À descoberta de novos mercados
Economias alternativas
À descoberta de novos mercados
Ana Filipa Amaro e Catarina Madeira
O caminho para um bom negócio é na maioria das vezes aquele que ainda ninguém descobriu. Se há cerca de 500 anos pegámos em caravelas e rumámos ao desconhecido, o que nos impede, agora, de partir com destino a novos negócios?
“Algumas pessoas vêem as coisas como são e perguntam ‘Porquê?’. Eu sonho com coisas que nunca foram e pergunto ‘Por que não?’.” Esta célebre frase de J. F. Kennedy poderia ser o ponto de partida para um investimento de sucesso. Seguindo esta linha de pensamento, o Dinheiro & Ócio sugere-lhe oportunidades nos mercados mais improváveis. Na era da globalização, quando as distancias são pouco mais do um mero pormenor, alguns destinos exóticos podem oferecer verdadeiras oportunidades negócio.
No reino de Marrocos
O Turismo parece ser a coroa do investimento neste reino tão próximo de terras lusas. De resto, a proximidade do país é desde logo um convite aos empresários portugueses, bem-vindos para a concretização de diversos objectivos traçados pelo governo marroquino reunidos no Plano Azur. Este projecto visa atrair investimento estrangeiro, no sentido de desenvolver as estruturas turísticas locais. Assim, até ao final de 2010 Marrocos espera receber 10 milhões de turistas, mais 7 milhões do que o volume actual de visitantes. Faz, ainda, parte do projecto a construção de cinco novas estações balneares. Um oportunidade que se desenha de forma sedutora aos olhos dos investidores nacionais.
Alguns grupos já equacionam a aposta neste mercado. Fonte oficial das Pousadas de Portugal, integradas no Grupo Pestana, admitiu que “Marrocos pode ser o segundo passo das Pousadas fora de Portugal, já que o primeiro será o Brasil. Será mais uma Pousada a incluir no segmento das Pousadas Históricas”. Os mesmos passos poderão vir a ser seguidos pela Habitur. Esta associação que gere turismo de habitação, mostra-se muito receptiva ao desenvolvimento de projectos que incluam o aproveitamento da estrutura arquitectónica marroquina. No entanto, Francisco Calheiros, presidente da Habitur, sublinha que “este não é um mercado prioritário”, já que as diferenças culturais ainda são uma barreira. Opinião que contrasta com a perspectiva da Portugal Telecom, que, segundo fonte oficial, considera a proximidade geográfica e cultural uma mais valia para as relações comerciais luso-marroquinas.
Aliás, na área das telecomunicações a PT já vingou neste mercado do norte de África, com resultados visivelmente positivos. Com dois milhões de clientes, a Medi, empresa gerida pela PT em parceria com a Telefónica, ultrapassou os 90 milhões de euros de receita no primeiro trimestre de 2005, o que significa um crescimento homólogo de receita de 26%. Depois do sucesso da implementação da rede móvel, fonte oficial da PT refere que o facto de a sua participada estar a desenvolver uma rede fixa no país - um investimento de cerca de 100 milhões de euros nos próximos quatro anos - mostra bem o potencial do mercado marroquino. Apesar da estratégia da Portugal Telecom estar focada no Brasil, a empresa sublinha os bons resultados obtidos em Marrocos, para os quais têm contribuído as “excelentes relações institucionais entre a PT e o governo marroquino”, confirmam que esta aposta é para manter.
Este entusiasmo é reforçado pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Marroquina, Tawfiq Rkibi, que menciona a posição estratégica do país e os acordos de comércio livre celebrados com os Estados Unidos, o Concelho de Cooperação do Golfo, Turquia, Jordânia e África Ocidental e, ainda, o acordo de associação entre Marrocos e a União Europeia. Relações que asseguram “oportunidades de triangulação”, afirma Rkibi. O dirigente refere também que “Marrocos consegiu cativar mais investimento com a criação de Zonas Francas e com a disponibilização do Fundo Hassan II Para o Desenvolvimento - financiamento a fundo perdido da aquisição do terreno e da construção dos edifícios industriais.
