Novo juro devolve atractividade
Certificados de aforro
Um ano depois da introdução dos novos certificados de aforro, o Governo alterou este popular produto de poupança. Após a vaga de resgates dos últimos meses, os juros e prémios de permanência mais elevados voltam a fazer dos certificados um solução atractiva no longo prazo
--------------------------------------------------------------------------------
Jornal de Negócios Online
negocios@negocios.pt
Um ano depois da introdução dos novos certificados de aforro, o Governo alterou este popular produto de poupança. Após a vaga de resgates dos últimos meses, os juros e prémios de permanência mais elevados voltam a fazer dos certificados um solução atractiva no longo prazo
A actualização efectuada em Janeiro de 2008 ao regime dos certificados de aforro, que deu origem à Série C, provocou uma fuga de capital deste produto de poupança. Milhões de euros que o Governo tenta agora recuperar com uma nova intervenção, apresentando uma fórmula de cálculo menos penalizadora e prémios de permanência mais atractivos. Mas será esta uma boa opção para o seu dinheiro?
Para quem procura rendibilizar as poupanças e evitar riscos, os certificados de aforro são uma boa opção, especialmente agora que o aforrador deixa de sofrer uma penalização na taxa, logo à partida. A principal alteração anunciada na sexta-feira, está no facto de os 0,25 pontos percentuais que antes eram retirados à taxa base de 85% da Euribor a três meses, serem agora adicionados. Isto traduz-se num aumento de 50 pontos base da remuneração.
A partir de hoje, os subscritores dos certificados da Série C já vão beneficiar do novo cálculo dos juros
Ao mesmo tempo, os prémios de permanência foram aumentados em 25 pontos base entre o segundo e o oitavo anos. Mantém-se, no entanto, o máximo de 2,5%, no décimo e último ano da maturidade deste investimento.
Comparando com as anteriores condições dos novos certificados, com a actualização que entrou já ontem em vigor, numa aplicação a dez anos verifica-se um aumento da rendibilidade dos certificados de aforro de 8%. Um investimento de 5.000 euros gera, agora, um retorno líquido de impostos de 1.237 euros, o que compara com os 1.146 euros anteriores. Ou seja, são mais 91 euros.
Mas terão as alterações sido suficientes para tornar os certificados um bom investimento face às alternativas de baixo risco? No curto prazo, não. É que, apesar da revisão positiva, são um investimento dependente da evolução das Euribor, taxas que, desde Outubro, têm vindo a recuar consecutivamente, reflectindo os cortes de juros do Banco Central Europeu. A taxa de juro líquida para as novas subscrições em Março será de 1,499%, acima da inflação, mas abaixo das melhores taxas praticadas nos depósitos a prazo até um ano, que chegam a superar os 3%.
Na verdade, a lógica de investimento nos certificados de aforro é de longo prazo. E o novo cálculo do juro restitui-lhes competitividade. A simulação a cinco anos efectuada pelo Negócios, comparando os certificados com o depósito da Caixa Geral de Depósitos, o "Caixa Aforro", revela a primazia do produto do Estado.
O mesmo já não acontece quando a comparação é feita com outros produtos de investimento de baixo risco. Os seguros de capitalização, produtos de poupança a médio e longo prazo com garantia de capital, apresentam uma rendibilidade bem mais atractiva. Neste caso, o Negócios considerou a evolução passada do seguro de capitalização com melhor desempenho, o "Montepio Remuneração Anual", o que não é garante de ganhos futuros.
Há fundos de obrigações a apresentar também retornos mais aliciantes do que os novos certificados de aforro, mas com risco de perda de capital. O retorno do melhor fundo desta classe nos últimos cinco anos proporcionaria a melhor rendibilidade de todos os produtos analisados.
Melhor que os depósitos no longo prazo simulação para €5.000
Os certificados de aforro deverão voltar a ganhar alguma atractividade juntos dos investidores. As alterações introduzidas pelo Governo na fórmula de cálculo do juro e nos prémios de permanência vêm aumentar a rendibilidade deste produto de poupança. O Negócios comparou a nova Série C com outras aplicações de longo prazo e baixo risco. Os seguros de capitalização apresentam ganhos líquidos mais elevados a cinco anos, para um montante de 5.000 euros, com uma taxa líquida de impostos de 2,17% ao ano. Já o retorno do depósito a prazo da Caixa Geral de Depósitos, um dos poucos depósitos de longo prazo comercializados pelos principais bancos a operar em Portugal, proporciona um rendimento inferior aos certificados. Para os investidores que possam arriscar a perda do capital, as obrigações são a solução mais vantajosa, se acertar nos melhores fundos.
JN