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[marafado]

Restrições: Estudo do BES revela

Medidas contra o défice penalizam empresas

Natália Ferraz

Pacote restritivo vai ter impacto negativo nas empresas

As medidas restritivas propostas pelo Governo para reduzir o défice orçamental podem penalizar em até cinco por cento o preço das acções e em até 6,2 por cento os resultados das empresas portuguesas, prevêem os analistas do BES.


Numa nota divulgada ontem pelo Espírito Santo Research sobre Portugal, os analistas explicam que decidiram rever de 1,5 para um valor abaixo de 1 por cento a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano depois de ter sido divulgado que o défice orçamental seria de 6,8 por cento no final de 2005, caso não fossem tomadas quaisquer medidas e após o Governo ter anunciado medidas restritivas.

Essa alteração de cenário provoca uma revisão em baixa de até um por cento das vendas das empresas portuguesas, que deve implicar uma descida entre 0,3 e 5 por cento do preço das acções e uma queda entre 0,4 e 6,2 por cento dos seus resultados líquidos.

As empresas cotadas no PSI 20 que mais penalizadas deverão ser com esta alteração de cenário, em termos de lucros, são a Sonaecom (menos 6,2 por cento) e a Impresa (menos 5,7 por cento).

Segundo os analistas do BES, a Sonaecom deve ser prejudicada pela subida de 19 para 21 por cento da taxa normal do IVA, afectada essencialmente pelo segmento de clientes pré-pagos.

Já a Impresa pode vir a ser penalizada pela quebra de receitas de publicidade, numa ocasião em que se espera alguma retracção do consumo. Ainda assim, o BES mantém a recomendação de compra das acções da Impresa, atribuindo-lhe um potencial de valorização de perto de 33 por cento.

A recomendação sobre a Sonaecom mantém-se neutra, embora com um potencial de subida de 23 por cento.

Em termos de variações no valor da empresa, aferidas pelo preço das acções cotadas, o BES antecipa que a Sonaecom e a Impresa sejam novamente as mais penalizadas, com descidas de 4,9 e 4,2 por cento, respectivamente.

As menos penalizadas pelas novas medidas restritivas anunciadas pelo Executivo devem ser a Mota-Engil e a Sonae Indústria, embora estas não façam parte do PSI 20. Dentro do principal índice bolsista da Euronext Lisboa, as empresas menos penalizadas devem ser a EDP e a PTM.

Na banca, segmento que foi analisado separadamente, espera-se uma redução de 6,2 por cento no lucro do BCP e de 7,6 por cento no resultado líquido do BPI.

COMPANHAS VÃO PERDER COMPETITIVIDADE

Segundo Pedro Duarte da correctora LJ Carregosa “é evidente” que as medidas anunciadas pelo Governo vão penalizar as empresas e o País. O corrector salienta que o pacote restritivo apresentado pelo Executivo liderado por José Sócrates vai “desde logo afectar a competitividade das empresas”.

“Se analisarmos cada uma das medidas anunciadas, pegando mesmo na mais simples delas, que é o aumento do IVA para 21 por cento vemos que as empresas e os consumidores portugueses vão ser afectados por uma perda de competitividade”, frisou Pedro Duarte ao comentar para o CM a nota ontem divulgada pelo Espírito Santo Research. Para este responsável da LJ Carregosa, “todas as medidas que tenham em vista diminuir o défice orçamental e que incidam sobre as empresas e os particulares têm de ser pagas por alguém e são sempre os mesmos a pagá-las”.

Note-se que, o pacote de medidas restritivas apresentado pelo Governo à Assembleia da República passa pela subida de alguns impostos, nomeadamente do IVA, do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e do Imposto sobre o Tabaco.

Existem também outros tipos de medidas, como é o caso do fim de certos benefícios fiscais para a chamada “lavagem de dividendos” e reporte de prejuízos entre empresas.