Brasil e China
é interessante verificar como os paises "emergentes" já consideram a troca de produtos de valor acrescentado como prioridade.
Cada vez tenho mais dúvidas acerca do futuro da Europa e o seu lugar num mundo globalizado.
Cada vez tenho mais dúvidas acerca do futuro da Europa e o seu lugar num mundo globalizado.
2005-11-21 12:14
Petróleo, aviação e tecnologia são prioridades do Brasil na China
DE com Lusa
A entrada do país na exploração petrolífera chinesa, a venda de aviões de passageiros e o equilíbrio do comércio bilateral em produtos de valor acrescentado são as prioridades económicas do Governo de Brasília na China, disse hoje o embaixador brasileiro em Pequim.
"Um desafio prioritário para o Governo brasileiro é equilibrar a balança comercial com a China em mercadorias de valor acrescentado", disse em entrevista à agência Lusa o embaixador Luís Augusto de Castro Neves.
O diplomata identificou a exploração do petróleo 'offshore' chinês e a venda de aviões para linhas de pouca frequência como oportunidades de negócio na China que o Brasil quer aproveitar.
"A China tem importantes reservas de petróleo e gás 'offshore' a grande profundidade, e a empresa que tem mais tecnologia nessa área é a Petrobras, que perfura a mais de mil metros de profundidade no norte do estado do Rio de Janeiro", referiu Luís de Castro Neves.
"Já estamos em contactos com a empresa petrolífera chinesa Sinopec, com quem no futuro a Petrobras se poderá associar para a exploração do petróleo 'offshore' chinês", prosseguiu.
Quanto ao sector da aviação, o embaixador brasileiro considerou que o aumento das viagens aéreas na China é uma nova oportunidade para a indústria brasileira, na qual se inclui a Embraer.
"Não está ainda muito difundida na China a ideia de linhas de menor frequência mas com muita procura e para as quais os aviões de tamanho ideal seriam de 70 passageiros, e esse é uma janela de oportunidade onde o Brasil tem tentado entrar", disse Luís de Castro Neves.
Relações comerciais bilaterais
Segundo os números da Administração Geral da Aviação Civil da China, a frota de aviões comerciais do país deverá aumentar 78% até 2010, dos actuais 900 aviões para 1600, a uma média entre os 100 e 150 novos aviões todos os anos.
A construtora de aviões brasileira Embraer está estabelecida na cidade de Harbin (norte da China) em associação com a empresa chinesa AVIC, tendo já vendido 11 aviões de passageiros de 50 lugares no mercado chinês.
Na relação entre o Brasil e a China, um outro "desafio prioritário" identificado por Luís de Castro Neves é equilibrar a balança comercial entre os dois países no que toca ao valor acrescentado das mercadorias exportadas. "Apesar de o Brasil ser dos poucos países do mundo a exportar têxteis para a China, quase metade das exportações do Brasil para China são produtos primários - como minério de ferro e soja -, e as importações são de produtos sofisticados, como circuitos integrados e ecrãs LCD para telemóveis, e é esta tendência que há que equilibrar", considerou Luís de Castro Neves.
As exportações brasileiras para a China subiram para 5,44 mil milhões de dólares americanos (4,61 mil milhões de euros) em 2004, contra 1,08 mil milhões em 2000, e foram de 4,76 mil milhões de dólares americanos nos primeiros nove meses de 2005.
De acordo com o ministério do Comércio da China, em 2004 o comércio entre os dois países foi de 12,35 mil milhões de dólares americanos, um aumento de 54,8% em comparação com os valores de 2003.
O comércio bilateral entre os países foi no primeiro trimestre de 2005 de 2,63 mil milhões de dólares americanos, um aumento de 19,8% em comparação com igual período do ano anterior.
O Brasil é o maior parceiro comercial chinês na América Latina e a China o terceiro maior parceiro comercial do Brasil.
Segundo números do Governo chinês referentes ao ano passado, o investimento chinês concretizado no Brasil foi de 130 milhões de dólares americanos, enquanto as empresas brasileiras investiram 120 milhões de dólares na China.
O Brasil e a China estabeleceram relações diplomáticas em Agosto de 1974, tendo o Brasil reconhecido a China como "economia de mercado" num acordo assinado em Novembro de 2004, quando o presidente chinês Hu Jintao visitou o Brasil.
Em Maio de 2004, o Brasil inaugurou o Centro Cultural Brasileiro na Universidade de Pequim.
A China e o Brasil mantêm também um programa de cooperação aerospacial, tendo já efectuado lançamentos conjuntos de dois satélites e estando mais dois lançamentos a ser preparados.