Caso - Carlos Xavier confirma que foi contactado pela PJ
Judiciária investiga jogo Estoril-Benfica
Vasco Célio/Record
A Polícia Judiciária abriu uma investigação ao jogo Estoril-Benfica (1-2), da
30.ª jornada da SuperLiga, informação que foi apurada pelo CM e confirmada
ontem ao nosso jornal pelo técnico adjunto dos 'canarinhos', Carlos Xavier.
"É verdade que a Polícia Judiciária andou a recolher informações. Fui
contactado por eles logo a seguir ao jogo e disseram-me que mais tarde
voltariam a entrar em contacto comigo. Eu coloquei-me à disposição deles, mas
desde então nunca mais falaram comigo. Espero que as coisas não tenham ficado
em águas de bacalhau", afirmou Carlos Xavier ao CM.
O técnico adjunto foi a voz da revolta estorilista na sequência do polémico
jogo. "Eu na altura disse o que tinha a dizer para defender a minha equipa.
Fomos prejudicados em três pontos naquele jogo e outros três na primeira volta,
fora outros jogos, e se não fosse isso podíamos estar aqui a festejar a
manutenção. A partir daí, as autoridades que façam o seu trabalho. Se há alguma
coisa a averiguar que averiguem, se não andamos sempre com suspeitas mas nunca
se chega a lado nenhum. Se calhar, a PJ já devia estar atenta há muito tempo e
o que se passou foi a gota de água", disse.
Na altura, Xavier apontou o dedo a José Veiga, director-geral da SAD do
Benfica: "Ouvi José Veiga dizer ao [treinador do Estoril] Litos, logo no final
do jogo, que ele ia para o desemprego", afirmou Xavier, à Rádio Renascença, um
dia depois da partida, atirando-se depois ao árbitro: "Parecia que estávamos
num jogo de apresentação do Benfica. O árbitro ficou com umas botas deles.
Chegou uma altura que me fui embora porque estava enojado".
O árbitro Hélio Santos reagiu de pronto. "Tinha as minhas botas a descolar e
pedi umas emprestadas, primeiro ao Estoril. Disseram-me que não tinham e fui
ter com elementos do Benfica que me disponibilizaram um par do meu número",
disse o juiz lisboeta.
"DEVEM-ME QUATRO MESES"
Xavier não poupa também críticas a António Figueiredo: "O presidente da SAD do
Estoril achou que eu estava a defender outro clube, por causa do meu passado no
Sporting, e não me pagaram os salários de Fevereiro, Março, Abril e Maio. O
caso está entregue ao meu advogado. No Sporting ensinaram-me a ser sério".
António Figueiredo escusou-se a comentar os salários em atraso e diz
desconhecer uma investigação da PJ. "É uma completa novidade para mim e nao sei
o que há para investigar. Fico satisfeito que investiguem para desmitificar
muita conversa que andou por aí", disse ao CM.
Da parte do Benfica, o director de comunicação Cunha Vaz afirmou ao CM: "O
Benfica desconhece a existência de qualquer investigação".
'NUNCA FUI OUVIDO PELA PJ'
O lateral-direito do Estoril, Rui Duarte, garantiu ontem ao CM que não foi
ouvido pela Polícia Judiciária. Na altura levantaram-se suspeitas sobre a
expulsão do jogador logo nos primeiros minutos de jogo e chegou a sugerir-se
que Duarte teria já um acordo para jogar no Benfica. Estes rumores terão levado
a PJ a colocar-se em campo, mas o jogador nega ter sido contactado. "Nunca fui
ouvido pela PJ e estou supertranquilo. Não tenho nada certo com o Benfica e
nunca me passaria pela cabeça uma situação dessas porque não faz parte do meu
modo de vida. Quem me viu a chorar dentro da cabina depois da expulsão sabe que
não foi de propósito. Foi a primeira vez que fui expulso e acho que o árbitro
foi demasiado rigoroso. Ninguém mais do que eu queria jogar aquele jogo", disse
ao CM. O jogador deve sair do Estoril: "Ainda não tenho o meu futuro definido,
mas no Estoril em princípio não fico".
ALMOÇOS ESTRANHOS
Uma das situações que terá chamado a atenção da Polícia Judiciária foi uma
denúncia feita por Carlos Xavier em relação a José Fernando, primo de José
Veiga, que trabalha na SAD do Benfica, com funções ligadas à segurança. Na
altura, o técnico adjunto garantiu que este elemento tentou encontrar-se com
alguns jogadores do Estoril na semana anterior ao jogo: "Um indivíduo do
Benfica, um segurança primo não sei de quem que os costuma acompanhar, o qual
já tinha estado envolvido nos incidentes da Luz na primeira volta, e que já
trabalhou no Estoril, teve o descaramento de aparecer na Amoreira, na última
semana, quando no passado nem lhes falava, a fim de convidar jogadores para
almoçar. No mínimo, é estranho". Estas declarações terão sido, segundo apurou o
CM, um dos motivos que levou a PJ a investigar.
O JOGO DA POLÉMICA
ESTÁDIO 'ENCARNADO'
A polémica começou antes do encontro porque o Estoril aceitou jogar no Estádio
do Algarve e não no seu recinto na Amoreira. Dessa forma, o Estoril garantiu
uma excelente receita, mas foi como se jogasse fora, com os benfiquistas a
ocuparem a quase totalidade dos 30 mil lugares.
CASOS DO JOGO
O jogo teve alguns casos. Na expulsão precoce de Rui Duarte, o juiz limitou-se
a aplicar a lei. Mas há um penálti de Ricardo Rocha sobre Moses não assinalado.
A expulsão de João Paulo (79') por palavras pareceu demasiado rigorosa. E há
dúvidas sobre o livre que deu o golo da vitória do Benfica.
BENFICA SOFREU
O jogo começou mal para o Benfica, que aos onze minutos já perdia por 0-1, golo
de Paulo Sousa.
O empate surgiu aos 76 minutos, com Luisão a cabecear para as redes. E só a
oito minutos do fim, já com o Estoril reduzido a nove, o Benfica chegou à
vitória. Petit apontou o livre e Mantorras encostou para a baliza.
Bernardo Esteves
Pois é, esta notícia passou ontem timidamente na sic notícias e vem agora no record, mas parece que a censura está a trabalhar muito bem
Até a criatura que costuma poisar no estádio do "gloriojo éxelebe" chora de vergonha
