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Jornal de Negócios Online
negocios@mediafin.pt
O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva defendeu hoje que existe em Portugal um «ambiente favorável» junto dos sindicatos para a realização de reformas estruturais que são impopulares, mas imprescindíveis para a retoma da convergência coma União Europeia, noticiou a Lusa
«Se fizermos agora aquilo que deve ser feito, e há indicadores ténues de que o ciclo pode estar a inverter-se, podemos ter algumas dificuldades momentâneas, mas daqui a dois anos estaremos na primeira divisão da União Europeia (UE), ao lado da Alemanha, França, Dinamarca, Holanda e Bélgica, e não na segunda divisão, com a Letónia, Estónia ou Bulgária», salientou Cavaco Silva.
«Ninguém pode dizer que os sindicatos estão a criar obstáculos à modernização das empresas e nota-se uma maior receptividade da opinião pública a reformas que se sabe não poderem ser mais adiadas», acrescentou.
O economista e antigo primeiro-ministro falava na Faculdade de Economia do Porto, onde participou numa conferência intitulada «Portugal: A caminho da Convergência?», a última de um ciclo promovido pela associação de estudantes.
Com uma linha de discurso coincidente com as prioridades definidas pelo novo Governo de José Sócrates, Cavaco Silva admitiu as convergências e manifestou-se «satisfeito» com o facto de o programa político socialista «não ser muito diferente» do que vem defendendo «pelo menos desde 1999».
Entre as reformas imprescindíveis, mas também impopulares, para a retoma do processo de convergência, Cavaco Silva apontou a da administração pública, do sistema judicial, educação, o aumento da concorrência e o combate ao desordenamento do território. Reformas que, admitiu Cavaco Silva, «no curto-prazo podem aumentar o desemprego», mas são inadiáveis.
Para o antigo primeiro-ministro, «a retórica antiglobalização e contra os países de Leste não vai produzir resultados, porque esta está aí para ficar», e o futuro passa pela alteração da estrutura da produção portuguesa, no sentido de uma «maior qualidade, valor acrescentado e conteúdo tecnológico».
Como prioridade absoluta no regresso ao processo de convergência interrompido «há cinco anos consecutivos», Cavaco Silva apontou o fortalecimento do sector exportador de bens e serviços. Portugal foi o único entre os vários países da União Europeia que perdeu peso exportador entre 1990 e 2004, de 33 para 31% do produto interno bruto (PIB), ficando abaixo da média europeia.
Neste âmbito, o antigo primeiro-ministro defendeu uma contenção dos custos de produção (incluindo os salários, embora esta não seja uma estratégia de futuro), e uma «maior agressividade» das empresas portuguesas nos mercados externos.
«Há que empurrar as médias empresas portuguesas para a exportação, pelo menos para o mercado espanhol, ao qual se deve prestar mais atenção porque Portugal tem aí grandes vantagens face aos países do Leste europeu», defendeu.
A este nível, Cavaco Silva recomendou ainda medidas de apoio públicas a um melhor conhecimento dos mercados externos pelas empresas portuguesas, ao marketing, à criação e difusão de marcas e à imagem do país no exterior.
Considerando «difícil, mas possível» o regresso de Portugal à convergência com a União Europeia, Cavaco Silva terminou escusando-se a esclarecer um eventual regresso à vida política activa, nomeadamente através de uma candidatura à Presidência da República, afirmando apenas manter bastantes «dúvidas».
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O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva defendeu hoje que existe em Portugal um «ambiente favorável» junto dos sindicatos para a realização de reformas estruturais que são impopulares, mas imprescindíveis para a retoma da convergência coma União Europeia, noticiou a Lusa
«Se fizermos agora aquilo que deve ser feito, e há indicadores ténues de que o ciclo pode estar a inverter-se, podemos ter algumas dificuldades momentâneas, mas daqui a dois anos estaremos na primeira divisão da União Europeia (UE), ao lado da Alemanha, França, Dinamarca, Holanda e Bélgica, e não na segunda divisão, com a Letónia, Estónia ou Bulgária», salientou Cavaco Silva.
«Ninguém pode dizer que os sindicatos estão a criar obstáculos à modernização das empresas e nota-se uma maior receptividade da opinião pública a reformas que se sabe não poderem ser mais adiadas», acrescentou.
O economista e antigo primeiro-ministro falava na Faculdade de Economia do Porto, onde participou numa conferência intitulada «Portugal: A caminho da Convergência?», a última de um ciclo promovido pela associação de estudantes.
Com uma linha de discurso coincidente com as prioridades definidas pelo novo Governo de José Sócrates, Cavaco Silva admitiu as convergências e manifestou-se «satisfeito» com o facto de o programa político socialista «não ser muito diferente» do que vem defendendo «pelo menos desde 1999».
Entre as reformas imprescindíveis, mas também impopulares, para a retoma do processo de convergência, Cavaco Silva apontou a da administração pública, do sistema judicial, educação, o aumento da concorrência e o combate ao desordenamento do território. Reformas que, admitiu Cavaco Silva, «no curto-prazo podem aumentar o desemprego», mas são inadiáveis.
Para o antigo primeiro-ministro, «a retórica antiglobalização e contra os países de Leste não vai produzir resultados, porque esta está aí para ficar», e o futuro passa pela alteração da estrutura da produção portuguesa, no sentido de uma «maior qualidade, valor acrescentado e conteúdo tecnológico».
Como prioridade absoluta no regresso ao processo de convergência interrompido «há cinco anos consecutivos», Cavaco Silva apontou o fortalecimento do sector exportador de bens e serviços. Portugal foi o único entre os vários países da União Europeia que perdeu peso exportador entre 1990 e 2004, de 33 para 31% do produto interno bruto (PIB), ficando abaixo da média europeia.
Neste âmbito, o antigo primeiro-ministro defendeu uma contenção dos custos de produção (incluindo os salários, embora esta não seja uma estratégia de futuro), e uma «maior agressividade» das empresas portuguesas nos mercados externos.
«Há que empurrar as médias empresas portuguesas para a exportação, pelo menos para o mercado espanhol, ao qual se deve prestar mais atenção porque Portugal tem aí grandes vantagens face aos países do Leste europeu», defendeu.
A este nível, Cavaco Silva recomendou ainda medidas de apoio públicas a um melhor conhecimento dos mercados externos pelas empresas portuguesas, ao marketing, à criação e difusão de marcas e à imagem do país no exterior.
Considerando «difícil, mas possível» o regresso de Portugal à convergência com a União Europeia, Cavaco Silva terminou escusando-se a esclarecer um eventual regresso à vida política activa, nomeadamente através de uma candidatura à Presidência da República, afirmando apenas manter bastantes «dúvidas».