Caldeirão da Bolsa

Só que o feitiço virou contra o feiticeiro...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por costarios » 2/11/2005 15:30

Feiticeiros de Finórios

Tocam à porta. O burlão vem atender. Era um estafeta que vinha entregar uma encomenda: «Assine aqui por favor.» O outro foi buscar a sua Yard-O-Led Millennium 2000, e fez um rabisco no papel. O estafeta, fatiota a condizer, pediu então ao burlão: «o patrão se não se importa dá-me uma ajuda, pois o embrulho é pesado?» O outro, resmungando, lá desceu as escadas.

Chegados cá a baixo, o antigo tubarão, agora pato, é surpreendido pelo cano de uma automática: «Entra para o carro, devagarinho; vamos para a esquadra».

O polícia deu uma de impostor, para conseguir que o outro, ao sair da sua casa, pudesse ir de cana sem mandado de busca.


Ná, ná, ná, ná, não! Isto é muito feio e... proibido por lei. Um prato cheio para qualquer advogado.
"Now i am the master!"
Frase proferida por Warren Buffett ao seu velho mestre Ben Graham, quando este jazia em seu leito de morte.
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Só que o feitiço virou contra o feiticeiro...

por mendel » 2/11/2005 14:04

Só que o feitiço virou contra o feiticeiro...

Feiticeiros de Financeiros

Os dois tubarões tinham feito uma lista das empresas cotadas cujos donos, ou quem tivesse a maioria, se assemelhassem a animais com o bico arredondado: a patos, portanto. Depois, pediram a uma empresa de clipping que lhes enviasse todas as notícias com elas relacionadas. Eles iam acompanhando essas notícias e os relatórios e contas, informação que comparavam com a evolução das cotações. Quando as cotações eram suficientemente baixas face às perspectivas que encerravam as tais informações, entravam.

Começava então um processo de chateação dos donos das tais empresas. Os tubarões, ou quem os representasse, apareciam nas assembleias-gerais a fazer perguntas inconvenientes. Coisas que dessem a entender que o dono, que não raras vezes era também o Presidente do Conselho de Administração, andava a meter a mão na massa; isto é, a sacar dinheiro da empresa. Naturalmente que os tubarões faziam isso para proteger os interesses dos pequenos accionistas, que eram ao mesmo tempo eles próprios?

O Patrão começava a chatear-se severamente com aquelas intromissões. Ele que trabalhava como um louco na empresa, tinha agora que dar satisfações a uns gajos que ele nem conhecia de lado nenhum? Então e o bago desviado por baixo da mesa em salários chorudos, inimagináveis despesas de representação e habituais vendas sem factura? Então e os investimentos atraentes feitos pela empresa cotada em activos particulares do patrão que ele não sabia como vender? Já para não falar nos desvios de fundos provenientes de empréstimos que, sendo à empresa, serviam para comprar os Ferraris e tal? Não, estes gajos precisavam de sair do capital da empresa!

«Oh meus amigos, digam lá quanto é que querem pela porra das acções» ? exclamava o preocupado patrão? «Oh chefe, nós não vendemos, pá!» ? respondiam os tubarões, afiando o dente. «Eh pá, eu ofereço 10 euros por cada acção; lembrem-se que elas estão a 7 euros» ? insistia o patrão. «Oh pá nós temos lido umas coisas sobre a empresa e acho que ela vale pelo menos 20 euros!» ? insistiam os tubarões. Para provar o que diziam, os peixes condrictes, elasmobrânquios e eusseláquios, com fendas branquiais laterais, até se punham a comprar acções à disputa, uns aos outros (com ofertas sucessivamente mais altas) para ver, se por esse jogo da procura fictícia, o mercado lhes dava razão e elas se aproximavam dos tais 20?

Até que um dia, o mercado lhe dá tanta razão que as acções disparam e as autoridades entendem perguntar o que é que se passa. Normalmente não se passa nada, pá, e os tubarões quase que se vêm obrigados a largar o papel para não serem acusados de manipulação de mercado.

Mas será que não se passa nada? Será que mais tarde os velhos tubarões transformados em novos patos não vêm a saber que largaram o papel cedo demais? É que mais tarde vem a saber-se que, de facto, o papel veio a subir vertiginosamente.

Vá-se lá saber porquê, pá?

