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MensagemEnviado: 2/6/2008 14:53
por Camisa Roxa
deixem lá estar a Portela que daqui a 200 anos ainda estará longe de esgotar eheh

MensagemEnviado: 2/6/2008 14:24
por limpaesgotos
limpaesgotos Escreveu:http://resistir.info/peak_oil/novo_aeroporto.html

Novo aeroporto de Lisboa e o preço do petróleo
por Luis Queiros [*]

Luís Queirós. Com o preço do barril de petróleo (WTI) a roçar os 120 dólares na Bolsa de Matérias-Primas de Nova Iorque, é urgente que se reveja os cenários e os custos – feitos num pressuposto de energia abundante e barata – que estiveram na base da decisão de construir Alcochete.

O sector do transporte aéreo tem crescido muito acima da economia global. De acordo com dados apresentados pelo comandante Cristopher Smith, da British Airways, nos últimos 10 anos o sector do transporte aéreo cresceu 2,4 vezes mais depressa do que o PIB mundial.

Cerca de 90% da energia utilizada nos transportes deriva directamente do petróleo. A dependência dos combustíveis líquidos derivados do petróleo é particularmente elevada – deve mesmo dizer-se total – no sector aeronáutico, pois não existem alternativas energéticas ao fuel usado nos aviões. Está fora de questão, num futuro próximo, a utilização de energia eléctrica ou nuclear para propulsionar aeronaves comerciais.

O fuel sintético já produzido na África do Sul a partir do carvão (CTL, coal to liquid ) não se mostra economicamente nem ambientalmente viável. Outras opções, como o etanol ou o biodiesel, têm fortes limitações técnicas relacionadas com a sua baixa densidade energética e com o seu comportamento físico nos intervalos de temperatura a que podem estar sujeitos.

A nível mundial consome-se diariamente cinco milhões de barris de petróleo na aviação comercial, o que equivale a cerca de 15 vezes o consumo de Portugal. Um tal volume corresponde a cerca de 6% do consumo mundial de petróleo e só é superado pelo consumo individual de três países (EUA, China e Japão). Num cenário de business as usual, os crescimentos previstos para o sector aeronáutico nos próximos anos, que é o mesmo que dizer para o tráfego aéreo, indicam que a procura de fuel irá aumentar acima da média mesmo que se encontrem formas de optimizar os consumos, redesenhando rotas, segmentando percursos – longos percursos exigem mais combustível, logo, maior peso e maior consumo na descolagem – ou mesmo produzindo novos tipos de aviões.

Mas é hoje uma opinião consensual que a maior ou menor disponibilidade de um combustível líquido derivado do petróleo, relativamente barato e adequado à aviação, terá fortes implicações no futuro do transporte aéreo e nos sectores da economia que lhes estão associados.

Até agora a produção de petróleo respondeu à procura sempre crescente. Contudo, sendo o petróleo um recurso limitado e por isso esgotável, a grande questão é saber como se vai comportar a curva de abastecimento, no futuro, para responder ao acréscimo de procura.

Entretanto, surgem um pouco por toda a parte sinais preocupantes: os EUA, desde 1970, deixaram de ser auto-suficientes, entraram em declínio de produção e já importam 60% do petróleo que consomem; a Noruega e o Reino Unido já estão a retirar cada vez menos petróleo do Mar do Norte (este, auto-suficiente nas últimas décadas, já teve de recorrer a importações em 2006!); no México, a jazida de Cantarel, a segunda maior conhecida no mundo, está em rápido esgotamento e este ano já produzirá menos 400.000 barris por dia do que no ano passado.

Países de economias emergentes, como a China e a Índia, estão a aumentar o consumo e a importar cada vez mais petróleo e os novos produtores (Angola, Ásia Central, Brasil) parecem não chegar para compensar as perdas devidas às decrescentes produções de outras fontes e são igualmente insuficientes para responder ao aumento da procura.

É certo que existem recursos abundantes daquilo a que se chama petróleo não convencional ( deep water, areias e xistos betuminosos do Canadá e Venezuela, exploração de zonas polares, produção a partir do carvão – coal to liquid ), mas com custos de produção bem mais elevados, prazos de exploração pouco confortáveis e implicações ambientais assinaláveis.

