Goldman Sachs
OPA torna PT a operadora incumbente mais cara da Europa
A Goldman Sachs reiniciou a cobertura das acções da Portugal Telecom com uma recomendação de «in-line». O banco de investimento diz que o preço da oferta da Sonae, de 9,50 euros, parece atractivo e aos preços actuais, a Portugal Telecom é a operadora de telecomunicações incumbente mais cara da Europa.
Nuno Carregueiro
nc@mediafin.ptA Goldman Sachs reiniciou a cobertura das acções da Portugal Telecom com uma recomendação de «in-line». O banco de investimento diz que o preço da oferta da Sonae, de 9,50 euros, parece atractivo e aos preços actuais, a Portugal Telecom é a operadora de telecomunicações incumbente mais cara da Europa.
«O preço da OPA parece-nos muito justo, com a PT a estar um pouco cara em relação à avaliação» relativa, segundo a nota de «research» da Goldman Sachs, que acrescenta que mesmo a 8,18 euros por acção, valor a que a operadora negociava antes da oferta, a PT já estava a cotar «acima da nossa avaliação».
«Nas nossas estimativas, ao preço actual a PT (está a negociar ligeiramente acima do preço da oferta nos 9,83 euros), é a incumbente mais cara em todas as métricas», com um PER (rácio da cotação sobre os lucros por acção) de 18,3 vezes, o que compara com 14,3 vezes da média do sector, e com uma rendibilidade de «free cash-flow» de 5,6%, o que compara com 8% do sector, de acordo com a casa de investimento.
A Goldman Sachs acredita que os 9,50 euros (preço de compra proposto pela Sonae) deverá representar o suporte para o valor da PT a curto prazo, mesmo que a OPA da Sonae não seja bem sucedida.
«Acreditamos que a especulação sobre uma possível contra-proposta da Telefónica ou uma resposta defensiva da PT é provável que forneça um suporte para o preço da acção da PT», de acordo com a casa de investimento que acrescenta que «contudo, não vemos um potencial de valorização significativo» para as acções da maior operadora de telecomunicações nacional.
Goldman traça três cenários
A Goldman Sachs definiu três cenários possíveis para o desfecho da OPA da Sonae sobre a PT. A casa de investimento considera que poderá haver uma oferta concorrente da Telefónica, a Sonae pode ter sucesso na operação e a gestão da PT pode responder com uma oferta de compra financiada em dívida.
O primeiro cenário traçado pela Goldman Sahcs é a possível contra proposta da Telefónica, uma vez que para além das duas operadoras serem parceiras no Brasil, tendo cada uma 50% da Vivo, a operadora espanhola detém 10% do capital da PT, o que o mercado tem visto com um possível sinal de que a Telefónica possa ser uma possível compradora a longo prazo.
De qualquer forma, a casa de investimento defende que os rácios da dívida da Telefónica estão mais elevados do que o normal para a empresa, depois desta ter feito investimentos (O2 e operadora checa), e que isso pode ser um factor de travagem numa possível contra proposta. Para além de assinalar que a operadora espanhola «estará muito interessada em ter o controlo total da Vivo».
No cenário de contra proposta apresentada pela Telefónica, a Goldman Sachs antevê que a União Europeia pressione para se efectuar a venda da PT Multimédia, como condicionante da aprovação do negócio.
O sucesso da Sonae
A Goldman Sachs considera que a manutenção das duas redes móveis (TMN e Optimus) e da rede de cabo por parte da Sonae, caso consiga concretizar a OPA, não será viável.
«Acreditamos que a Sonae será forçada a vender muitos dos activos de telecomunicações sobrepostos», como o caso da Optimus, de acordo com a casa de investimento que diz acreditar que a Sonae vai optar por «manter a rede fixa e móvel da PT e vender a sua própria rede», «assim como a PT Multimédia».
A Goldman considera que «o activo de cabo será vendido se a Sonae conseguir o controlo do grupo PT» e «que a Sonae vai vender a participação na Vivo à Telefónica e a participação da MediTelecom».
Outro cenário que a Goldman Sachs diz ser possível é uma resposta da gestão da PT. A casa de investimento diz que a gestão da operadora pode apresentar uma contra-proposta financiada em dívida.