Caldeirão da Bolsa

O ‘business plan’ da República

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

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por andraderui » 17/10/2005 10:09

Já agora, qual o valor do activo????

1 abraço
andrade
 
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O ‘business plan’ da República

por Jameson » 17/10/2005 9:45

O ‘business plan’ da República

Pedro Marques Pereira

Na recta final de elaboração do Orçamento de Estado para 2006, a administração desta grande empresa chamada Portugal deveria tirar algumas lições do mundo empresarial.

Quando apresentam resultados abaixo do esperado, as empresas fazem quase sempre acompanhar o anúncio dos números negativos de boas notícias para os investidores – e más para os trabalhadores. Para ir directo ao assunto, quanto maior a derrapagem financeira, maior o número de despedimentos necessários para defender o valor das acções. Não é por maldade, mas por uma questão de sobrevivência. Escolher entre sacrificar os trabalhadores ou os accionistas é fácil. Escolhe-se sempre os accionistas. Na realidade, não se pode falar de uma verdadeira escolha. Se os accionistas não gostam do que ouvem, saltam fora. Os trabalhadores apanham por tabela de uma forma ou outra.

Ora, o Governo prepara-se para apresentar o plano de negócios do próximo ano poucos dias depois de, na última apresentação de resultados – as eleições autárquicas – ter derrapado em todos os objectivos propostos. Agora, terá que escolher se prefere apresentar um plano que responda às exigências dos accionistas, todos nós, ou dos trabalhadores, ou seja, da máquina administrativa. Por outras palavras, a escolha é entre salvar a empresa ou prolongar a sua agonia em nome dos postos de trabalho.

O que o Governo tem que fazer é óbvio e as empresas fazem-no – ou deviam fazer – todos os dias. Analisam os mercados em que actuam, fecham as áreas em que outros são mais competitivos, limpam o desperdício e, sim, reduzem postos de trabalho. Assim aumentam as receitas, por concentrarem recursos nas áreas em que fazem melhor do que a concorrência, e reduzem a despesa. É este exercício que dita se as empresas fecham o ano com lucro ou prejuízo, que por razões obscuras leva o nome mais burocrático e suave de défice orçamental quando a empresa é o Estado.

Como qualquer empresa, Portugal precisa de um ‘business plan’ que atraia investidores externos, precisa de vender mais do que compra e de gastar menos do que ganha. No entanto, olhando para os números para que qualquer investidor olha antes de aplicar as suas poupanças, o cenário não é animador. Segundo as estimativas do CFO Fernando Teixeira dos Santos, Portugal, uma corporação que dá prejuízo, ano após ano, desde 1973, deverá fechar as contas de 2005 com perdas de 4,4 mil milhões de euros e um passivo de 92 mil milhões. Alguém investiria numa empresa assim?
O Orçamento de Estado de 2006 é a última oportunidade para o ‘management’ da República mostrar que sabe o que quer. Se lhe falhar a coragem, perderá todo o crédito junto dos accionistas para fazer o ‘turnaround’.
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