A generalidade dos analistas, já contabilizadas todas as formas de produção incluindo os biocombustíveis, prevê que a breve prazo haverá um desajustamento entre a procura e a oferta de petróleo a nível global. Os mais pessimistas (Colin Campbell, Matt Simmons, Deffeyes) falam em dois a cinco anos e os mais optimistas (CERA – Cambridge Energy Reserach Associates, EIA – Energy International Administration) admitem que isso só acontecerá daqui a duas ou três décadas. Contudo todos são unânimes em que o desajustamento acontecerá mais cedo ou mais tarde.

Grandes projectos com custos energéticos de construção avultados ou sujeitos a forte impacto energético na sua exploração têm de ser avaliados também nesta perspectiva. Ainda há meses, a propósito de uma notável conferência sobre o tema "The low carbon economy", proferida por David Miliband, na altura ministro inglês do Ambiente que alguns chegaram a apontar como o provável sucessor de Tony Blair, alguém questionava a oportunidade de investimentos como a construção ou ampliação de aeroportos.

O novo aeroporto de Lisboa entrará em funcionamento, na melhor das hipóteses em 2017, e isso, tudo o indica, acontecerá num cenário de grande penúria energética. Tal irá certamente motivar fortes aumentos de preços dos combustíveis que afectarão os custos de construção e irão alterar de forma significativa as previsões de evolução do número de passageiros e, consequentemente, do número de voos.

Reavaliar será, neste caso, sinónimo de sensatez.


http://resistir.info/peak_oil/novo_aeroporto.html

Cumprimentos.



http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_d ... news=99739

IATA prevê perdas 1,5 mil M€ no sector aéreo devido ao fuel

A indústria mundial de transporte aéreo deverá registar perdas de 1,5 mil M€, em 2008, segundo projecção da IATA considerando custos de fuel com o preço médio do brent nos 106,5 dólares/barril.
A previsão da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) foi divulgada esta segunda-feira, por Giovanni Bisignani, no segundo dia da 64ª assembleia-geral anual da organização, que se realiza até amanhã, em Istambul (Turquia).

A previsão de perdas compara com a projecção anterior de um lucro de 4,5 mil milhões de dólares, estimados em Março, com base num preço médio de 86 dólares/barril.

A factura total do sector - com o barril de brent a 106,5 dólares - deverá ascender a 176 mil milhões de dólares, ou seja 34% dos custos de operação previstos para 2008. O gasto estimado compara com um peso de 13% nos custos de 2002 e representa um acréscimo de 40 mil milhões de dólares face aos valores de 2006, segundo a organização que já não sabe onde poderá cortar mais para compensar a crise gerada com a alta do petróleo.

Nos últimos seis anos, o sector melhorou a eficiência em 19%, tendo reduzido os custos não relacionados com combustíveis em 18%.
Por cada dólar de incremento no preço do fuel, «os nossos custos crescem 1,6 mil milhões de dólares», diz Bisignani, director geral e CEO da IATA na cimeira mundial do transporte aéreo (WATS), numa nota de imprensa.

http://diariodigital.sapo.pt/dinheiro_d ... news=99739

Cumprimentos.

MensagemEnviado: 14/5/2008 0:59
por Jiboia Cega
PIKAS,

Vejo que tens conhecimentos técnicos relevantes na área. Por curiosidade, qual é a tua ligação à aviação?

Eu não tenho tantos conhecimentos técnicos mas tenho alguns económicos ligados à aviação. Concordo com algumas coisas que disseste, com outras nem tanto.

Relativamente a um aeroporto regional na zona de Fátima, ele deixaria de fazer qualquer sentido se o projecto Ota tivesse ido avante. Assim, penso que será sempre uma hipótese a ter em conta.

Se a melhor solução é na Giesteira, em Monte Real ou noutra localizaçãonão sei dizer, não tenho formação suficiente para o poder aferir. Quanto à sua construção, o mais natural é ser iniciativa privada e aqui a instituição Igreja não é descabida.

