Tal como sucede com os fenómenos naturais, os mercados financeiros estagnam e fluem, sobem e descem. Mas, ao contrário das marés, o seu ritmo não é previsível.
Muitas vezes, vemo-nos "apanhados" por uma inesperada queda do mercado, que nos conduz a posições "desesperadas". É nesta fase, que se equaciona quase sempre a hipótese da venda.
No entanto, e quando os mercados se encontram em fase de comportamento positivo, somos tentados a esquecer o acompanhamento rotineiro que estes merecem. Poder ver os nossos investimentos crescer, enquanto dormimos, é o sonho de todos nós. Mas será esta atitude positiva? Não é! E por isso gostaríamos de explorar um pouco a sob-apreciada arte de vender.
Lembramos: O ideal seria conseguir vender antes de acontecerem os maus momentos e comprar antes dos bons momentos. Mas, eventualmente, pode ser perfeitamente racional vender quando os mercados estão em alta.
Ambas as acções são difíceis de gerir, desta forma quase "certeira" dos timings (o momentum, como se designa na bolsa). Mas agir de forma que a razão impõe, é essencial para maximizar ganhos e preservar os investimentos.
Fundamental é sabermos que tipo de Investidor somos:
- Os níveis de perda que consideramos aceitáveis devem ser definidos com antecedência, e respeitados no limite das condições que estipulámos.
- O prazo do investimento é igualmente fulcral para consideramos decisões e estratégias de entrada e saída do mercado.
- O risco existe sempre! Estarmos conscientes das suas eventuais consequências é muito importante para uma actuação racional no mercado.
- Saber sair na altura certa. Não deixar que um palpite ou conjunturas de subida ou descida nos façam abandonar a estratégia inicialmente delineada para o nosso portfolio.
Para um investidor de longo prazo, a sua estratégia de investimento pode ser baseada em factores genéricos, como as perspectivas e resultados das empresas, taxas de juro, inflação, ou as tendências macro-económicas, uma vez que a variação de preços dos activos poderá comportar-se imprevisivelmente (com mais ou menos oscilações) durante todo o período do investimento. E a constituição de carteiras diversificadas de acções um factor chave no sucesso da estratégia.
Para os investidores de curto prazo, as estratégias devem ponderar os níveis máximos de perda estipulados, devem ser conscientes de que há uma acção a tomar quando estes são atingidos. Segundo muitos especialistas, este tipo de investimento deve requerer muita atenção e defende que quando um título desvaloriza um determinado valor, por exemplo 10% ou 15%, deverá ser imediatamente vendido. São valores que dependem, sempre, das percepções e modelos de actuação próprios de cada investidor.
Investir a longo prazo ou numa vertente de trading? Ambas as decisões apontam para estratégias totalmente distintas. Identificarmos o nosso comportamento de actuação é importante. Lembrando sempre que a recuperação de perdas não é proporcional aos ganhos (para uma perda de 50%, será necessário um ganho de 100%), devem ser tomadas decisões de preservação do capital investido, as quais são estudadas e defendidas por muitos analistas da matéria.
Uma estratégia popular sobre o assunto é a conhecida "Sell half of a stock that’s doubled".
Quem não gostaria de reduzir o risco associado ao seu investimento?
De facto é possível, mas só se tiver a sorte de investir num título cujo preço duplique. Nestes casos, recomenda-se a venda imediata de metade do investimento, por forma a garantir a recuperação a 100% do valor inicialmente investido e ficar com o restante para se submeter ao livre risco que o mercado sempre apresenta. Poderá ainda reaplicar o valor da venda em activos que considere de maior potencial (diversificação da carteira) ou, adoptar uma estratégia de aforro, aplicando o dinheiro em produtos de baixo risco e assim, assegurar o valor da carteira. Não é rentável, mas 100% seguro. Escolha sua...
A estratégia dita que se a acção em causa voltar a subir, o procedimento adoptado deverá manter-se: voltar a vender metade do que possui em carteira, e assim em diante.
Poderá ser complicado disciplinar os investimentos a este ponto, tanto mais quando se assiste a uma contínua subida do título, após a venda, e a ideia de que poderíamos ter realizado mais valias superiores, nos assalta o pensamento. Lembremos apenas, que ainda ficámos com metade do investimento aplicado naquele activo, e como o comportamento do mercado é indubitavelmente imprevisível, poderemos ter evitado maiores perdas, através das vendas realizadas.
2005-12-02