Jiboia Cega Escreveu:mnfv, ptmasters, Dwer, LS,
Felizmente ainda há pessoas atentas como vocês.

Jibóia,
Pessoalmente, nada me incomoda que gestores performantes ganhem claramente acima da média: O último caso conhecido onde cada tostão foi bem empregue foi o do Director Geral dos Impostos (se é esta a designação correcta). Há no entanto no caso da TAP, a ser verdade a notícia (gostaria de a ver confirmada ou desmentida com factos concretos provenientes de fontes bem identificadas e confirmáveis), alguns aspectos preocupantes:
- Ao longo dos vários anos que leva de gestão, e sem pôr em causa a evolução positiva que a empresa sofreu (estava mais do que falida, lembram-se?), o CEO da TAP raramente logrou alcançar os objectivos estabelecidos. Claro que sempre justificou essas situações com circunstancialismos externos, mas esses mesmos factores não impediram outras companhias estrangeiras de obter resultados bem melhores no mesmo período;
- Existem, ao que julgo saber, regras aplicáveis quanto aos limites das remunerações dos gestores de empresas públicas. Ora a TAP, sendo uma empresa privada, é detida exclusivamente por um único accionista, que somos nós todos, representados por essa coisa demasiadas vezes sem fundo que se chama Estado. Será difícil impor a regra se alguém abertamente não a cumpre. Se por outro lado a regra não é para cumprir então revogue-se a regra e assuma-se a decisão;
- Estando a enfrentar-se uma situação de dificuldade na companhia, com reversão da tendência de evolução dos resultados e o anúncio de possíveis medidas drásticas de contenção de despesas e rentabilização do negócio (redução de rotas, eventuais despedimentos de pessoal), é difícil de compreender como não existiu um gesto voluntário de redução da remuneração do CEO. Pode vir ainda a ocorrer mas agora já é tarde porque a questão já caíu na discussão pública. Veja-se o exemplo do CEO da British Airways que, de sua livre vontade e antes que alguém publicamente lho sugerisse, anunciou que renunciava ao prémio a que tinha direito devido ao descalabro que foi a abertura do Terminal 5 de Heathrow (andei à procura de confirmação desta notícia mas não a encontrei. Espero não estar a dizer nenhuma barbaridade!)
Resumindo: Penso que a evolução da remuneração do CEO da TAP pode bem estar a escapar a critérios de razoabilidade e virar-se em breve contra o próprio e contra o accionista único da empresa que, depois, acabará por ver-se obrigado a substituí-lo e aí, sem dúvida e como o PSD tentou já fazer no passado (felizmente sem sucesso), a tentação de nomear um comissário político será provavelmente irresistível.
Abraço,
FT