É certo que haverá muitos custos a ter em conta, uns imprescindíveis outros nem tanto. A tipologia de um aeroporto rentável nesta situação teria que ser verdadeiramente low cost, pois as companhias que poderiam ser atraídas seriam apenas estas. Ninguém vá pensar que uma companhia de bandeira poderia operar regularmente para Fátima, tirando um ou outro voo charter.

A título de exemplo, dou o santuário de Czestochowa na Polónia que está rodeado por 4 aeroportos, todos a cerca de 80-100 km de distância. Inclusivé o de Katowice fica a 40 km de Cracóvia, a segunda cidade polaca.

No fundo, o que é preciso é ajustar o aeroporto à realidade regional e ao tipo de tráfego que se pretende atrair. Já aqui o disse e repito que o melhor trabalho em Portugal nesse aspecto foi feito pelo aeroporto do Porto. Não é por acaso que é considerado o melhor aeroporto regional da Europa. E é assim que temque continuar a crescer. O Porto não precisa de voos intercontinentais a sair uma vez por dia (?), assim como Fátima não precisa da TAP, da Iberia ou da BA. Precisa sim de low cost porque o que as low cost precisam é de aeroportos assim.


Um abraço
Jibóia

MensagemEnviado: 13/5/2008 22:39
por silvaxico
PIKAS Escreveu:Em termos de navegação, a pista da giesteira é péssima para quem teria que fazer cones de aproximação longos, sendo impossivel a aproximação sul e creio que a orientação da pista é lateral aos ventos predominantes, o que invalida aterragens seguras a não ser que se faça pilotagem manual de arrasto, ou seja, descer com o avião a voar de lado.


Uma das hipóteses estudadas (a mais cara, dos 80 milhões de euros) muda a pista cerca de um km para Norte para reduzir os problemas de aproximação.

MensagemEnviado: 13/5/2008 22:23
por PIKAS
Barra:

Não há problema, não estou exaltado.
O que o Estado poderia pretender deste projecto era apenas desinvestir que é o que tem estado ( a ANA e a NAV ) a fazer, exceptuando a Portela e o Sá Carneiro.
Mesmo Santa Maria, que é de importância capital para a travessia do atlântico, está a deixar muito a desejar por falta de investimento da NAV.
Quanto à UE para eles é uma questão irrelevante. Mesmo Alcochete têm apenas algum interesse já que claramente dão a entender a preferência por Barajas. E só não o deitam abaixo porque passará a ser o maior aeroporto de um estado-membro e o que serve a sua capital.
Claro que sempre há para aí uns programas regionais comunitários onde se poderá ir buscar uns trocos, mas para operar low-cost é preciso dinheiro e não trocos. E a igreja não entrará nisso, já que é um investimento de muito alto risco.
É claro que a exploração rende muito dinheiro mas talvez com 30 ou 40 movimentos/hora ou mais e 10 ou 15 milhões de passageiros/ano a coisa já é rentável. Menos que isso é um sorvedouro de dinheiro. Fátima, a região centro nunca teria tal dimensão.
Em termos de navegação, a pista da giesteira é péssima para quem teria que fazer cones de aproximação longos, sendo impossivel a aproximação sul e creio que a orientação da pista é lateral aos ventos predominantes, o que invalida aterragens seguras a não ser que se faça pilotagem manual de arrasto, ou seja, descer com o avião a voar de lado. E depois há as condições atmoféricas em pleno inverno que pelo facto de ser serra não devem ser nada boas.
A haver um aeroporto na zona centro, que não me parece viável, nunca seria ali.
E ainda bem para os que lá moram. Uma das coisas que eu não queria na minha área de residência é um aeroporto. Barulho e particulas de combustível queimado dispenso.

Cumprimentos

MensagemEnviado: 13/5/2008 21:00
por Barra
Calma PIKAS,

Eu apenas referi que estava e acordo e reafirmo.
Não tenho dúvidas sobre as potencialidades de tal decisão.

