Uns chamam-lhe fenómeno, outros pura coincidência. E outros há ainda que o encaram como uma superstição. A verdade é que o comportamento dos mercados no final de Dezembro e início de Janeiro dá, invariavelmente, que falar...
Este efeito, também conhecido como "efeito de fim de ano", é marcado pelos ganhos substanciais que o mês de Janeiro atinge (especialmente as acções de empresas com baixo valor de mercado, denominadas de small caps), quando comparado com os restantes meses do ano. Surge quase como um presente pós-Natal, que o mercado deliberadamente oferece a alguns dos seus investidores. Sobre o tema, muitas explicações foram conceptuadas, várias justificações apresentadas, mas a que prevalece é sem dúvida aquela que abaixo vamos explorar.
É, normalmente, no final do ano, que os investidores, especialmente os institucionais, se preocupam com questões de planeamento fiscal, e como tal, optam por vender, nos últimos dias do ano e num movimento considerado "anormal", uma grande parte da sua carteira de acções (principalmente aquelas que apresentam saldo negativo no portfolio), no sentido de se anularem as perdas contra os ganhos obtidos. Esta tendência vendedora pode provocar uma descida das cotações por volta do final do ano, que recupera em Janeiro, quando os investidores se propõem a recompor as suas carteiras, comprando novamente as acções que foram objecto de venda.
Comparemos abaixo, a taxa média de retorno dos últimos 25 anos, entre as Empresas de grande capitalização e as de pequena capitalização, que compõem o Índice S&P500, no período de 15 de Dezembro até final de Fevereiro e igualmente no período de 31 de Dezembro até final de Fevereiro:
As pequenas empresas apresentam taxas muito superiores às grandes Empresas, conforme se prevê na teoria envolvente ao efeito de Janeiro.
No entanto, tirar partido do histórico efeito de Janeiro, passou a ser tarefa árdua desde que o mesmo é anualmente já esperado pelo mercado, que se esforça por ajustar os preços das acções e desalojar esta tendência, considerada "anormal", de venda em Dezembro e compra em Janeiro.
Mas quem disse que o mercado se podia prever?
Vamos esperar para ver se ao contrário do mau tempo que Janeiro sempre carrega, a Bolsa brilhará como se o Verão tivesse acabado de chegar...
2005-12-15
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