
Apesar de eu ter a opinião que tenho sobre os preços actuais dos cereais, sei que a UE está longe de ficar isenta de culpas pelo que se passa.
Mas parece que em Bruxelas há quem ache que têm feito tudo bem e culpas só as dos outros...
Mas parece que em Bruxelas há quem ache que têm feito tudo bem e culpas só as dos outros...
UE debate crise alimentar
Comissão denuncia acção dos especuladores na espiral de preços.
Luís Rego, em Bruxelas
Num sinal do nervosismo com a crise alimentar e as suas consequências, a Comissão Europeia convidou ontem os líderes europeus a discutir a fundo o problema na cimeira dentro de um mês em Bruxelas, o que foi imediatamente aceite pela presidência eslovena. Numa comunicação coordenada por Durão Barroso, a Comissão lança o debate acusando os especuladores como uma parte central na espiral de preços, mas por outro lado modera o impulso com a meta de 10% em 2020 dos biocombustíveis em função dos progressos feitos ao nível da segunda geração (com base em produtos não alimentares).
“O objectivo nunca foi chegar aos nunca foi chegar aos 10% a qualquer preço”, concede o texto, condicionando a meta “à viabilidade comercial dos biocombustíveis de segunda geração”, algo que não está no horizonte. Vários organismos os internacionais, no quadro das Nações Unidas, defendem que a conversão de colheitas para combustíveis e não para a função alimentar também contribuiu para elevar preços, com o que a Comissão não concorda.
Esta comunicação surge no dia em que Bruxelas cumpre calendário com uma proposta de revisão pouco ambiciosa da Política Agrícola Comum que não vem responder directamente à crise, apesar de alguns elementos contribuírem para “mitigar” a subida de preços elevando a produção, como seja o aumento das quotas de leite ou o fim do pousio.
A crise alimentar pela alta de preços está a assumir proporções dramáticas de fome no mundo e tem sido origem de um conjunto de revoltas sociais em países tão distantes como Egipto, Peru ou Moçambique, representando o lado negro da globalização.
Se é consensual que as más colheitas na Austrália e EUA, o aumento da procura alimentar na Índia e China e o esgotamento de stocks ajudou à subida de preços, Bruxelas insiste nos especuladores. “Estas actividades [especulativas] conduziram a um aumento do movimento dos preços e volatilidade nos futuros” alimentando uma espiral inflacionista.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/ ... 25813.html