Relativamente ao finaciamento do mesmo, claro que tería de ser maioritariamente ou totalmente suportado por dinheiros privados. Talvez a própria Igreja Católica (Santuário de Fátima)fossem os principais interessados nisso.
A exploração de um aeroporto rende muito dinheiro, apesar dos custos de investimento. Este a longo prazo torna-se rentável.
Mas esta discussão dependería em muito do que o Estado Português e a UE pretenderíam desse aeroporto.

MensagemEnviado: 13/5/2008 19:55
por carf2007
Que me desculpem os catolicos, mas já imaginaram se um dia cai um aviao nesse aeroporto e não morre ninguem !

:twisted:

MensagemEnviado: 13/5/2008 19:45
por limpaesgotos
http://resistir.info/peak_oil/novo_aeroporto.html

Novo aeroporto de Lisboa e o preço do petróleo
por Luis Queiros [*]

Luís Queirós. Com o preço do barril de petróleo (WTI) a roçar os 120 dólares na Bolsa de Matérias-Primas de Nova Iorque, é urgente que se reveja os cenários e os custos – feitos num pressuposto de energia abundante e barata – que estiveram na base da decisão de construir Alcochete.

O sector do transporte aéreo tem crescido muito acima da economia global. De acordo com dados apresentados pelo comandante Cristopher Smith, da British Airways, nos últimos 10 anos o sector do transporte aéreo cresceu 2,4 vezes mais depressa do que o PIB mundial.

Cerca de 90% da energia utilizada nos transportes deriva directamente do petróleo. A dependência dos combustíveis líquidos derivados do petróleo é particularmente elevada – deve mesmo dizer-se total – no sector aeronáutico, pois não existem alternativas energéticas ao fuel usado nos aviões. Está fora de questão, num futuro próximo, a utilização de energia eléctrica ou nuclear para propulsionar aeronaves comerciais.

O fuel sintético já produzido na África do Sul a partir do carvão (CTL, coal to liquid ) não se mostra economicamente nem ambientalmente viável. Outras opções, como o etanol ou o biodiesel, têm fortes limitações técnicas relacionadas com a sua baixa densidade energética e com o seu comportamento físico nos intervalos de temperatura a que podem estar sujeitos.

A nível mundial consome-se diariamente cinco milhões de barris de petróleo na aviação comercial, o que equivale a cerca de 15 vezes o consumo de Portugal. Um tal volume corresponde a cerca de 6% do consumo mundial de petróleo e só é superado pelo consumo individual de três países (EUA, China e Japão). Num cenário de business as usual, os crescimentos previstos para o sector aeronáutico nos próximos anos, que é o mesmo que dizer para o tráfego aéreo, indicam que a procura de fuel irá aumentar acima da média mesmo que se encontrem formas de optimizar os consumos, redesenhando rotas, segmentando percursos – longos percursos exigem mais combustível, logo, maior peso e maior consumo na descolagem – ou mesmo produzindo novos tipos de aviões.

Mas é hoje uma opinião consensual que a maior ou menor disponibilidade de um combustível líquido derivado do petróleo, relativamente barato e adequado à aviação, terá fortes implicações no futuro do transporte aéreo e nos sectores da economia que lhes estão associados.

Até agora a produção de petróleo respondeu à procura sempre crescente. Contudo, sendo o petróleo um recurso limitado e por isso esgotável, a grande questão é saber como se vai comportar a curva de abastecimento, no futuro, para responder ao acréscimo de procura.

Entretanto, surgem um pouco por toda a parte sinais preocupantes: os EUA, desde 1970, deixaram de ser auto-suficientes, entraram em declínio de produção e já importam 60% do petróleo que consomem; a Noruega e o Reino Unido já estão a retirar cada vez menos petróleo do Mar do Norte (este, auto-suficiente nas últimas décadas, já teve de recorrer a importações em 2006!); no México, a jazida de Cantarel, a segunda maior conhecida no mundo, está em rápido esgotamento e este ano já produzirá menos 400.000 barris por dia do que no ano passado.

Países de economias emergentes, como a China e a Índia, estão a aumentar o consumo e a importar cada vez mais petróleo e os novos produtores (Angola, Ásia Central, Brasil) parecem não chegar para compensar as perdas devidas às decrescentes produções de outras fontes e são igualmente insuficientes para responder ao aumento da procura.