A ponte para o Leste
O novo mapa da Europa desenha-se a 25. Neste quadro a Lituânia surge como um novo parceiro europeu, mas também como uma nova oportunidade de negócio. Este pequeno país entre o Ocidente e o Leste poderá ser, antes de mais, uma ponte para a Comunidade de Estados Independentes (CEI), formada pelos antigos países da União Soviética. Ávido de investimento, o país tem procurado atrair capital estrangeiro apostando na redução da burocracia e dos complicados processos administrativos. Apesar de continuar a ser considerado o parente pobre dos Estados Bálticos, a Lituânia herdou da ex-URSS uma vantagem que contribui para a competitividade do país: a mão-de-obra barata e qualificada. Como refere o embaixador lituano em Portugal, Darius Simaitis, “o número anual de licenciados por cada mil habitantes é um dos mais altos na região e o custo de mão-de-obra é dos mais baixos, sendo que a média de salários no sector de manufactura é de 355 euros”. Mas este não é o único benefício que os empreendedores podem encontrar. A Lituânia é o país da Europa que oferece uma das mais baixas tributações sobre os lucros, com taxas que não ultrapassam os 15%.
Mais valias descobertas por Manuel Cruz, empresário português, que introduziu o seu negócio neste mercado do leste, há cerca de dois anos. O responsável pela Sofal, uma fábrica de cerâmicas, revela que o segredo do sucesso naquele país se deve à procura de “produtos de valor acrescentado”, e acrescenta que os lituanos “dão muita importância ao design e à qualidade das peças, ainda não existe o preconceito de que Portugal só vende produtos de baixo valor”. De resto, este rótulo de produção de baixa qualidade tem perseguido os empresários nacionais, razão pela qual Manuel Cruz acusa algumas instituições de não defenderem a imagem do nosso país. “Se houvesse uma maior aposta por parte, por exemplo do ICEP, em mudar a imagem seria mais fácil os outros mercados conhecerem o que Portugal tem para oferecer”, afirma.
Os empresários portugueses facilmente encontrariam, na Lituânia, parceiros em sectores como têxteis, vestuário, maquinaria e madeiras, esta é, pelo menos, a convicção de Darius Simaitis. De acordo com o diplomata as boas infra-estruturas dos parques industriais e condições oferecidas pelas zonas francas são outras oportunidades a considerar. Contudo, difíceis relações com os russos e a barreira cultural e linguística ainda jogam contra o investimento luso, motivo que talvez justifique o facto “das empresas portuguesas dispostas a investir fora do pai, ainda, não terem descoberto a Lituânia”, como constata Simaitis.
Na outra costa do Novo Mundo
Embora chegar ao Chile seja tão fácil como apanhar um voo directo a partir de Madrid, o investimento Português não parece estar a chegar lá tão facilmente. É ainda mais curioso constatar que, embora o Chile esteja à frente de Portugal e de Espanha no ‘ranking’ do crescimento competitivo - números do Fórum Económico Mundial - os fluxos de investimento directo e de turismo entre os dois países são insignificantes. Este cenário não mostra dar sinais de viragem, dado que o forte investimento verificado entre 1999 a 2002 diminuiu drasticamente neste último ano, chegando mesmo a atingir valores negativos.
Do outro lado do Atlântico, o Chile parece estar preparado para receber empreendedores apostados no desenvolvimento de infraestruturas. Alfredo Garcia, Ministro Conselheiro da Embaixada Chilena em Portugal, aponta o turismo e os transportes como os sectores onde a aposta estrangeira é mais necessária. Uma excelente oportunidade para as empresas portuguesas de construção e hotelaria.
A Habitur, organismo ligado aos Solares de Portugal, vê com bons olhos a hipótese de investir neste mercado, no entanto, esta aposta está dependente de um possível programa de apoio da União Europeia. “O turismo no espaço rural está a nascer, só que os padrões de qualidade são muito baixos”, revela Francisco de Calheiros, presidente da Habitur, que acrescenta ainda que “encontramos as melhores condições nas fazendas com produção de vinho que estão interessadas em criar alojamento turístico”. Para este empresário, o Chile é um mercado cheio de potencial para o qual contribuem as afinidades históricas e linguísticas com o mercado Ibérico, por isso mesmo arrisca dizer que “o Chile talvez seja o país mais europeu da América Latina”.
