Fusão da TMN e Optimus dá margem para subir contrapartida da OPA
O Millennium defende que os accionistas da Sonaecom são os que mais beneficiam com esta operação, se o investidor acreditar que a oferta terá sucesso ao preço proposto. Se a fusão da TMN e Optimus for em frente, então o Grupo Sonae tem margem para aumentar os 9,50 euros oferecidos por cada acção, defende a casa de investimento. Muitos analistas começam a partilhar desta opinião: o preço é justo, mas sem fusão no móvel.
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Pedro Carvalho
pc@mediafin.pt
A Sonae quer a fusão da TMN com a Optimus
O Millennium defende que os accionistas da Sonaecom são os que mais beneficiam com esta operação, se o investidor acreditar que a oferta terá sucesso ao preço proposto. Se a fusão da TMN e Optimus for em frente, então o Grupo Sonae tem margem para aumentar os 9,50 euros oferecidos por cada acção, defende a casa de investimento. Muitos analistas começam a partilhar desta opinião: o preço é justo, mas sem fusão no móvel.
«Os accionistas da Sonaecom são os que mais beneficiam com esta operação», segundo uma nota emitida hoje pelo analista Nuno Vieira.
«Recomendamos a compra do título a estes preços, se se acreditar que a oferta terá sucesso ao preço proposto», acrescenta.
O Grupo Sonae fez uma proposta para comprar cada acção da Portugal Telecom (PT) [Cot] a 9,50 euros. A este valor, os investidores terão de adicionar o valor dos dividendos que vão ser distribuídos em Abril (0,385 euros).
Para justificar o «upgrade» na Sonaecom [Cot], o banco de investimento afirma que «qualquer venda de activos deverá proporcionar um bom retorno aos accionistas actuais da Sonaecom».
Isto levou o banco a subir a recomendação sobre a Sonaecom de «manter» (risco elevado) para «comprar» (risco elevado). O «target» é de 4,00 euros.
As acções da Sonaecom negociavam hoje em queda de 0,28% para os 3,58 euros.
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«Investidores devem vender acções»
No que diz respeito à PT, «acreditamos que a probabilidade de ser lançada uma contra-OPA por outro "player" é relativamente baixa e que mesmo que esta ocorresse, não deveria ter tantas possibilidades de sucesso, pois será difícil agradar a tantos intervenientes como a da Sonae», disse o Millennium.
Neste cenário, «pensamos que, aos preços actuais, os accionistas da PT deverão vender as suas acções, uma vez que o preço é justo».
Os títulos da operadora de telecomunicações estão a negociar com um ganho de 0,21% para os 9,60 euros.
Qual será o desfecho da OPA da Sonae sobre a PT?
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Margem para aumentar contrapartida com fusão...
No entanto, o banco chama a atenção para que «se a Sonae conseguir concretizar a sua proposta de fusão das duas operadoras móveis [TMN e Optimus], o que não achamos provável, terá margem para subir a sua oferta».
Numa nota a clientes emitida hoje, o banco holandês ING reviu em baixa a recomendação para as acções da PT de «comprar» para «manter», porque considera pouco provável que seja lançada um OPA concorrente sobre a operadora.
... que poderá chegar aos 10,40 euros
O ING partilha de uma visão idêntica ao Milleniunm. «A racionalidade económica do negócio vai depender muito da aprovação do regulador sobre a fusão dos negócios móveis».
«O nosso cenário central sugere um preço justo de 10,40 euros» para a PT. O banco de investimento tem um «target» de 9,50 euros para as acções da maior operadora de telecomunicações nacional.
Segundo o analista Javier Borrachero, uma oferta concorrente é «improvável» porque, por um lado, a Telefónica «poderá enfrentar uma resistência política, para além de possuir menos flexibilidade financeira depois de ter adquirido a O2».
Por outro, uma oferta rival de uma empresa portuguesa «poderia não encontrar apoio financeiro e também político suficiente».
Ontem, o Dresdner defendia que as sinergias que a Sonae vai conseguir na PT justificam uma contrapartida de pelo menos 11 euros. Após a alienação de alguns activos, a PT, já nas mãos da Sonae, deverá valer 13,50 euros por acção, segundo os cálculos do banco alemão.
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Accionistas da PTM não deverão aceitar a oferta
O Grupo Sonae, no seguimento da OPA sobre a PT, também lançou uma oferta sobre o capital da PT Multimédia [Cot], a 9,03 euros por acção, um valor abaixo da cotação da PT na altura do anúncio preliminar.
«Os accionistas da PTM não deverão aceitar a oferta sobre esta empresa», defende o Millennium bcp.
«Pensamos que a rede cabo será um activo a ser vendido, e que se a Sonae tencionar mantê-lo no seu "portfolio" deverá rever em alta esta oferta», justifica.
A casa sente-se confortável com o «investment case» da PTM aos preços actuais, «uma vez que a rede cabo deverá ser uma parte do negócio: ou a Sonae compra os interesses minoritários, ou vende a sua posição de controlo a terceiros», conclui.
As acções da PTM negociavam em queda de 0,7% para os 9,89 euros.
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Veja a sondagem aos analistas: «O preço é justo?»
O Jornal de Negócios arrancou na terça-feira com uma sondagem junto dos analistas que acompanham o sector para saber se o preço de 9,50 euros que o Grupo Sonae está a oferecer na OPA é justo ou não.
Na terça-feira, participaram oito bancos, com 75% dos inquiridos a dizer que o preço não é justo e os restantes 25% a considerar a contrapartida justa. Na quarta-feira, com um total de 12 bancos na sondagem, as opiniões estavam mais divididas: 67% continuava a dizer que o preço não era justo e 33% defendia que a contrapartida era justa.
Ontem, com mais uma observação, as opiniões continuavam a convergir: 62% contra 38%.
Hoje, com mais cinco observações, o consenso está cada vez mais longe. A tendência aponta assim para que cada vez mais analistas defendam a justeza do preço da OPA (44%), apesar de os discordantes ainda estarem em maioria (56%).
Os bancos que participaram foram o Ahorro, a Bear Stearns, a Lisbon Brokers, o Dresdner, o Millennium, o Ibersecurities, o ING, o BPI, a Execution, aWest LB, a Bernstein, o BNP e a Goldman Sachs, o Finibanco, a UBS, o Citigroup, a Société Générale e a JP Morgan.
Algumas das opiniões foram recolhidas através de contactos directos com os analistas, outras recolhidas nos "researches" e outras junto de uma sondagem idêntica feita ontem pela agência Reuters. Alguns analistas mudaram o sentido da resposta entre terça-feira e hoje.
Para dar a sua opinião sobre qual vai ser o desfecho desta operação, vote na sondagem diária que o Jornal de Negócios está a realizar.