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MensagemEnviado: 20/7/2006 17:52
por artista_
Enfim, esse artigo contém no geral tudo aquilo que já discutimos aqui, aquilo que está à vista de todos... o que era bom era sabermos aquilo que poucos sabem, se é que há algo que não se saiba, se for este o caso, falta saber isso mesmo, não há nada que não se saiba :) :)

siu-me bem o tracadilho, não saiu? :mrgreen: :mrgreen:

"Escapar à decepção"

MensagemEnviado: 20/7/2006 17:28
por pedras11
Escapar à decepção
Falta a Paulo Teixeira Pinto deixar a marca e isso depende do resultado da OPA que lançou sobre o BPI. Mas, esta, nos actuais moldes, parece condenada ao fracasso.

Sílvia de Oliveira

Lembrei-me do dia em que Jardim Gonçalves anunciou quem o iria suceder à frente do BCP. Essa, uma notícia importante para Portugal, porque em causa estava a liderança do maior banco privado português. No dia 25 de Janeiro de 2005, numa conferência de imprensa de apresentação de resultados, o fundador do BCP explicou aos jornalistas, reunidos, como habitualmente, na sala do Conselho, porque tinha escolhido Paulo Teixeira Pinto. E surpreendeu na forma como fez o anúncio, mas também na escolha. Paulo Teixeira Pinto era um desconhecido no sector e estava longe de figurar da lista de apostas para novo presidente do BCP.

Ainda como director-geral do banco, Paulo Teixeira Pinto assistiu à conferência de imprensa, sentado a seguir aos membros da administração. As suas primeiras palavras apontaram, como era expectável, para a continuidade. Lembrei-me do seu jeito rígido e pouco à vontade, em parte, fruto da enorme expectativa e curiosidade que sobre ele recaíam. Não era fácil suceder a Jardim Gonçalves.

Ao longo do último ano e meio, Paulo Teixeira Pinto não fez esquecer o seu antecessor – nem era isso que se lhe pedia –, mas conseguiu apagar a sombra de Jardim Gonçalves, que, como é natural, no início, insistia em acompanhá-lo. Os traços do seu rosto suavizaram-se, as gravatas alegraram-se e o seu jeito tornou-se mais afável. A ambição de fazer cada vez mais e melhor tornou-se indiscutível. À “Notícias Sábado”, do “Diário de Notícias”, Paulo Teixeira Pinto resumia: “Vêem-me como um conservador, mas sou muito liberal nas minhas escolhas, nos meus gostos e com os outros”. E acrescentou, a propósito do seu vício, o café, que não gosta de ‘lights’. A cerveja tem de ter álcool, o tabaco tem de saber a tabaco e o café tem de ter cafeína.

É assim Paulo Teixeira Pinto. No estilo e na substância. Mas, falta-lhe deixar a marca e isso depende do resultado da OPA, hostil, que lançou sobre o BPI. Só que esta, nos actuais moldes, dada a resistência dos principais accionistas do BPI, parece condenada ao fracasso.

Sendo verdade que o risco de falhar está sempre presente, sobretudo, nos projectos mais ambiciosos, é difícil acreditar que o presidente do BCP partiu para este salto sem a mínima garantia de que, perante a resistência do alvo a atingir, poderia, no momento mais oportuno, abrir o pára-quedas e, em vez de uma queda a pique, ensaiar, uma descida acrobática.

O que sabe Teixeira Pinto que escapa, mesmo aos mais atentos, e que lhe permite, apenas a ele, manter-se confiante no sucesso da OPA?

Ou será que, afinal, Paulo Teixeira Pinto terá apenas pensado que mais valia tentar e poder ser bem sucedido, do que viver atormentado com a terrível ideia do “teria sido tão bom”? Ou então, que era preferível atacar para tentar impedir ser atacado?

A resposta a estas questões fará toda a diferença. Se falhar, Paulo Teixeira Pinto não escapará à decepção.



http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/ ... 72763.html