Caldeirão da Bolsa

8 Factores que explicam a quebra de confiança

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

8 Factores que explicam a quebra de confiança

por luiz22 » 31/5/2005 16:58

31 Maio 2005 16:54
Impacto do combate ao défice no mercado de capitais nacional
8 Factores que explicam a quebra de confiança
Ainda é cedo para calcular o impacto na bolsa do combate ao défice anunciado pelo Governo. Mas há muitos factores que, mesmo indirectamente, já começam a penalizar o sentimento dos investidores. O facto é que, após o anúncio, a bolsa esteve sempre em queda.

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Ricardo Domingos
rd@mediafin.pt



1 -Aumento de impostos
2 - Ambiente recessivo
3 - Retalhistas penalizadas
4 - SCUTs sem portagens

5 - Défice de credibilidade
6 - Fiscalidade a mais
7 - Lavagem de dividendos
8 - Cerco à banca continua



O impacto na bolsa das medidas de combate ao défice orçamental anunciadas pelo Governo é considerado por analistas e investidores institucionais como relativo. Isto porque não houve nenhuma apontada directamente ao coração do mercado de capitais nacional. Mas o que nem uns nem outros negam é que a confiança dos investidores – o maior barómetro para o investimento – na praça nacional se deteriorou.

«O mau comportamento da bolsa nacional é natural, pois o aumento de impostos tem efeito ao nível da actividade económica», explicou ao Jornal de Negócios Carlos Bastardo, director geral do Barclays Fundos, em Lisboa. O mercado português fica assim «menos atractivo para os investidores», acrescenta. A correlação entre a evolução da economia, que se vê mais fragilizada, e a actividade das empresas é uma das principais razões apontadas para algum pessimismo na bolsa.

«A redução dos lucros das empresas (resultante de um maior abrandamento económico) é a consequência com mais impacto» na bolsa, afirma Garcia dos Santos, presidente da Associação Portuguesa de Correta-gem. O mesmo responsável afirma que o «clima geral é negativo», mas considera «prematuro» identificar os factores de deterioração da confiança dos investidores, uma vez que o impacto será sempre mais «indirecto» do que directo.

Mesmo assim considera que a intenção enunciada por Sócrates de criar «mecanismos efectivos que evitem a ‘lavagem’ de dividendo» seja a medida que, à partida, poderá ter efeitos mais imediatos na bolsa. A lavagem de dividendos é uma prática comum em Portugal e resulta da diferença entre a taxa de IRS ou de IRC que é aplicada aos investidores residentes e não residentes.

Garcia dos Santos explica que este tipo de operações tem como principal objectivo evitar a dupla tributação, lembrando que há acordos internacionais nesse sentido que, tendencialmente, vão acabar por ser cumpridos.

1 - Aumento de impostos
> Um aumento generalizado dos impostos (ISP, IRS no escalão mais elevado, tabaco) afecta o consumo privado e, consequentemente, o rendimento disponível dos pequenos investidores na praça nacional que, assim, vêem reduzida a possibilidade de fazerem mais aplicações em bolsa.
2 - Ambiente recessivo
> Algumas das medidas poderão ter algum carácter recessivo, ou seja, impedem um maior crescimento da economia nacional que, já de si, é débil. Esse ambiente recessivo penaliza as empresas, pois afecta a capacidade das mesmas em aumentarem as suas vendas.
3 - Retalhistas penalizadas
> O sector que mais sofre com uma eventual quebra do consumo privado é o do retalho. Os investidores já perceberam isso e, na passada sexta-feira, as acções da Jerónimo Martins caíram 2,61%. A Sonae SGPS, que controla a Modelo Continente, registou uma queda de 2,44%.


4 - SCUTs sem portagens
> Afinal o Governo vai manter as auto-estradas sem portagens, o que afecta a Brisa. A especulação de que as portagens poderiam ser introduzidas levarou a subidas da Brisa, porque passava a ver uma desvantagem comparativa eliminada face às SCUTs. Agora, a desvantagem mantém-se.
5 - Défice de credibilidade
> Com um défice orçamental perto de 7% do PIB, a credibilidade do país no estrangeiro, especialmente noutros países da Zona Euro, fica afectada. Pode levar a um sentimento mais psicológico de que mais vale investir em países mais cumpridores dos compromissos do euro.
6 - Fiscalidade a mais
> Apesar do aumento dos impostos não incidir directamente nas empresas, o facto de haver mais impostos pode levar os estrangeiros a procurar outras paragens em que a fiscalidade pesa menos. Exemplos como a Polónia e Grécia são apontados por alguns analistas.


7 - Lavagem de dividendos
> A intenção anunciada por José Sócrates de criar mecanismos que eliminem a lavagem de dividendos é negativa para os investidores que usavam essa prática para evitarem a dupla tributação. PT, EDP, BCP e PTM são alguns exemplos de empresas onde os investidores faziam esta operação.
8 - Cerco à banca continua
> A banca paga uma das taxas de imposto mais baixas em Portugal, pelo que os últimos Governos têm vindo a aumentar a carga fiscal das instituições financeiras. O Governo vai avançar com a revisão da isenção de IVA no contexto da reestruturação de grupos do sector financeiro.
 
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