Pata, a verdade é que a eficiência fiscal tem vindo a crescer de ano para ano (aumento de 2,8% em 2006, 3,8% em 2007)
E não hajam ilusões.
Para melhorar é preciso a colaboração de todos, mas isso exige uma mudana cultural dos portugueses, que teimam em desprezar o fisco e a justificar a fuga fiscal.
Não há dia em que eu não leia uma crítica mordaz aos homens do fisco, de tal forma que por vezes esses é que parecem ser os prevaricadores.
O ladrão passou a polícia e o polícia a ladrão!
Pergunto:
Quantos de nós pede factura quando vai ao restaurante?
e quando compra uns pneus novos?
e declara ao fisco os rendimentos pagos à sua empregada doméstica?
É que tudo isso são obrigações não só morais, como legais! Mas quem o faz?
O fisco não é uma entidade divina , com o dom da ubiquidadeque ou da adivinhação, e não pode tornar-se num big brother com uma camara perto de cada caixa registadora, ou um inspector para cada empresa.
O que seria, ou melhor, o que se diria, se apertassem ainda mais com a fiscalização. Ainda assim, muito se fez como podes ver adiante.
Não é rigorosamente verdade que "são sempre os mesmos" a pagar. Antes era, sem dúvida, porque quem não pagava via a sua dívida prescrever, e quem pagava era o incauto que não se apercebia das deficiências do sistema!
A prova de que a coisa está a mexer é precisamente a cadência diária de notícias em que se ouvem muitos "graúdos", "patrões" e "tubarões" a martelar em cima da administração fiscal.
Sabes bem pata, que os pequenos não têm voz (infelizmente). E nas entrelinhas das afirmações e comentários dos poderosos eu vejo muitos receios de terem perdido o seu
statu quo.
Deixo uma notícia saída no diario economico de 2008.03.03:
1 - Correcções à matéria colectável crescem e cumprimento voluntário acompanha
A Administração Tributária fez correcções à matéria colectável declarada pelo contribuinte no valor de 4,6 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 56% face a 2006. O IRC representou a maior fatia destas correcções (73%), o que reflecte a maior concentração do Fisco nas empresas. O valor de imposto encontrado em falta foi de 975 milhões, mais 16% que no ano anterior.
Paralelamente, as regularizações voluntárias aumentaram. O valor das regularizações voluntárias à matéria colectável cresceu 29%, dos 823 milhões para mais de mil milhões de euros. Por sua vez, as regularizações voluntárias ao imposto subiram 28%, para os 271 milhões.
2 - Fisco detecta 263.003 contribuintes que não entregaram a declaração de IRS entre 2003 e 2006
A direcção de serviços do IRS detectou contribuintes com rendimentos, mas que não entregaram as respectivas declarações entre 2003 e 2006. Assim, relativamente ao ano de 2003, foram detectados 34.023 contribuintes; em 2004, o número aumentou para 44.022 faltosos e em 2005 para 67.036.
Os números subiram nos últimos dois anos. Só em 2006, detectaram-se 117.922 faltosos para os quais a Administração Fiscal enviou cartas. Destes, e até final de 2007, 52.508 regularizaram a sua situação entregando a declaração de rendimentos, 9.175 justificaram a não entrega e 56.239 encontram-se ainda por regularizar.
3 - Detectadas 23.377 divergências na venda de casas entre 2004 e 2006
O Fisco detectou mais de 23 mil divergências entre os valores de venda de casas declarados pelos contribuintes e os valores resultantes da avaliação feita para efeitos de pagamento do IMT entre 2004 e 2006. Os valores encontrados correspondem a 14.140 relativos a contribuintes singulares e 9.237 relativos a empresas. As irregularidades foram encontradas através do cruzamento de informação entre a modelo 11 e a base de dados do IMT.