No sentido de estimular a competitividade do país, o executivo chileno tem levado a cabo politicas de incentivo, com base no desenvolvimento das tecnologias e das telecomunicações. Aliás, o governo electrónico está entre os 22 primeiros países a nível mundial.
Apesar de todos estes factores convergirem para um panorama favorável ao investimento, teme-se que a dependência face à economia norte-americana e ao valor do dólar, cause alguma apreensão aos empresários. Além disso, a retracção no investimento estrangeiro poderá ser fruto da instabilidade politica e económica deste país, ainda a cicatrizar as feridas de uma ditadura recente.
Um caminho por desbravar
O exotismo do Vietname poderia ser o primeiro motivo a levar os mais ousados empreendedores a um país que continua a ter alguns mistérios para os europeus.
As suas características naturais tornam-no num destino paradisíaco, óptimo para receber a indústria de turismo. Não nos deixemos levar por filmes “hollywoodescos”. Já passaram décadas sobre a guerra e o Vietname é, agora, um país à espera de ser descoberto na sua essência. Os recantos escondidos de valor mundial - alguns considerados Património da Humanidade -, os elementos culturais e históricos e o renascer da vida rural estão a fazer com que o turismo desperte no Vietname. As cadeias hoteleiras internacionais como a Sofitel e a Melia já marcam presença naquele país com instalações de cinco estrelas, no centro da capital, Hanói. Os preços acessíveis contribuem em grande parte para a crescente procura deste destino de férias.
O Vietname, assim como a maior parte da Ásia, ainda é visto como destino de deslocalização das manufacturas. Encontramos exemplos desta realidade em empresas nacionais, como é o caso da Kyaia, uma fábrica de calçado de Guimarães, que foi para aquele país onde produz actualmente milhares de sapatos. Apesar da elevada taxa de analfabetismo, o facto de existir mão-de-obra barata e precárias regalias sociais levam a que a atracção exercida sobre as empresas seja forte. Mais ainda se pensarmos que o rendimento médio per capita é metade do chinês e um terço auferido pelos brasileiros.
À descoberta de novos mercados
Ana Filipa Amaro e Catarina Madeira
O caminho para um bom negócio é na maioria das vezes aquele que ainda ninguém descobriu. Se há cerca de 500 anos pegámos em caravelas e rumámos ao desconhecido, o que nos impede, agora, de partir com destino a novos negócios?
“Algumas pessoas vêem as coisas como são e perguntam ‘Porquê?’. Eu sonho com coisas que nunca foram e pergunto ‘Por que não?’.” Esta célebre frase de J. F. Kennedy poderia ser o ponto de partida para um investimento de sucesso. Seguindo esta linha de pensamento, o Dinheiro & Ócio sugere-lhe oportunidades nos mercados mais improváveis. Na era da globalização, quando as distancias são pouco mais do um mero pormenor, alguns destinos exóticos podem oferecer verdadeiras oportunidades negócio.
No reino de Marrocos
O Turismo parece ser a coroa do investimento neste reino tão próximo de terras lusas. De resto, a proximidade do país é desde logo um convite aos empresários portugueses, bem-vindos para a concretização de diversos objectivos traçados pelo governo marroquino reunidos no Plano Azur. Este projecto visa atrair investimento estrangeiro, no sentido de desenvolver as estruturas turísticas locais. Assim, até ao final de 2010 Marrocos espera receber 10 milhões de turistas, mais 7 milhões do que o volume actual de visitantes. Faz, ainda, parte do projecto a construção de cinco novas estações balneares. Um oportunidade que se desenha de forma sedutora aos olhos dos investidores nacionais.
Alguns grupos já equacionam a aposta neste mercado. Fonte oficial das Pousadas de Portugal, integradas no Grupo Pestana, admitiu que “Marrocos pode ser o segundo passo das Pousadas fora de Portugal, já que o primeiro será o Brasil. Será mais uma Pousada a incluir no segmento das Pousadas Históricas”. Os mesmos passos poderão vir a ser seguidos pela Habitur. Esta associação que gere turismo de habitação, mostra-se muito receptiva ao desenvolvimento de projectos que incluam o aproveitamento da estrutura arquitectónica marroquina. No entanto, Francisco Calheiros, presidente da Habitur, sublinha que “este não é um mercado prioritário”, já que as diferenças culturais ainda são uma barreira. Opinião que contrasta com a perspectiva da Portugal Telecom, que, segundo fonte oficial, considera a proximidade geográfica e cultural uma mais valia para as relações comerciais luso-marroquinas.
