Direitos da Sonae Capital entram em bolsa avaliados em 0,37 euros
A Sonae Capital só no final do mês vai estrear-se em bolsa, mas será já hoje que os investidores vão dizer em quanto avaliam a empresa. Depois de se ter destacado da Sonae SGPS na sexta-feira, hoje é a vez dos direitos de subscrição de acções começarem a ser transaccionados em bolsa, pelo que será já possível fazer a avaliação da companhia.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
Patrícia Abreu
pabreu@mediafin.pt
A Sonae Capital só no final do mês vai estrear-se em bolsa, mas será já hoje que os investidores vão dizer em quanto avaliam a empresa. Depois de se ter destacado da Sonae SGPS na sexta-feira, hoje é a vez dos direitos de subscrição de acções começarem a ser transaccionados em bolsa, pelo que será já possível fazer a avaliação da companhia.
Para já os analistas estão à espera que os direitos comecem a ser negociados em bolsa a um valor superior ao ajuste que a Sonae SGPS sofreu na sexta-feira. "Achamos que a Sonae Capital vale mais que o valor que a Sonae SGPS ajustou", disse ao Jornal de Negócios Pedro Morais, da Espírito Santo Research.
A "holding" liderada por Paulo Azevedo sofreu uma correcção de 26 cêntimos na sexta-feira, mas os analistas, tendo em conta a avaliação que têm para a Sonae Capital, apontam para um valor dos direitos de 37 cêntimos. Caso tal se concretize, a cisão da Sonae Capital está já a ser rentável para os accionistas da SGPS, uma vez que estão a receber títulos com mais valor do que viram a Sonae SGPS cair.
Este valor resulta da avaliação que cinco casas de investimento fazem à Sonae Capital (ver tabela). Em média os analistas apontam para uma avaliação de 740,7 milhões de euros, com as estimativas a oscilarem entre os 645 milhões (ponto médio do BPI, o banco assessor da Sonae nesta operação) e 800 milhões ( ESR).
Os 2 mil milhões de direitos da Sonae Capital que foram entregues aos accionistas da Sonae SGPS e serão hoje admitidos à negociação estão assim avaliados em 37 cêntimos cada um (entre 0,32 e 0,40 euros), tendo em conta que cada oito direitos conferem uma acção. Os 250 milhões de títulos que entram em bolsa no final do mês estão avaliadas pelos analistas em 2,96 euros, com as estimativas das casas de investimento a oscilarem entre 2,58 e 3,20 euros.
Os direitos serão negociados até à próxima terça-feira, de modo a que os accionistas da Sonae SGPS que receberam estes títulos os possam alienar em bolsa. Ou então para os investidores que não são accionistas da "holding", mas pretender deter acções da Sonae Capital.
Desconto
A conjuntura actual não é a melhor para a Sonae Capital se estrear na bolsa, pelo que os analistas mostram alguma cautela acerca do desempenho no mercado de capitais. Salientam sobretudo que às avaliações efectuadas à empresa, há que aplicar um desconto, quer por ser uma "holding" com vários negócios, quer por ser uma cotada de pequena dimensão.
"Acho que vai ter alguma dificuldade em ter uma boa performance no início. As ‘small caps’ têm sido as menos preferidas" actualmente, refere Pedro Morais, referindo que "vai ter algumas dificuldades em entrar no PSI-20". Um outro analista, que preferiu não ser identificado, salientou que "este tipo de empresas [com negócios muito distintos] negoceia sempre com desconto, que pode ir de 10 a 40%".
A penalizar a Sonae Capital poderá estar o facto de os accionistas da Sonae SGPS encararem a cisão como um dividendo, optando por alienar os direitos em bolsa. Pela positiva os analistas destacam que a Sonae Capital pode beneficiar com o "efeito novidade" e pelo facto de ter " bons activos na área do turismo".
Negócios da Sonae Capital
Presente em várias áreas de negócios, que vão desde a promoção imobiliária, até ao capital de risco, o turismo apresenta-se como o "core business" da empresa. Nos últimos meses, a Sonae Capital tem vindo a reformular o seu portfólio de actividade. A última acção da empresa no sentido de rever a carteira teve lugar na semana passada, com a venda da construtora Contacto à Soares da Costa, num negócio de 81 milhões.
A nova empresa está presente em diversas actividades através das suas duas "sub-holdings": Sonae Turismo e Spred. O resort turístico de Tróia apresenta-se como o empreendimento mais importante da Sonae Capital neste momento e o mais interessante aos olhos dos analistas. O projecto que está a ser construído no Estuário do Tejo conta com uma área total de 1057 hectares, com o mercado bastante optimista em relação ao complexo turístico. A Sonae Capital vai ser a primeira empresa cotada cuja principal actividade é o turismo.