É certo que existem recursos abundantes daquilo a que se chama petróleo não convencional ( deep water, areias e xistos betuminosos do Canadá e Venezuela, exploração de zonas polares, produção a partir do carvão – coal to liquid ), mas com custos de produção bem mais elevados, prazos de exploração pouco confortáveis e implicações ambientais assinaláveis.

A generalidade dos analistas, já contabilizadas todas as formas de produção incluindo os biocombustíveis, prevê que a breve prazo haverá um desajustamento entre a procura e a oferta de petróleo a nível global. Os mais pessimistas (Colin Campbell, Matt Simmons, Deffeyes) falam em dois a cinco anos e os mais optimistas (CERA – Cambridge Energy Reserach Associates, EIA – Energy International Administration) admitem que isso só acontecerá daqui a duas ou três décadas. Contudo todos são unânimes em que o desajustamento acontecerá mais cedo ou mais tarde.

Grandes projectos com custos energéticos de construção avultados ou sujeitos a forte impacto energético na sua exploração têm de ser avaliados também nesta perspectiva. Ainda há meses, a propósito de uma notável conferência sobre o tema "The low carbon economy", proferida por David Miliband, na altura ministro inglês do Ambiente que alguns chegaram a apontar como o provável sucessor de Tony Blair, alguém questionava a oportunidade de investimentos como a construção ou ampliação de aeroportos.

O novo aeroporto de Lisboa entrará em funcionamento, na melhor das hipóteses em 2017, e isso, tudo o indica, acontecerá num cenário de grande penúria energética. Tal irá certamente motivar fortes aumentos de preços dos combustíveis que afectarão os custos de construção e irão alterar de forma significativa as previsões de evolução do número de passageiros e, consequentemente, do número de voos.

Reavaliar será, neste caso, sinónimo de sensatez.


http://resistir.info/peak_oil/novo_aeroporto.html

Cumprimentos.

MensagemEnviado: 13/5/2008 19:39
por silvaxico
PIKAS Escreveu:Silvaxico escreveu:
Se for para ter investimento público acho bastante melhor abrir ao público a pista da base de Monte Real. É uma pista de 3 Km que já está feita...

A Base Aérea de Beja pode-se considerar superior(?) a Monte Real e faça favor de ver quanto está a custar ao erário público a vertente de aeroporto civil? 100 milhões de euros? Apenas a construção, porque depois na operação, apesar de alguns custos divididos com a Força Aérea, são muitos mais milhões anuais.

Cumprimentos


Não conheço em detalhe as duas bases aéreas (Monte Real e Beja). De qualquer forma, parece-me que em termos de utilidade, a abertura ao tráfego civíl da base de Monte Real teria um público alvo bastante superior ao eventualmente captado pela base de Beja. Monte Real serviria Leiria e Coimbra e toda a zona oeste (pela A8 e A17). Um aeroporto na Giesteira servirá o mesmo público.

Será que os autores do estudo se esqueceram dos custos de certificação da pista? A isso também não consigo responder, será uma questão de ter acesso ao estudo...

Mas tenho poucas dúvidas de que há mercado para um aeroporto regional (para low-cost) no centro do País. Actualmente paga-se mais para chegar ao aeroporto do que pela viagem propriamente dita...

MensagemEnviado: 13/5/2008 17:23
por PIKAS
Barra escreveu:
Somos um país com poucos recursos a todos os níveis, portanto há que saber explorar os existentes.

A razão para isto ser apenas uma ideia peregrina de um presidente de Câmara, ideia completamente idiota, é justamente o facto de sermos um País com poucos recursos. Aliás, países com muitos mais recursos não entram nestas palhaçadas. Senão, vejamos:

- Vamos desde já excluir os aviões de longo curso e EWB, os que transportam 300 ou mais passageiros, tipo A-330/340, B747 ou 777 porque é óbvio.

