BCP pode aumentar oferta ao BPI até aos 6,70 euros
12-04-2006 13:55 por Canal de Negócios
O Banco Comercial Português (BCP) tem espaço para aumentar a oferta ao BPI até aos 6,70 euros, assumindo as previsões anunciadas no Plano de Negócios do banco liderado por Fernando Ulrich. Para os analistas da Merrill Lynch, o BCP precisa de ser bem sucedido nesta OPA depois do fracasso na corrida ao romeno BCR.
A casa de investimento norte-americana considera muito improvável que a oferta do BCP [BCP] seja bem sucedida «nas condições actuais», ou seja, se mantiver a oferta de 5,70 euros por acção.
«Para ter sucesso acreditamos que o BCP tem que aumentar significativamente a oferta e convencer os três principais accionistas do BPI a aceitarem e, mesmo assim, isto não garante completamente o sucesso da operação», refere o analista António Ramirez num «research» com data de hoje.
A análise da Merrill Lynch conclui que, assumindo as previsões do mercado - sinergias de 40% com a redução dos custos domésticos e mais 7% provenientes das receitas - o BCP tem espaço para oferecer entre 5,70 e 6,00 euros e o negócio teria uma impacto neutral nos ganhos por acção do banco.
Considerando as previsões do BPI com o Plano de Negócios que a instituição quer implementar até 2010, o espaço para aumentar a oferta do BCP subiria até aos 6,70 euros. Nesta situação, os ganhos de sinergias considerados são os mesmos que os do mercado mas incluem a previsão de crescimento de 14% dos resultados anunciada por Ulrich.
BCP pressionado para ser bem sucedido
A Merrill Lynch considera que o BCP tem que ser bem sucedido na OPA ao BPI porque «senão será a segunda derrota estratégica significativa e consecutiva em poucos meses», depois de ter perdido a corrida à privatização do romeno BCR em Dezembro, mas não acredita que se torne um alvo mais fácil para uma OPA.
«Se o BCP for derrotado novamente acreditamos que o mercado vai especular que o banco se torne um alvo de uma OPA», diz o banco de investimento.
No entanto, a Merrill Lynch mostra-se céptica em relação a essa possibilidade dado que a administração da instituição tem deixado bem claro que «o objectivo estratégico do banco é preservar a sua independência, e a administração consideraria hostil qualquer tentativa oposta a este objectivo».
Uma OPA hostil ao BCP seria dificilmente bem sucedida uma vez que os direitos de voto estão limitados a 10%.
«Além disso, o BCP é o maior banco privado português e as autoridades portuguesas, no passado, já se opuseram a tentativas de estrangeiros em assumirem uma posição de controlo em sectores importantes no país», acrescenta o analista António Ramirez.
Merrill Lynch mantém recomendação de «neutral»
A Merrill Lynch mantém a recomendação de «neutral» para as acções do BCP, considerando muito improvável que a performance dos títulos do banco português seja superior à do sector «dada a incerteza quanto ao resultado final de oferta ao BPI».
O aumento de entre 45% e 55% do capital necessário para financiar a oferta também contribui para esta perspectiva da casa de investimento.
A necessidade de aumentar significativamente a oferta de 5,70euros por acção, para ser bem sucedido vai penalizar a avaliação do BCP, acrescenta a casa de investimento.
As acções do BCP negociavam com um ganho de 0,39% para 2,5