Aliás, na área das telecomunicações a PT já vingou neste mercado do norte de África, com resultados visivelmente positivos. Com dois milhões de clientes, a Medi, empresa gerida pela PT em parceria com a Telefónica, ultrapassou os 90 milhões de euros de receita no primeiro trimestre de 2005, o que significa um crescimento homólogo de receita de 26%. Depois do sucesso da implementação da rede móvel, fonte oficial da PT refere que o facto de a sua participada estar a desenvolver uma rede fixa no país - um investimento de cerca de 100 milhões de euros nos próximos quatro anos - mostra bem o potencial do mercado marroquino. Apesar da estratégia da Portugal Telecom estar focada no Brasil, a empresa sublinha os bons resultados obtidos em Marrocos, para os quais têm contribuído as “excelentes relações institucionais entre a PT e o governo marroquino”, confirmam que esta aposta é para manter.
Este entusiasmo é reforçado pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Marroquina, Tawfiq Rkibi, que menciona a posição estratégica do país e os acordos de comércio livre celebrados com os Estados Unidos, o Concelho de Cooperação do Golfo, Turquia, Jordânia e África Ocidental e, ainda, o acordo de associação entre Marrocos e a União Europeia. Relações que asseguram “oportunidades de triangulação”, afirma Rkibi. O dirigente refere também que “Marrocos consegiu cativar mais investimento com a criação de Zonas Francas e com a disponibilização do Fundo Hassan II Para o Desenvolvimento - financiamento a fundo perdido da aquisição do terreno e da construção dos edifícios industriais.
A ponte para o Leste
O novo mapa da Europa desenha-se a 25. Neste quadro a Lituânia surge como um novo parceiro europeu, mas também como uma nova oportunidade de negócio. Este pequeno país entre o Ocidente e o Leste poderá ser, antes de mais, uma ponte para a Comunidade de Estados Independentes (CEI), formada pelos antigos países da União Soviética. Ávido de investimento, o país tem procurado atrair capital estrangeiro apostando na redução da burocracia e dos complicados processos administrativos. Apesar de continuar a ser considerado o parente pobre dos Estados Bálticos, a Lituânia herdou da ex-URSS uma vantagem que contribui para a competitividade do país: a mão-de-obra barata e qualificada. Como refere o embaixador lituano em Portugal, Darius Simaitis, “o número anual de licenciados por cada mil habitantes é um dos mais altos na região e o custo de mão-de-obra é dos mais baixos, sendo que a média de salários no sector de manufactura é de 355 euros”. Mas este não é o único benefício que os empreendedores podem encontrar. A Lituânia é o país da Europa que oferece uma das mais baixas tributações sobre os lucros, com taxas que não ultrapassam os 15%.
Mais valias descobertas por Manuel Cruz, empresário português, que introduziu o seu negócio neste mercado do leste, há cerca de dois anos. O responsável pela Sofal, uma fábrica de cerâmicas, revela que o segredo do sucesso naquele país se deve à procura de “produtos de valor acrescentado”, e acrescenta que os lituanos “dão muita importância ao design e à qualidade das peças, ainda não existe o preconceito de que Portugal só vende produtos de baixo valor”. De resto, este rótulo de produção de baixa qualidade tem perseguido os empresários nacionais, razão pela qual Manuel Cruz acusa algumas instituições de não defenderem a imagem do nosso país. “Se houvesse uma maior aposta por parte, por exemplo do ICEP, em mudar a imagem seria mais fácil os outros mercados conhecerem o que Portugal tem para oferecer”, afirma.