- um aeroporto para aviões de médio curso ( Boeing 737, A-320,etç, isto é, os tais que transportam cerca de 200 pax ) para ser operado tem obrigatóriamente que estar de acordo com as muito severas regras da ICAO e da IATA. A giesteira, por muito melhorada que fosse, dificilmente reuniria essas condições e essas melhorias custariam largas centenas de milhões de euros: 500 milhões, 800 milhões, 1.000 milhões???? Quem paga? E isto é só a preparar a infra-estrutura aero-portuária. Depois há a operação. Controlo de tráfego áreo, segurança aeroportuária ( policiamento e serv. de socorros ), serviços alfandegários, manutenção de escala das aeronaves, combustíveis, catering, etç, etç, etç...
São milhões e milhões de euros de custo. Pois é, mas os aviões pagam taxas, coisa e tal... Pois é, mas quantos movimentos serão processados por dia? 10 ou 20? e os custos serão repercutidos só nestes? isto é, as companhias irão pagar vários milhares de euros por aterragem? claro que não vão e não pagarão mais do que pagam em Lisboa ( e mesmo assim a tabela já está alta, levando inclusivé algumas companhias a ameaçar, a Lufthansa por exemplo, que deixará de voar para Lisboa ). Aterrar em Madrid custa apenas 72% do gasto realizado em Lisboa.

- Os aviões das low-cost são todos deste género e as companhias de bandeira também os operam.

- Está bem. Faz-se uma " coisa " mais assucatada, fora das regras, tipo desenrrasca do nacional-porreirismo, e pelos nossos lindos olhos vamos ter movimentos. Claro que não vamos, porque não há companhia nenhuma que opere em infra-estruturas não certificadas. Há muitos e óbvios motivos, inclusivé até porque os seguros não aceitam responsabilidades. E quem é que vai fazer aterrar ou descolar um avião de milhões de euros, ainda por cima cheio de passageiros, sem seguro que cubra qualquer imprevisto? E os passageiros sentir-se-ão confortáveis nesta situação, isto é, no " deserto " sem hospitais, sem nada???

- Pronto. Então senão dá para médio curso, faz-se algo para aviões pequenos. Há menos obrigações, mas ainda há custos elevados de operação: segurança da infra-estrutura, serviço de socorro, alfândega, manutenção e combustíveis, etç, etç... Depois, cada avião traz 8 ou 10 passageiros endinheirados porque este género de viagens são extremamente caras. Há assim tantos ricos a querem visitar Fátima???? Para se colocar 200 visitantes em Fátima enche-se a placa do aeroporto com aeronaves estacionadas. Por tão poucos visitantes vale a pena?

Moral da história: se querem mais " elefantes brancos " arranjem mais estádios de futebol porque os que custaram milhões e estão às moscas ainda não chegam.
A giesteira serve apenas para os aviões ligeiros de combate a incêndios, enquanto a base de Ponte de Sôr não estiver a 100%. A partir daí, estes vão-se embora e a pista dará para as acelerações do pessoal do " tunning ", nada mais que isso.

Silvaxico escreveu:
Se for para ter investimento público acho bastante melhor abrir ao público a pista da base de Monte Real. É uma pista de 3 Km que já está feita...

A Base Aérea de Beja pode-se considerar superior(?) a Monte Real e faça favor de ver quanto está a custar ao erário público a vertente de aeroporto civil? 100 milhões de euros? Apenas a construção, porque depois na operação, apesar de alguns custos divididos com a Força Aérea, são muitos mais milhões anuais.

Cumprimentos

MensagemEnviado: 13/5/2008 7:21
por silvaxico
Para mim, desde que o investimento seja privado, tudo bem.

Se for para ter investimento público acho bastante melhor abrir ao público a pista da base de Monte Real. É uma pista de 3 Km que já está feita...

Concordo com o alargamento da pista para Norte

MensagemEnviado: 12/5/2008 23:26
por Barra
Concordo com o alargamento da pista da Giesteira para Norte (para Sul não senão dão cabo da Serra D´aire).

Cada vez mais o turismo religioso ganha uma importância maior no nosso país e no mundo.
Há que saber tirar partido disso mesmo.
Fátima está no Centro do país e pode ser aglutinadora de grandes fluxos de passageiros que pretendem deslocar-se para toda a região e não só.

Somos um país com poucos recursos a todos os níveis, portanto há que saber explorar os existentes.

