jarc, tens uma mp
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Por vezes e porque este espaço funciona (para mim) mais como um lugar para catarse, venho aqui escrever qualquer coisita (às vezes asneiras resultantes desse processo de catarse), sem o minímo de esforço pedagógico.
Acontece que este tema me interessa e me preocupa.
Pata tens razão quando colocas o problema a montante, mas a lógica da culpabilização rectroactiva, em última análise, leva-te ao esparmatozóide. Vamos ver, é óbvio que muito, mesmo muito se decide no primeiro ciclo, mas já pensaste o trabalhão que é estudar matemática para ensinar devidamente aos alunos do 1.º Ciclo. Como gosto bastante desse exercício, digo-te que pelo menos 3 anos, para um aluno aplicado. O problema é que não faz sentido investir nessa formação acrescida se depois o salário é o mesmo. Só gostanto mesmo e para se gostar é preciso ter uma formação de base sólida(em psicologia do desenvolvimento por exemplo), porque dificilmente uma pessoa gosta do que não domina.
Voltemos atrás à ironia do espermatozóide. Quando falamos em matemática falamos em conteúdos não significativos, ou pelo menos pouco significativos. Quando é que uma criança, que está "bem" do ponto de vista cognitivo, está disponível para assimilar e acomodar conteúdos não significativos? Será isso possível sem uma boa base emocional? Excepcionalmente é possível (algumas crianças investem por aí, mas poucas), mas geralmente isso não acontece. Não esqueças que ordenar, seriar, agrupar é matemática e essas capacidades devem desenvolver-se antes do ensino primário.
Julgo que te preocupas excepcionalmente por teres uma filha em idade escolar, essa preocupação é legítima. O que posso acrescentar é que estou disponível para ajudar.