O ciclo de ganhos das matérias-primas parece ter chegado ao fim. Depois de sete anos de subida generalizada, com valorizações muito superiores às verificadas nos títulos "dot.com" da bolha tecnológica, a forte correcção das "commodities" no último mês marca, para muitos analistas, uma viragem no mercado.
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Carla Pedro
cpedro@mediafin.pt
André Veríssimo
averissimo@mediafin.pt
O ciclo de ganhos das matérias-primas parece ter chegado ao fim. Depois de sete anos de subida generalizada, com valorizações muito superiores às verificadas nos títulos "dot.com" da bolha tecnológica, a forte correcção das "commodities" no último mês marca, para muitos analistas, uma viragem no mercado.
No último mês, têm sido várias as "commodities" a acusar fortes quedas, fruto da desaceleração do crescimento económico mundial, que tem levado a uma retracção do consumo. O Brent do mar do Norte, crude de referência para o mercado europeu, que ontem chegou a negociar na casa dos 116 dólares por barril, já caiu cerca de 21% desde o máximo histórico de 147,5 dólares, atingido a 11 de Julho. O índice Reuters/Jefferies CRB, que negoceia em Nova Iorque um cabaz de 19 mercadorias, perdeu 15,5% desde o seu recorde de sempre, alcançado a 2 de Julho. E o índice agrícola do Dow Jones já cedeu perto de 17% desde essa mesma data e 19% desde o pico atingido em Março.
Peter A. Sorrentino, gestor de um fundo da Huntington Asset Advisors, no valor de 16,7 mil milhões de dólares, disse ao Jornal de Negócios que acredita que o preço do petróleo ainda não parou de cair. "No meu fundo, estou a apostar na queda do crude para entrega em Outubro, com um preço-alvo de 100 dólares", afirmou.
Há quem considere que os preços da maioria das "commodities" não voltarão a atingir os máximos deste ano. Pelo menos durante várias décadas. "Não tenho a certeza quanto ao curto prazo, mas estou convicto de que os elevados preços deste ano provarão ser os máximos do resto deste século", comentou ao Jornal de Negócios o presidente da gestora de activos americana Marketfield Asset Management, Michael Aronstein.
"Os incentivos para substituir uma tecnologia com 100 anos de idade (motores de combustão interna de combustível derivado dos hidrocarbonetos) são enormes e há tanto talento e capital a dedicar-se ao problema que acredito que dentro de 10 anos vamos usar menos de 75% da gasolina que é utilizada agora e que dentro de 15 anos essa utilização provavelmente cairá para menos de 50%", afirmou.
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