sasajojo Escreveu:Boa tarde Ulisses
Obrigado pela resposta. Caso não venda continuo a receber eventuais dividendos da empresa certo?
Nos tempos mais próximos não só não irá receber quaisquer dividendos, porque a empresa não está em condições de os pagar, como também deverá muito provavelmente vir a ser chamado a participar num aumento de capital muito significativo, de que a empresa precisa com uma certa urgência para poder continuar em atividade.
Se não quiser/puder participar no aumento de capital, arrisca-se a ver a sua participação muito fortemente diluida porque atendendo à degradação da situação da empresa (capitais próprios negativos de -446 M€, contingências cíveis de 728 M€ e contingências fiscais de 263 M€, nenhumas das quais estão ainda refletidas nas contas, devendo a empresa precisar de pelo menos uns 2000 M€, ou seja pelo menos mais 3 € por cada ação atual), as condições do aumento de capital não deverão ser nada meigas para os atuais acionistas!
Aconselho a vender antes da saída de bolsa, mesmo com eventuais perdas, porque a meu ver o valor real das ações atuais é muito próximo de zero, arriscando-se a ter perdas ainda maiores se não aproveitar a atual oportunidade para sair.
Quanto aos prazos, para já é necessária a aprovação da CMVM à saída de bolsa, o que pode levar talvez 1 ou 2 meses, em que pode continuar a transacionar em bolsa ao preço de mercado, e após a aprovação da CMVM há o anúncio formal da saída de bolsa, a que se segue um período de várias semanas (alguns meses?) em que já só se pode vender e apenas ao preço que tiver sido fixado para a saída de bolsa.
Nota: o preço a que a ação tem vindo a transacionar desde a convocatória da Assembleia Geral tem sido quase sempre superior ao preço de saída de bolsa (que pelas minhas contas será inferior a 0,34 €), pelo que poderá fazer melhor negócio vendendo antes da aprovação da saída pela CMVM do que depois, em que já só pode vender ao preço fixado (<0,34 €).
Quem está a comprar aos preços atuais (0,34 € e mais!) ou não sabe fazer as contas do preço de saída de bolsa, como aliás foi referido noutro comentário acima, ou então é para estar anos sem poder negociar as ações, estar disponível para injetar no aumento de capital uma quantia muito superior (da ordem das 10x) ao valor das ações que comprou e esperar que a situação da empresa recupere e acumule lucros suficientes para poder recuperar na totalidade o atual "buraco" duns 2000 M€. Até lá, se esse dia alguma vez chegar, irá estar sempre a perder em relação ao preço atual, além de correr o risco de a empresa poder não voltar a estar cotada em bolsa (ou de demorar décadas)!
Veja-se o caso da Sonae Indústria: quem tinha ações com um valor da ordem dos 0,3-0,4 € antes do aumento de capital predatório de 2014 (também para absover prejuízos), quando é que poderá vir a recuperar o valor anterior ao aumento de capital, mesmo que a empresa volte a dar lucro de forma sustentada? Ou dos sucessivos aumentos de capital do BCP para o mesmo efeito...