CALDEIRÃO DE BOLSA

Para tornar isto mais prático (como eu realmente gosto), recorri ao Relatório de Contas do BCP do primeiro semestre. Aqui vai:

Capitais Próprios:
- Capital "Core": 3.116M EUR (pelo que percebi inclui capital próprio e resultados transitados)
- Acções Preferenciais: 803M EUR

Activos: de um total de 85.671M EUR, consideraram como "riscos ponderados", 57.732M EUR.
Pelo meu entendimento, ponderam a 100% a "Caixa e disponibilidade em Bancos centrais" e vêm por aí a baixo (a ponderação dos créditos a clientes devem ser ponderados em função do risco do próprio cliente, por exemplo).

Assim, temos:
Core tier 1 = 3116 / 57.723 = 5,397%
Tier 1 = (3116+803)/ 57.723 = 6,789%

Fibo

Fibonacci Escreveu:Do outro lado tens todos os activos, ponderados em função do risco. Os activos que são considerados sem risco estão a 100%. Activos com mais risco, estarão ponderados com taxas inferiores.

Penso que será ao contrário, quanto maior o risco maior a ponderação, pois dessa maneira o denominador da fracção será maior e o indicador diminui.

Penso também que nem todos os activos farão parte, não serão apenas os activos "Empréstimos"?

De qualquer forma, continuo sem saber como afecta o tier
Por aquilo que sei de contabilidade geral, as obrigações aumentam o passivo e o activo.
Ora o passivo não entra para as contas.
E o activo (mesmo que entrasse todo o activo) teria um efeito negativo (maior denominador-->tier menor)...

Enfim pode ser que encontre um dia desses um bom artigo

[quote="BIS]Tier one capital is capital without any (or very few) strings attached.
Basically it contains the banks equity (Issued and fully paid ordinary shares/common stock and non-cumulative perpetual preferred stock, excluding cumulative preferred stock). Additionally some forms of mezzanine capital with properties like equity, can be recognised as tier one capital by your central bank.[/quote]

Esta é a definição do BIs para o capital tier 1.
Considera a situação líquida. Acções ordinárias, acções preferenciais e resultados transitados.
Para o capital tier2 e tier3 começam a ser considerados mais capitais: reservas,...

Do outro lado tens todos os activos, ponderados em função do risco. Os activos que são considerados sem risco estão a 100%. Activos com mais risco, estarão ponderados com taxas inferiores.

De qualquer forma, o que indiquei acima não estará correcto. O que indiquei aplicar-se-ia no caso de venda de um veículo ABS - Asset Bank Security, em que passam o risco efectivamente para outra instituição. Neste caso, o risco mantém-se na instituição.

Mesmo assim, o impacto do lado dos activos mexe com o rácio de solvabilidade. O impacto não é muito mas mexe alguma coisa.

Fibo

As obrigações hipotecárias são um instrumento financeiro incluído nas internacionalmente denominadas covered bonds, ou seja, obrigações em que o serviço da dívida é assegurado por uma carteira de activos específica em lugar do património total da sociedade mutuária. A característica mais importante destas obrigações é o seu baixo risco, baseado no privilégio creditório de que gozam os seus titulares relativamente aos activos de suporte

Aqui está uma definição de obrigações hipotecárias.

De qualquer maneira, ainda não percebi algumas coisas coisas:
1 - Qual a formula do tier1?
--> por um lado são capitais com características liquidas (capital dos accionistas + resultados transitados)?
---> por outro os activos com risco (e não o total do activo)? Activos com risco nos bancos serão os empréstimos.

2 - De que forma emitir dívida titulada por obrigações faz aumentar o tier?
aumenta o passivo e aumenta o activo (com a entrada do dinheiro)

estão aqui 3 link para sítios relacionados com o tier e Basel:
http://bis2information.org/content/Principles_Of_Regulatory_Capital
http://www.bis.org/
http://en.wikipedia.org/wiki/Basel_II

Exacto serrano,

Mas as obrigações referidas são obrigações hipotecárias. Não é uma forma de financiamento "normal".

Neste caso, as obrigações emitidas permitem libertar activos do banco: empréstimos concedidos para a aquisição de habitação.
Ou seja, pegam num conjunto de empréstimos de clientes e repassam, sob a forma de obrigações, para institucionais que estejam interessados.


Pelo menos, é esse o meu entendimento... não tenho 100% de certeza desta visão...

Fibo

As obrigações são passivo e não capital próprio, pelo que não melhores os indicadores de autonomia financeira... TIER

Obrigado Fibonacci e boa sorte.

Ffesteiro,

Sim. Têm algum impacto mas não é extremamente relevante.

O Tier1 calcula-se como:
Capital Próprio (inclui capital próprio + acções preferenciais + resultados transitados) / Activos.

No entanto, a rubrica de activos é ponderada pelo risco que cada activo tem. Por exemplo, os depósitos têm risco zero.

No caso das emissões indicadas por ti, estão a tirar o balanço activos (nesse caso empréstimo à habitação) que têm uma ponderação ainda penalizadora.

Mas as alterações de peso nos rácios só mesmo através de aumentos de capital.

Fibo

Saudações cordiais.
Agradecia que me informassem se o dinheiro resultante da emissão de obrigações como o que BES fez e BCP anunciou que irá fazer, se servem para melhorar os ratios tipo "tier".
Obrigado e bons negócios.