MarcoAntonio Escreveu:Outro aspecto que queria salientar foi a pouca importância que deste à acentuada quebra de consumo. Repara (e como se pode ler no quote deixado por outro participante, as quebras de consumo variam conforme o tipo de bem ou produto em questão) que para termos uma quebra de 5 ou 6% temos talvez (estou a atirar para o ar mas suponho não andar longe da verdade) uns 30-40% da população a alterar o seu modo de vida. Pois uma quebra de 5% não significa que 5 em cada 100 deixaram de consumir, significa antes que 1 deixou de consumir, 1 outro passou a consumir metade, outros tiveram uma redução de 25%, outros tiveram uma redução de 10%, etc.
O cenário que traças faz todo o sentido (embora seja apenas uma hipótese entre tantas outras). Mas há dois aspectos que te esqueceste de considerar:
o primeiro é que a quebra de 3-4% se registou a nível das 3 maiores petrolíferas (Galp, BP, Repsol) mas nada é dito sobre as vendas nos postos dos hipermercados, que em minha opinião têm contribuído para canibalizar - e muito - as vendas das principais petrolíferas. Basta passar por exemplo no Carrefour do Montijo e ver concentrações de mais de 50 carros em espera para meter gasolina mais barata. Gostaria mesmo muito de saber como evoluíram as vendas nestes postos no mesmo período de tempo e então sim poderemos ver se houve uma redução de consumo ou antes uma transferência.
O segundo aspecto (e este ainda é mais difícil de contabilizar) tem a ver com o crescente número de condutores que vão abastecer a Espanha, especialmente aqueles que moram ou passam perto da fronteira. Ainda há menos de 10 dias o conhecido fiscalista Saldanha Sanches falou sobre isto na SIC Notícias, tendo referido que o fenómeno da deslocação de condutores portugueses para abastecer em Espanha (principalmente os que moram a menos de 50km da fronteira) está estudado e se estima que seja responsável por uma quebra de 5% das vendas de combustíveis em Portugal.
MarcoAntonio Escreveu:Antes mesmo de conhecer os dados estatísticos já o tinha notado na prática pois como inclusivamente já referi noutra ocasião aqui no Caldeirão, a redução no transito na zona onde vivo é notória. Embora existam engarrafamentos, lentidão às horas de ponta, etc, não se comparam com aquilo que tinhamos aqui nesta zona há uns 3-5 anos atrás.
Redução de trânsito é um conceito subjectivo.
Pode haver uma maior fluidez (resultante de construção de túneis ou alteração de sentidos de tráfego em determinados locais), sem que isso implique uma efectiva redução no número de veículos; pode ter havido uma alteração na distribuição do tráfego ao longo do dia, deixando de haver picos tão intensos a determinadas horas, sem que o número de veículos tenha diminuído; podem os condutores ter optado por outras vias, contribuindo para descongestionar a tua zona, mas sem reduzir o número total de veículos.
Essa redução de trânsito que referes resulta, segundo percebi, de uma percepção pessoal (necessariamente subjectiva) feita por uma pessoa num determinado local, mas pode não ser representativa do que acontece noutras zonas.
1 abraço,
Elias