O futuro
Em 1992, quando Ollila e a sua equipa começaram a reinventar o profundamente problemático conglomerado que haviam herdado, o desespero forçou-os a focarem-se de uma maneira que os seus concorrentes nunca haviam feito. Do lado dos telefones, eles apostaram no branding e no design numa altura em que os rivais colocavam toda a energia em tornar as coisas mais pequenas. No negócio das redes móveis, a Nokia aliou-se, no início da década de 90, a operadores emergentes como a Orange, no Reino Unido, e a E-Plus, na Alemanha, e roubou negócio a operadores de telecomunicações tradicionais.
Oito anos depois, a Nokia é uma empresa grande e sólida, desempenhando um papel de líder no negócio da Internet móvel. Mas não é a única. A Motorola e a Ericsson também estão atentas. A Samsung, da Coreia do Sul, emergiu como um competidor formidável no negócio dos telefones e uma grande quantidade de empresas norte--americanas, como a Palm, a Microsoft e a Phone.com, querem um pedaço da acção da Internet e têm grandes probabilidades de o conseguir.
Estas não são necessariamente más notícias para a Nokia — quanto mais tempo e dinheiro outras empresas dedicarem à promoção e desenvolvimento de novos produtos para o que a Nokia chama «sociedade de informação móvel», maior será o mercado, do qual a Nokia espera obter uma fatia.
Mas existem riscos. Um é que a Nokia pode estar a apostar na tecnologia errada. O outro risco é ainda maior: perder o código secreto. Para alcançar o objectivo de trazer a Internet para os nossos bolsos, a Nokia está a disparar em muitas direcções. Não está apenas a fazer telefones WAP, que podem navegar numa versão mais limitada da Internet; está também a criar os servidores WAP, que vão alimentar essa Internet resumida. Está a construir conexões de Internet sem fio para carros; a desenvolver produtos para o Bluetooth, um novo standard para ligações de banda larga a partir de casa ou de escritórios; e a trabalhar em videofones sem fio e em muitas outras coisas fantásticas. É entusiasmante, mas são muitos negócios para uma empresa que sempre lutou por simplificar as coisas. Entrar nestas áreas também significou comprar uma mão-cheia de start-up, maioritariamente nos Estados Unidos, e recrutar muitas pessoas. E isso tornará mais difícil preservar a sua mistura única de liberdade individual e foco empresarial.
Hoje, mais de metade dos seus empregados estão fora da Finlândia. E enquanto a maioria das operações espalhadas pelo mundo ainda têm finlandeses em cargos de liderança, as posições-
-chave vão cada vez mais para pessoas que não cresceram numa sauna.
Kent Elliot, o americano que preside à nova divisão Nokia Internet Communications, encara a questão da seguinte forma: «A Nokia está na posição única de ter um grupo de gestores que trabalham juntos há muitos anos — e agora têm muitas pessoas vindas de fora que podem fazer estremecer as coisas.» Desde que o façam sem estragarem o código secreto.
Por Justin Fox