Como se combate o populismo? "Com eleições", responde Fukuyama

[josecarlosvalente]

"O capitalismo popular, colado à bolsa, é uma tese perigosa. Aplicar todas as poupanças que se tem em acções, à espera que o mercado realize o milagre da multiplicação é como estar à beira do abismo e dar um passo em frente.
As OPA da Sonae à PT e do BCP sobre o BPI, somadas à boa performance financeira da esmagadora maioria das empresas do PSI-20 durante 2005, vieram de novo estimular o apetite sobre a bolsa e transmitir a ideia de que comprar e vender títulos é um negócio fácil e de rendibilidade garantida. A euforia é contagiante e o capitalismo popular passou a ser, outra vez, a prova de que efectivamente existe um pote de ouro no fim do arco-íris.

Em parte é compreensível que assim seja. Numa conjuntura deprimida jogar em bolsa surge como boa alternativa de ganhar dinheiro fácil. A valorização das acções sustenta esta tese e os exercícios teóricos encarregam-se da tarefa de comprovar a bondade do raciocínio.

Em 1972, num clima de popularização da bolsa, magotes de pessoas desataram a comprar acções da Torralta, seduzidas pela promessa de lucros fáceis e férias de luxo, e acabaram sem uma coisa nem outra. Em 1998, a segunda fase de privatização da EDP também foi concorrida, mas o elevado preço a que as acções foram adquiridas acabou por nunca compensar as aplicações realizadas por muitos pequenos investidores. Isto sem falar da loucura em torno das acções da PT Multimédia, em pleno «boom» das tecnológicas, entre 1999 e o início de 2000. Os títulos da empresa chegaram a ser transaccionados a um preço na ordem dos 140 euros e hoje não valem mais que 10,40 euros.

Estes exemplos constituem, tão só, um alerta. A bolsa, tal como qualquer outra actividade de risco, não garante o sucesso. E no turbilhão dos inexplicáveis altos e baixos das acções, quem acaba por sofrer as grandes desilusões são os «capitalistas populares» - ou seja, aqueles que canalizam todas as suas poupanças para um único alvo, na maioria das vezes demasiado volátil para merecer confiança.

Por isso, a única regra de ouro que se deve observar nos tempos que correm é do bom senso. O conselho parece simples, mas os exemplos mostram que deve ser repetido à saciedade. Até porque a história recente é farta em histórias de pequenos investidores que passaram de «capitalistas populares» a «capitalistas descapitalizados». Num ápice."


Achei muita piada a este artigo, não porque tenha algo de novo, porque não tem! Mas porque lembrou-me de um amigo meu que veio ter comigo e disse-me:
- Estou a pensar em comprar acções num nivel tal de ansiedade que eu pensei, mas será que toda a gente pensa que se pode ganhar €€€ na bolsa do dia para a noite...
(Eu pensei anda tudo doido)
Ainda para mais pessoas que nada sabem sobre o mercado de capitais, enfim tenho receio por aqueles que possam vir a perder (que é o mais certo) e que não tem €€ para perder!

Abraço e juizo