Os empresários portugueses facilmente encontrariam, na Lituânia, parceiros em sectores como têxteis, vestuário, maquinaria e madeiras, esta é, pelo menos, a convicção de Darius Simaitis. De acordo com o diplomata as boas infra-estruturas dos parques industriais e condições oferecidas pelas zonas francas são outras oportunidades a considerar. Contudo, difíceis relações com os russos e a barreira cultural e linguística ainda jogam contra o investimento luso, motivo que talvez justifique o facto “das empresas portuguesas dispostas a investir fora do pai, ainda, não terem descoberto a Lituânia”, como constata Simaitis.
Na outra costa do Novo Mundo
Embora chegar ao Chile seja tão fácil como apanhar um voo directo a partir de Madrid, o investimento Português não parece estar a chegar lá tão facilmente. É ainda mais curioso constatar que, embora o Chile esteja à frente de Portugal e de Espanha no ‘ranking’ do crescimento competitivo - números do Fórum Económico Mundial - os fluxos de investimento directo e de turismo entre os dois países são insignificantes. Este cenário não mostra dar sinais de viragem, dado que o forte investimento verificado entre 1999 a 2002 diminuiu drasticamente neste último ano, chegando mesmo a atingir valores negativos.
Do outro lado do Atlântico, o Chile parece estar preparado para receber empreendedores apostados no desenvolvimento de infraestruturas. Alfredo Garcia, Ministro Conselheiro da Embaixada Chilena em Portugal, aponta o turismo e os transportes como os sectores onde a aposta estrangeira é mais necessária. Uma excelente oportunidade para as empresas portuguesas de construção e hotelaria.
A Habitur, organismo ligado aos Solares de Portugal, vê com bons olhos a hipótese de investir neste mercado, no entanto, esta aposta está dependente de um possível programa de apoio da União Europeia. “O turismo no espaço rural está a nascer, só que os padrões de qualidade são muito baixos”, revela Francisco de Calheiros, presidente da Habitur, que acrescenta ainda que “encontramos as melhores condições nas fazendas com produção de vinho que estão interessadas em criar alojamento turístico”. Para este empresário, o Chile é um mercado cheio de potencial para o qual contribuem as afinidades históricas e linguísticas com o mercado Ibérico, por isso mesmo arrisca dizer que “o Chile talvez seja o país mais europeu da América Latina”.
No sentido de estimular a competitividade do país, o executivo chileno tem levado a cabo politicas de incentivo, com base no desenvolvimento das tecnologias e das telecomunicações. Aliás, o governo electrónico está entre os 22 primeiros países a nível mundial.
Apesar de todos estes factores convergirem para um panorama favorável ao investimento, teme-se que a dependência face à economia norte-americana e ao valor do dólar, cause alguma apreensão aos empresários. Além disso, a retracção no investimento estrangeiro poderá ser fruto da instabilidade politica e económica deste país, ainda a cicatrizar as feridas de uma ditadura recente.
Um caminho por desbravar
O exotismo do Vietname poderia ser o primeiro motivo a levar os mais ousados empreendedores a um país que continua a ter alguns mistérios para os europeus.
As suas características naturais tornam-no num destino paradisíaco, óptimo para receber a indústria de turismo. Não nos deixemos levar por filmes “hollywoodescos”. Já passaram décadas sobre a guerra e o Vietname é, agora, um país à espera de ser descoberto na sua essência. Os recantos escondidos de valor mundial - alguns considerados Património da Humanidade -, os elementos culturais e históricos e o renascer da vida rural estão a fazer com que o turismo desperte no Vietname. As cadeias hoteleiras internacionais como a Sofitel e a Melia já marcam presença naquele país com instalações de cinco estrelas, no centro da capital, Hanói. Os preços acessíveis contribuem em grande parte para a crescente procura deste destino de férias.
O Vietname, assim como a maior parte da Ásia, ainda é visto como destino de deslocalização das manufacturas. Encontramos exemplos desta realidade em empresas nacionais, como é o caso da Kyaia, uma fábrica de calçado de Guimarães, que foi para aquele país onde produz actualmente milhares de sapatos. Apesar da elevada taxa de analfabetismo, o facto de existir mão-de-obra barata e precárias regalias sociais levam a que a atracção exercida sobre as empresas seja forte. Mais ainda se pensarmos que o rendimento médio per capita é metade do chinês e um terço auferido pelos brasileiros.