Novo aeroporto em Fátima

MensagemEnviado: 12/5/2008 22:57
por silvaxico
Aqui está um tipo de Portela+1 que me agrada...

Fátima, Santarém, 12 Mai (Lusa) - O futuro aeroporto regional de Fátima vocacionado para aviões de média dimensão vai custar 80 milhões de euros, uma verba recuperável em 30 anos, refere um estudo técnico hoje divulgado.

Na apresentação do relatório preliminar do estudo de viabilidade desta infra-estrutura, Rogério Pedro, director regional da empresa de consultoria Proplano, explicou que a nova pista é "técnica e financeiramente viável", mas o prazo de execução irá depender do tipo de apoios estatais.

O projecto será candidato a fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) mas, mesmo sem qualquer apoio, o investimento será recuperado em 33 anos, disse este responsável.

Em cima da mesa estão duas hipóteses de ampliação da actual pista, com cerca de 1.500 metros para 2.400 de modo a receber aviões de médias dimensões, como o Airbus 320 ou o Boeing 737, com capacidade até 170 lugares.

Uma é mais simples, ampliando a actual pista, mas um dos limites ficará demasiado próximo da serra de Aire, um constrangimento técnico que irá dificultar a aproximação sul das aeronaves.

Outra das soluções, que é a defendida pela Proplano, é a construção de uma nova pista - aproveitando apenas metade da actual - ampliando a infra-estrutura existente para norte, e afastando-a dos cabeços serranos.

A futura pista teria uma dimensão semelhante à de Faro, capaz de acolher tráfego low-cost e voos charters, estimando-se um "horizonte de um milhão de passageiros por ano".

Para o coordenador do grupo de estudo técnico, Álvaro Órfão, existe "mercado" para esta infra-estrutura, faltando agora garantir "viabilidade política" para o projecto, com apoios comunitários, mas também "parcerias financeiras" de privados.

Álvaro Órfão recordou que dos principais santuários da Europa (Czestochowa, Lourdes e Fátima) só o português é que não tem um aeroporto próximo.

A nova pista iria funcionar apenas durante o período de dia, de modo a salvaguardar a tranquilidade do local.

Apesar deste optimismo, o reitor do Santuário, Luciano Guerra, é mais céptico, defendendo um aeroporto mais afastado da instituição para preservar a tranquilidade dos peregrinos.

"A nossa posição é muito simples: tudo o que aproxime os peregrinos a Fátima é positivo" mas "é necessário que não transtorne o ambiente de Fátima".

"Penso que a distância a que está a pista da Giesteira é demasiado próxima (quatro quilómetros) e acabaria por perturbar", disse, defendendo uma distância "pelo menos a dez quilómetros do Santuário", afirmou.

Em resposta a esta crítica, David Catarino, presidente da Câmara de Ourém, recordou que a "autoridade administrativa não pode decidir com base em palpites" e o estudo conclui que "o ruído não é um elemento de perturbação".

O estudo custou cerca de 40 mil euros num projecto, que envolve a autarquia, a Região de Turismo Leiria/Fátima, empresários locais e o proprietário do actual aeródromo de Fátima.

A decisão de avançar com este estudo foi tomada em Setembro do ano passado, já que a actual pista da Giesteira foi apontada como destino de voos turísticos a partir do Vaticano e de outros pontos da Europa.

A atractividade de Fátima nos mercados turísticos internacionais levou várias entidades locais a criarem um grupo de trabalho, até porque da parte do proprietário existe disponibilidade para alienar (parte dos seus direitos) a uma sociedade que venha a gerir o equipamento.

A nova sociedade irá ressarcir o proprietário, que irá também fazer parte do projecto, e terá a responsabilidade pelas intervenções futuras.

Os voos low-cost a partir do Vaticano são uma ideia que nasceu a partir de uma nova companhia do género sedeada na Itália e que quer apostar no turismo religioso.

Com a sua construção iniciada na década de 1980, o aeródromo da Giesteira tem sido objecto de polémica devido a constantes problemas burocráticos levantados, mas que agora parecem estar sanados, pelo menos ao nível local.