Feiticeiros de Funcionários

«Oh chefe, pá, o chefe tem que me fazer aquele favor que lhe pedi; ando a caminhar para aqui há mais de 5 anos para me aprovar aquela zona turística» ? exclama o imobiliário, desesperado, para o funcionário público. «Oh patrão, já lhe disse não sei quantas vezes que os Verdes dão cabo de nós se mandamos cortar aquela reserva natural toda». «Chefe, lembre-se daquele número com cinco zeros de que falámos; você com isso não terá que trabalhar nos próximos 20 anos!»

O funcionário público, esconde do imobiliário que vai sair uma lei dentro de pouco tempo que permite finalmente cortar a madeira e construir sem reservas na tal reserva natural. «Oh patrão, não insista, pá; eu sou um gajo honesto» ? exclama o funcionário público, fazendo-se de totó.

Andam naquilo durante semanas, com o sacana do funcionário a saber que a licença terá aprovação legal, até que o antes tubarão e agora pato do imobiliário lhe diz: «Oh amigo, eu com aquele terreno licenciado para fazer um empreendimento turístico ganho milhões. Vou deixar-lhe aqui um cheque, de um banco Suíço, com 6 zeros. Você tem 48 horas para o depositar, de preferência numa conta na Suiça, ou não».

O funcionário olhou para o cheque e pensou: «que grande golpe que eu dei neste patego ? pagar-me para lhe arranjar uma coisa que eu sei que até já está arranjada». Dentro do prazo estipulado, depositou o cheque e riu-se.

Batem à porta (do funcionário, claro está), era o imobiliário, ou melhor um agente infiltrado: «amigo, acompanhe-me à esquadra, está detido!»

Feiticeiros de Falsários

Paulo estacionou a sua relíquia - um BMW 2002 Turbo - e aproximou-se da banca da vermelhinha. O burlão manuseava as conchas com uma velocidade verdadeiramente impressionante. «Que tipo habilidoso» - pensava Paulo, enquanto via os patos formar fila para serem enganados. Que engraçado era ver os cúmplices do burlão a participar naquele teatro, incentivando os outros a jogar, ao fazer-se passar por jogador (a quem o burlão deixava ganhar). Paulo conhecia a tramóia: a ervilha não estava debaixo de nenhuma das três conchas (excepto quando o cúmplice demonstrava aos patos que se podia ganhar). O truque consistia em retirar a ervilha no momento do manuseamento das conchas e pedir a um desgraçado de um pato que adivinhasse sob qual das três o legume se encontrava.

Paulo aproximou-se com o seu Omega De Ville Co-Axial em punho e disse ao burlão que apostaria aquele magnífico relógio contra todo o dinheiro que o outro já tinha feito nesse dia. O burlão sorriu e exclamou: «Chefe, se é essa a sua vontade?» Paulo exclamou: «É não só a minha vontade, como lhe proponho fazer uma coisa ainda mais difícil.» O burlão perguntou curioso: «Então e do que se trata?» Paulo disse-lhe que primeiro ele «jogasse» as conchas. O outro assim fez. Paulo explicou-lhe, então, enquanto pousava a sua 9 mm em cima da banca: «Eu vou adivinhar quais são as duas conchas que não têm a ervilha debaixo!» O antes tubarão, agora pato, do burlão limitou-se a dar a Paulo todo o dinheiro ganho naquele dia (Paulo ganharia sempre o jogo, uma vez que, sabemos, a ervilha não era colocada sob nenhuma das conchas) ?

Feiticeiros de Finórios

Tocam à porta. O burlão vem atender. Era um estafeta que vinha entregar uma encomenda: «Assine aqui por favor.» O outro foi buscar a sua Yard-O-Led Millennium 2000, e fez um rabisco no papel. O estafeta, fatiota a condizer, pediu então ao burlão: «o patrão se não se importa dá-me uma ajuda, pois o embrulho é pesado?» O outro, resmungando, lá desceu as escadas.

Chegados cá a baixo, o antigo tubarão, agora pato, é surpreendido pelo cano de uma automática: «Entra para o carro, devagarinho; vamos para a esquadra».

O polícia deu uma de impostor, para conseguir que o outro, ao sair da sua casa, pudesse ir de cana sem mandado de busca.


Bigonline (23-09-2005 - 13:59)
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