ECONOMIA Publicado 21 Julho 2005 10:56
Analistas dizem que saída de Campos e Cunha afecta confiança de investidores estrangeiros
A bolsa de Lisboa, numa altura em que as principais praças financeiras na Europa rompiam novos máximos, voltava a negociar em queda. Os analistas defendem que este comportamento de «underperform» não é de hoje, mas que a saída de Campos e Cunha poderá afectar a confiança dos investidores, sobretudo os estrangeiros.
Pedro Carvalho
pc@mediafin.ptA bolsa de Lisboa, numa altura em que as principais praças financeiras na Europa rompiam novos máximos, voltava a negociar em queda. Os analistas defendem que este comportamento de «underperform» não é de hoje, mas que a saída de Campos e Cunha poderá afectar a confiança dos investidores, sobretudo os estrangeiros.
O índice PSI-20 [Cot] negociava em queda de 0,09% para os 7.485,86 pontos, numa altura em que os principais índices na Europa transaccionavam em máximos de três a quatro anos.
De acordo com os analistas, esta situação de «underperform» do mercado português face ao resto da Europa não é de hoje, embora considerem que a demissão de Campos e Cunha poderá afectar a confiança dos investidores, sobretudo os institucionais estrangeiros.
Luís Campos e Cunha, ministro das Finanças, pediu ontem a demissão deste cargo, alegando motivos pessoais, familiares e cansaço. Fernando Teixeira dos Santos, até agora presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), será o próximo ministro das Finanças.
«No imediato, esta demissão não deverá afectar o mercado, já que esta situação que se verifica hoje - de "underperform" face ao resto da Europa – não é nova», segundo Nuno Matias, analistas do Banco de Investimento Global (BIG)
Este ano, a Euronext Lisbon está a sofrer uma queda de 1,52%, num período em que os 16 maiores índices da Europa Ocidental estão todos a acumular ganhos, alguns de mais de 10%.
«A economia do país está pouco atractiva para os investidores estrangeiros e as notícias como esta [demissão de Campos e Cunha] não são animadoras» e têm «um impacto na credibilidade internacional do país esta alteração no Governo no espaço de apenas quatro meses».
Nas próximas sessão, o analista do BIG afirma que tudo vai depender da postura de Teixeira dos Santos, ou seja, «se vai inverter ou reforçar a política de contenção que ia sendo levada a cabo por Campos e Cunha» e já aplaudida pelas agência de «rating» internacionais.
O analista recorda a reacção [de queda] da bolsa nacional na altura em que o Presidente da República dissolveu o Parlamento. Poucos dias volvidos, a confiança regressou ao mercado e o PSI-20 voltou a acompanhar o andamento das restantes praças financeiras na Europa.
«Esta não é uma situação positiva em termos de confiança, mas é uma situação temporária e o Governo deverá ganhar de novo a confiança dos investidores e do mercado financeiro depois de verem que Teixeira dos Santos está a levar a cabo a mesma política em relação ao défice», opinou Ana Claudino, economista-chefe do BBVA, em declarações à agência Bloomberg.