JAM Escreveu:E se o recurso humano de B não conseguir render o suficiente por ineficiência das condições de A?
Fábrica e plantações agrícolas? Estamos a falar de Portugal ou da China. É que em Portugal as fábricas representam uma parcela importante da economia portuguesa e do emprego, as plantações agrícolas nem por isso.
Eu sonho ver uma europa sem industria, só com serviços, acho que na altura irão acabar os salários biaxos e a exploração e o desemprego

resta saber é se vai haver serviço para tanta gente e se vai haver tanta gente a comprar tanto serviço
O rendimento do recurso é relevante apenas no sentido de A o sentir como uma mais valia ou não. Se sentir vai continuar a querer estar com ele se achar que não rende dispensa. Não interessa realmente de quem é a culpa se bem que se for feita uma gestão cuidada e se a conclusão a que se chega é falta de condições de trabalho obviamente que um mercado eficiente fará com que estas condições subam ou que a empresa sofra.
Em relação a plantações e fabricas estou a falar de uma forma genérica (a produtividade mede-se da mesma maneira em todo o globo). Um recurso que planta 50 batatas vale menos do que um que planta 100 batatas isto não quer dizer que o que planta 100 trabalha mais obviamente, simplesmente pode ter um tractor melhor (estou a mandar bocas para o ar, nem sei se usam tractores para plantar batatas

) De qualquer das formas a agricultura na UE nunca será um bom exemplo devido à desvirtualização do mercado resultante dos subsidios de bruxelas.
Mas podemos medir isto em sapatos que é a mesma coisa, a produtividade vai depender de varios factores:
1) Numero de sapatos que o trabalhador produz por unidade de tempo (suponhamos 1 hora)
2) Quantas horas trabalha uma pessoa na fabrica de sapatos
3) Quanto custa uma hora de trabalho
4) Preço a que o produtor consegue vender os sapatos
5) Custos adicionais (despesas com maquinas, aluguer de terrenos, impostos, segurança social, etc.)
Obviamente que se vê logo que a China nos pode dar uma tareia nos pontos 2 e 3, não interessa se há ou não há salarios minimos. Se quisermos continuar a ter fabricas de sapatos ou vamos ter que investir em equipamento em que um trabalhador português consiga produzir mais que 10 chineses (dificil, os chineses também podem investir no equipamento) ou vamos ter que fazer uns sapatos tão bons que conseguimos passar os custos adicionais ao consumidor e assim manter a produtividade.
É um cenário muito complicado... comparando com a Irlanda que tem uma produtividade maior que a nossa (e a aumentar) o que é que se passou?
Passou-se que simplesmente lixaram-se para os sapatos e houve uma proliferação de empresas tecnológicas pelo país fora. Abriram filiais das maiores multinacionais tecnológicas e farmaceuticas (que na pratica são uma forma de outsourcing) e vendem serviços que vão desde desenvolvimento de novos produtos até suporte de helpdesk (em que o inglês como lingua mãe é uma grande vantagem).
São serviços diferentes de sapatos por várias razões, a mais relevante para mim é que estão na pratica a vender massa cinzenta. Os chineses simplesmente não podem chegar e meter 100 chineses em vez de 10 irlandeses e fazer melhor. Não podem comprar uma maquina para que os chineses fiquem mais espertos ou que falem melhor inglês e neste sentido a Irlanda abafou a concorrência com o que poderemos chamar um
cost to entry demasiado elevado (elevando portanto os salários dos poucos que podem fornecer estes serviços).
Claro que a China e a India não dormem e farão do desenvolvimento pessoal das pessoas (com Universidades, etc.) uma prioridade nacional e voltarão a atacar daqui a uns anos e a Irlanda terá na altura que se re-inventar, mas até lá vai ter uma geração próspera.
Nós, por cá, com as ideias que se vê saírem de alguns portugueses (alguns infelizmente com responsabilidade nos destinos da nação) parece que o caminho a seguir é esperar que os chineses se mudem para as novas tecnologias para que possamos atacar o fabrico de sapatos em toda a força...
Enfim... são visões diferentes.