Caldeirão da Bolsa

Grupo investidor mostra interesse no BPN ao Banco de Portuga

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Grupo investidor mostra interesse no BPN ao Banco de Portuga

por Pata-Hari » 21/5/2008 8:15

Grupo investidor mostra interesse no BPN ao Banco de Portugal

20.05.2008, Cristina Ferreira e Vítor Costa


Enquanto se discute a liderança da SLN-BPN, Vakil, reformado do Banco de Portugal e fundador do Efisa, diz que o grupo está consolidado


Um grupo de investidores não europeus contactou o Banco de Portugal (BdP) para obter informações sobre uma eventual tomada de posição no capital do Banco Português de Negócios (BPN)-Sociedade Lusa de Negócios (SLN). A carta de intenções surge num momento em que o BdP está a acompanhar o processo de reestruturação grupo português, alvo nos últimos anos de sucessivas inspecções.
A entrada da carta no BdP ocorreu há cerca de dois meses e foi entregue por um advogado português, Leonel Gaspar, em representação do grupo de investidores. Com a sua missiva, o advogado terá procurado inteirar-se junto do supervisor bancário se este se oporia a que os seus clientes entrassem no capital do grupo (SLN-BPN) liderado por Abdool Vakil, e cujos accionistas já deram sinais de estar disponíveis para cederem as suas acções, ou encontrarem um parceiro estratégico, português ou estrangeiro. Contactado pelo PÚBLICO, o advogado esclareceu que "não comenta, aliás, como nunca o faz, assuntos envolvendo clientes do gabinete".
"O BdP deu-me conhecimento de que entrou uma carta", reconheceu ao PÚBLICO o presidente executivo (CEO) do BPN, quando questionado sobre o contacto realizado por Leonel Gaspar junto da autoridade. Vakil confirmou que o advogado já o "consultou", mas garante que "não há nada de concreto". E admite que os investidores têm origem em mercados não europeus, o que justificou a ida ao BdP. Abdool Vakil observou que o BPN-SLN tem sido sondado por vários investidores, com vista à sua aquisição. Entre eles, constatou, encontram-se capitais árabes e ainda o grupo de private equity Carlyle (ligado ao ex-embaixador dos EUA Franco Carlucci). O CEO diz que o interesse se deve ao facto de a instituição que dirige estar já consolidada, com cerca de 200 balcões.
A discussão à volta do futuro do grupo SLN-BPN surge a par das investigações que estão em curso, envolvendo o BdP, mas também a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que já esteve no banco a realizar uma auditoria prudencial à gestão de activos, para saber como são administrados os capitais. Já o Instituto de Seguros de Portugal está a olhar para as seguradoras BPN Vida e Real Seguros. Também o Ministério Público, no âmbito da operação Furacão (que junta BCP e BES), tem inquirido quadros superiores e accionistas, por alegadas práticas de crimes de branqueamento de capitais, irregularidades fiscais e ilicitudes no uso de off-shores.
Abertura equacionada
Vakil, que preside à super holding SLN (que controla o banco) e ao BPN, reconhece que a abertura do grupo a estrangeiros "já passou pela cabeça de muita gente", o que considera "normal". "Se calhar não é logo pela bolsa" - falou-se na dispersão de 49 por cento do capital -, podendo ser "através de um trade seller, para encontrar accionistas". O BPN "tem muitas virtualidades e pode interessar a estrangeiros que não estão cá no país", adiantando que neste momento "não existe nenhuma oferta" firme, embora, confirmou, alguns bancos já o tenham procurado.
Quando assim é, o que diz? "Que ainda não tenho condições para falar e para virem depois de Junho, pode ser que haja uma definição." Adianta, quando lhe perguntam se estão a pensar vender: "Digo-lhes que não. Podemos conversar como bons amigos, mas o banco não está à venda, nem estou mandatado para falar."

Redefinir estratégias
Com a assembleia geral da super holding (SLN) agendada para 30 de Maio, Vakil, que substituiu Oliveira e Costa em Fevereiro deste ano, garante: "Não vou propor nada [aos accionistas]. Primeiro tenho que perceber o que vai sair da reunião.[E] quem quer que seja nomeado para CEO, eu ou outro, há-de ter que pegar nisto, redefinir a estratégia e apresentar um plano aos accionistas." Neste momento, assegura, a sua prioridade é arrumar a casa, para permitir "uma clarificação da estrutura corporativa", com separação das áreas financeira da não financeira, uma solução que é exigida pelo BdP. O supervisor quer ver assegurada uma maior transparência nas relações accionistas e de negócio dentro da SLN-BPN.
Questionado sobre se o BPN tem condições para sobreviver num mundo global, e competitivo, como é o financeiro, Vakil lembrou que viveu em Londres, na City, num período "de revolução", que levou à constituição de grandes players bancários. Na altura "os pequenos juntaram-se". E, mais recentemente, adiantou, voltaram a aparecer "em Londres pequenas boutiques que trabalham em nichos de mercado". Um sector onde o BPN tem futuro: "Pode ser um banco que seja um nicho player, dando tratamento personalizado ao cliente." Todavia, considera que "isto só vai acontecer depois da assembleia geral". "O BPN não pode ser tudo para todos, mas pode ser alguma coisa para alguns. E sendo um banco com mais de 200 balcões, há produtos, designados normais, que podem chamar a atenção das pessoas, no quadro de uma estratégia de cross-selling", conclui.


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