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Mercados: Á Beira do Crash?

MensagemEnviado: 26/9/2005 19:39
por Jameson
Dinheiro & Ócio Segunda, 26 de Setembro de 2005

Gestão privada
Mercados: Á Beira do Crash?

José Santos Teixeira

O título acima reproduz, aproximadamente, a capa do suplemento mensal do diário económico francês “Les Echos”, que exprime uma questão que com frequência é enunciada nos meios e na Imprensa financeira.

Nestes meios existe em permanência um “diálogo” entre os que consideram que “vai tudo bem” (os optimistas) e os que pensam que “estamos à beira do abismo” (evidentemente os pessimistas).

Actualmente, o “comandante” dos pessimistas chama-se Stephen Roach e exerce as funções de Chief Economist do prestigiado banco Morgan Stanley. Alguém a escutar com atenção. E que, apesar de não ter tido, ainda, razão, continua a afirmar que quanto mais tempo passar e mais se valorizarem os activos financeiros e imobiliários maior será a queda.

Examinemos as grandes linhas desta perspectiva pessimista:
- Dado que nenhuma correcção gradual teve lugar nos grandes desequilíbrios mundiais, a aterragem violenta (vulgo “crash”) é cada vez mais provável e inevitável;
- Esse momento será aquele em que os mercados financeiros constatarem que o Himalaya das dívidas americanas (Tesouro, empresas e particulares) atingiu os limites do suportável, começarão a desconfiar do valor do dólar e venderão os títulos do Tesouro americano, em que os grandes “superavits” (chinês, árabe e japonês) estão investidos.


Nesse momento as taxas de juro americanas, de longo prazo, acompanharão a subida das taxas de curto prazo, habilmente manuseadas pelo Sr. Greenspan, e ao provocarem dificuldades no reembolso dos créditos hipotecários levarão os endividados proprietários americanos a três tipos de comportamento: diminuição do consumo com o impacto sobre o crescimento; venda de activos financeiros que baixarão de valor; e sobretudo venda apressada de imobiliário provocando uma importante baixa dos preços recordes dos últimos anos.


Evidentemente, estes efeitos em cascata, cuja primeira manifestação será a redução da elevada taxa de crescimento económico americano, transformar-se-ão progressivamente em depressão e contagiarão mais ou menos rapidamente as restantes economias e mercados mundiais.

Sugiro ao leitor que faça aqui uma pausa se se sentir esmagado por esta “versão negra” (curiosamente a cor da capa dos Echos).

Examinemos os argumentos “anti-crash” ou se preferir a versão “cor-de-rosa”.


É sempre possível ao Governo americano aumentar os impostos que diminuíram nos últimos anos, É, aliás, está perspectiva que mantém o valor do USD.


A “bolha imobiliária”, real, começou já a esvaziar-se, progressiva e lentamente.


Existem dois efeitos que contrariam fortemente a inflação nascente:

a mundialização com produções a preços cada vez mais acessíveis;

o excesso de “poupança mundial” localizado nos produtores de petróleo, na China, Índia e Japão.

Esta poupança não encontra investimentos suficientes nos países beneficiários, tendo de procurar mercados e produtos financeiros suficientemente importantes e seguros para investir.

Estimada em 26 000 mil milhões de USD permite a europeus e americanos continuar a viver acima das suas possibilidades e com níveis de endividamento excessivos mas aceites pelos credores. E aos activos em que se investe a não baixarem de preço.

Até quando?
Os credores não têm, hoje, outra solução do que ajudar os devedores a “pagar progressivamente as dívidas”
Estamos todos no mesmo barco. Navegando num mar agitado e com nuvens no horizonte.

Um “furacão” é sempre possível… mas já era assim no tempo do Vasco da Gama.

http://www.diarioeconomico.com/edicion/ ... 26,00.html