está interessante, encontrei no Fórum do Diário Económico, o autor chama-se Lucianus
http://foros.recoletos.es/foros-diarioe ... 2&tstart=0
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Vejo que a questão se aplica mais à Europa do que à França propriamente dita, uma vez que os flancos franceses são a Espanha e a Itália, respectivamente.
Mas a questão 'multiculturalista' é um pouco falaciosa: os Estados europeus sempre foram multiculturais (basta ver os bascos e os catalães em Espanha, ou os Bretões e os Corsos em França). Existe um problema mais fundo, e deriva das concepções sociais do Estado Francês.
Habituados a assimilar cidadãos incutindo-lhes a cidadania francesa, a França por ideologia não pode aceitar que existam pessoas que não tenham a mesma atitude perante o trabalho que o cidadão francês [e europeu] médio.
Em consequência, a França acredita que as situações de desemprego são involuntárias e que todo o desempregado irá honradamente procurar um emprego assim que possível. Deste modo, o Estado francês sente-se na obrigação de providenciar aos desempregados um nível de vida mínimo, através de subsídios de desemprego vitalícios que, se não muito grandes para os padrões franceses, são muito elevados para o que um imigrante magrebino/subsaariano alguma vez esperou.
Em adição, a França sente-se na responsabilidade de ajudar as famílias dos cidadãos e de procurar assimilar dando bases capazes aos imigrantes do terceiro mundo.
Assim, estes imigrantes recebem casas de graça do Estado francês, têm os cuidados médicos integralmente pagos pelo Estado, recebem um subsídio de desemprego vitalício e ainda recebem bons abonos de família por cada filho que têm.
Noutras palavras, estas pessoas assim que chegam à França têm direito a uma série de regalias com as quais os nativos nem podem sonhar e tornam-se impossíveis de desalojar assim que têm um filho em solo francês (pois pela via do 'Ius Solis' a criança é francesa e pais de cidadãos franceses não podem ser deportados).
Deste modo, o casal de imigrantes passa a ganhar dois subsídios de desemprego, muito superiores em valor a tudo o que alguma vez esperaram receber, um abono de família por criança e mais casa e tratamento médico de graça. Tudo pago pelos nativos.
Em consequência, não só os recém-chegados não têm de fazer rigorosamente nada para garantir uma boa vida, como têm um excelente meio de aumentar os seus rendimentos: ter filhos. E muitos.
Esta situação foi denunciada uma vez pelo ministro das Finanças alemão, que citou o exemplo de um cantor libanês de nome Ibrahim, que nunca trabalhou mas que por virtude do que recebia pelos seus muitos filhos tinha um BMW de último modelo em frente à sua casa gratuita.
Aliás, o próprio Chirac denunciou esta situação em 1985, quando notou que um casal francês normal ganhava em média 15 000 francos por mês, mas que os imigrantes ganhavam 50 000 francos por mês devido aos abonos dos seus inúmeros filhos.
Deste modo, o Estado Social encoraja activamente estas comunidades a terem filhos (daí depende a sua prosperidade económica), enquanto os nativos não têm essa sorte - esmagados por elevados impostos e pelo facto de terem de pagar tudo, desde a casa aos cuidados médicos, os abonos de família não são rentáveis, ao contrário do que acontece com os imigrantes, pelo que os nativos só têm 1-2 filhos por casal.
Se lermos uma reportagem do 'Financial Times' do dia 11 de Novembro sobre a situação, estes entrevistam um filho de imigrantes, Lamine, o qual nota que tem 29 irmãos e irmãs.
E agora que esta grande massa de filhos já cresceu e são cidadãos franceses, que opções de vida têm? Muito simples: receber casa gratuita e subsídio de desemprego, e terem muitos filhos para serem prósperos. Não precisam de mais nada, é assim que se ganha a vida. Quanto a educação, a escola laica francesa não lhes ensina quase nada de interessante (para quê? Não vão exercer profissão alguma...).
A única âncora que terão são os pontos que têm em comum com o país de origem dos pais, em particular a mesquita no caso dos muçulmanos. Aí eles encontram pessoas de origem similar com as quais podem confraternizar e também ensinamentos do pouco que lhes pode interessar: filosofia, cosmologia e religião.
Estes grupos depois constituem áreas de controlo que ficam fora da jurisdição francesa, onde se dedicam a aumentar as suas receitas através do crime, em particular do tráfico de drogas.
Aliás, as recentes revoltas rebentaram por isso mesmo: tratou-se de uma tentativa das autoridades - como foi, aliás, largamente explicado pelo próprio Governo francês no início da crise - para trazer a lei da República a essas zonas de 'não-polícia' existentes nos subúrbios.
Mas o resultado final que podemos ver é de que a polícia foi completamente impedida de entrar aí (todos podemos ver que estas áreas continuam 100% dominadas pelos criminosos), e o resultado final é que, apesar do barafustar do sr. Chirac sobre a acalmia dos distúrbios, é que o Estado francês pura e simplesmente se rendeu em toda a linha, ao aceitar:
1. Pagar 30 mil milhões de euros para os subúrbios;
2. Baixar a idade da aprendizagem de 16 para 14 anos (na prática, tomando medidas para baixar a idade em que se pode pedir subsídio de desemprego).
Isto significa que os imigrantes de segunda geração, protegidos pelos receios dos franceses de serem considerados como 'racistas' se tomarem medidas a sério contra eles, têm o poder de fazer o Estado francês ceder às suas exigências. E muitos destes ainda são jovens - dentro de 5 anos já terão mais de 18 anos e muitos terão começado famílias.
E daqui a 20 anos, quando estes jovens que fazem distúrbios ainda tiverem menos de 40 anos de idade e dezenas de filhos de 16-18 anos cada um?
Resumindo: os franceses têm um grupo potencialmente hostil no seu território, não se podem defender dele por motivos ideológicos e ainda por cima têm de lhe pagar generosamente para que este aumente consideravelmente os seus números
