As consequências económicas:
a) Regionais
A escalada do preço do petróleo vai ter efeitos diferentes em diferentes regiões do mundo. As regiões que mais consomem vão sofrer mais, pois os seus sistemas económicos estão mais dependentes. O facto de os chamados "países consumidores" (os maiores consumidores) possuirem reservas estratégicas não os vai salvar de sentirem a dureza da recessão económica.
Gráfico 2 - Produção Mundial por região 2004
Nota: América do Norte, aqui inclui o Canada.
As regiões que mais vão sofrer são os Estados Unidos, a Europa (a OCDE em geral) e o Sudoeste Asiático.
Gráfico 3 - Consumo mundial por região até 2000
Regiões como a América Latina que é auto-suficiente em energia, Rússia que é largamente auto-suficiente, o Médio Oriente e Ásia Central que obviamente possuem petróleo de sobra e alguns países Nórdicos europeus que estão muito avançados em energias renováveis e no caso da Suécia, procura já superar totalmente a dependência do petróleo (ver link abaixo), vão sofrer menos.
http://seattletimes.nwsource.com/html/n ... den08.html
Ver também a relacão consumo/produção na Europa, Estados Unidos e Ásia neste link:
http://www.marktaw.com/culture_and_medi ... alOil.html
Gráfico 4 - Relação Consumo/Produção
Certas regiões como África vão ficar na mesma. África sofre de miséria, guerra, corrupção e isso são os seus principais problemas. O impacto da escassez de petróleo numa região em que muitos não tem electricidade e em que o consumo de petróleo é baixissímo não será o seu principal problema. Além disso África é dos poucos sítios em que há importantes novos projectos de petróleo e tem uma produção de petróleo que se fosse usada em favor da população local daria para mitigar muito a pobreza, não será o pico do petróleo a origem dos problemas africanos.
b) Até 2010
Penso que até 2010 o mercado petrolífero produção/consumo vai aguentar razoavelmente sem entrar em ruptura, existem aliás reservas estratégicas armazenadas para isso mesmo. Depois em 2010 começará o inexorável declínio. Entre o agora e esse depois como já disse estamos no "plano papudo", um período de estagnação. Neste período é previsível que a Ford e a General Motors, grandes industrias automóveis americanas, declarem falência, o mesmo acontecerá com algumas companhias de aviação civil. Também é previsível subidas anuais importantes da inflação, pesando sobre os já pesados orçamentos familiares da população ocidental. Pelo lado posisitivo também é possível que poderosos exércitos ocidentais e outros envolvidos em aventuras militaristas de grande envergadura comecem a sentir sérias restrições aos seus planos de agressão externa porque a máquina militar consome demasiado petróleo (dizem que é o sector onde mais se consome no mundo) e também é previsível que as energias renováveis avancem ganhando terreno e ficando mais acessíveis. Mas o grande problema claro, vai ser sobretudo no sector do transporte onde as alternativas estão distantes, aqui a mobilidade vai resentir-se, penso que vamos ver muito mais gente a usar transporte público e até a andar de bicicleta.
Penso que há ainda alguma margem de manobra para evitar a recessão, que será inevitável em 2010, especialmente aqui na Europa porque se pode estimular bastante mais a eficiência energética e porque existem reservas estratégicas, além da própria capacidade económica de absorção dos preços.
Não quero ser demasiado pessimista, acho que a primeira pedra do mundo pós-petróleo a Suécia já a colocou, muitas outras viram a seguir. Há uma diversidade de soluções locais, regionais e nacionais para mitigar o pico do petróleo que vão começar a ganhar força. Basta ser se sensato, como a Suécia e a ASPO, basta reconhecer o problema e tomar medidas adequadas pela redução do consumo e o incremento de alternativas energéticas.
É sempre possível mitigar os efeitos do pico, por isso vamos a isso.
Fonte:
http://peakoilportuguese.blogspot.com/2 ... chive.html