto, alegando sigilo na relação entre a administração fiscal e os contribuintes.


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