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Caldeirão da Bolsa

Portugal e o Futuro.

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Portugal e o Futuro

por Huguinho » 11/11/2002 14:23

Chiça pà !!

Presgaste-me um susto do caraças...pensava que ias falar do Spínola...

Quanto ao post... bom, muito bom dà que pensar.

Podias é deixar aqui aquele(s) que escreveste no Vasco Soares sobre estratégia e competividade.

Até mais
Huguinho
 

Rectificação

por Serrano » 11/11/2002 13:01

colonialismo, porra!
 
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Excelente!

por Serrano » 11/11/2002 12:56

Mais uma vez excelente.
Só duas pequenas notas:
- Lembrar que sofremos o culionalismo informal inglês, que tinha os seus representantes na corte portuguesa, e ficou com a maior parte do lucro material do império português;
- Que aqui ao lado em Castilla, o rei "eleito" pelo generalíssimo Franco, sim que este não foi por Deus, como costumam dizer os outros reis, também e Filipe!
Obrigado.
 
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por Pata-Hari » 11/11/2002 9:01

Eu acrescento a Irlanda como exemplo e relembro que a riqueza de recursos naturais não é argumento em paises como a Finlandia. E no entanto... olhem onde eles estão (tb acrescento que a realidade de vida da finlandia é TÂO diferente da nossa que não é muito comparável em muitas coisas. A organização social e de estrutura econónica usa um modelo suficientemente diferente para as realidades não serem comparáveis).

Concordo com o Atornez.
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por atomez » 11/11/2002 5:00

Portugal deve manter-se como país independente e viável? Estou 100% de acordo.

Só que nos tempos que correm um país, qualquer que ele seja, para se manter independente e viável precisa de uma coisa que se resume em 2 palavras - desenvolvimento económico.

Porque é o desenvolvimento económico que "paga" todas as outras facetas nacionais.

Um país pequeno, médio, grande ou até mesmo grande potência, mesmo que tenha um notável desenvolvimento político, cultural, social, demográfico, ecológico, científico, tecnológico, e até mesmo militar, NÃO É VIÁVEL se não tiver também desenvolvimento económico.

O melhor exemplo está à vista de todos - a ex-União Soviética e o que lhe aconteceu.

Portugal, país pequeno, periférico, sem recursos naturais excepcionais e relativamente atrasado, se se fechar para dentro de si próprio está condenado. Para sobreviver tem de concorrer no exterior. Mais do que isso, tem de concorrer contra o exterior. E isso só é possível se os gestores e empresários nacionais forem pelo menos tão bons como os outros. Ou ainda melhores.

E não é com proteccionismos estatais, mesmo que mitigados ou "iluminados", que vão conseguir sê-lo. Pelo contrário o proteccionaismo estatal só vai piorar a situação e adiar o problema por pouco tempo mais.

Há países mais pequenos que Portugal, tanto na UE e fora dela, como Bélgica, Holanda, Irlanda, Dinamarca, Finlândia, Suiça, que prosperam. Ao menos aprendam alguma coisa com eles e não com com os dinossauros.
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por jotabil » 7/11/2002 23:31

Com todo o respeito.......meu amigo pat.........li, mas existem coisas em que temos de reflectir....isto não é assim tão sinfónico.......isto é....quem é que definiu os direitos humanos?......mas afinal quem é que os pode definir?.....não conhecemos a verdade...nem sequer parte da verdade.....se o soubessemos seriamos deuses......restar-nos-á o mito de sísifo.....que apesar de parecer um absurdo...uma ideia estéril.......encerra em si duas esperanças para o homem.....quando o sísifo sobe com a pedra tem a certeza que está a subir.....mesmo sabendo que mais adiante ela rolará inexoravelmente para o fundo do vale, vai contente porque está a subir e a adquirir algum conhecimento na obscuridade da caverna de platão.....e tem outra esperança......admitindo que vimos de menos infinito para mais infinito....a projecção horizontal do trajecto de sísifo...traça um caminho....que sendo assim....leva a algum lado...talvez até ómega...já perto de Deus ou da verdade ...se ela existir.....mesmo que o percurso possa entender a eternidade....é um caminho.....
Estamos neste ponto...meu amigo......neste campo do absurdo humano...mas de algum modo com alguma esperança.......assim disseram os que eu chamo de.... concentradores para a verdade.......como sejam:
-nietzsche-theiard-camus-cristo-fernado pessoa....para citar os que mais me comovem.....
O amigo tem de parar e fixar o olhar mais adiante daquilo que revela ser conhecedor......existem outros campos... outros prados onde podemos divertir o nosso olhar.....

Gostaria de o levar por esses piornais verdes escuros da minha visão involuntária....fico comovido com a sua inocência......tanto os USA como a UE......os chamados adversários indirectos.....se podem considerar inocentes....perante o que se passa no mundo........como eu gostava que o amigo me ajudasse a percorrer as perspectivas do meu olhar......li e compreendi ratzel....celerier...mahan..mackinder......e outros mais hodiernos.......é preciso termos a coragem de perguntar porquê ?...emanuel kant e o seu iluminismo......... e este liberalismo bafiento...que tende a legitimar a eutanásia......e outras coisas bem dissimuladas.....
Já agora....deve saber que a liberdade, fraternidade e igualdade da revolução francesa....eram apenas sofismas da altura.......o que verdadeiramente queriam os burgueses negociantes da altura era disciplinar o rei cuja imprevesibilidade e procedimento erratico na declaração da guerra ...lhes dava cabo dos negócios e os enchiam de impostos sempre desagradáveis para o seu património farisaico........tal como então......coloco aí, também,.... os hodiernos e proclamados direitos humanos.....como um desbardinado sofisma ...para as massas ignaras...herois estupidamente inocentes da suburbanidade das nossas metrópoles ...onde... mais uma vez......vivem os dias de escravos ...à procura da sombra de uma luz que não há ...como dizia o poeta........
Gostava de viajar consigo numa carruagem que sem emoção...nos levasse à sinceridade das coisas.....com um olhar limpido de miasmas de terror....apenas um percorrer escorreito e sem preocupações de erudição...........
uma reverência à sua patroa......
 
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ahahhahah E continua ... continua ...

por Patacôncio » 7/11/2002 4:22

Qual a Estratégia a enveredar ?

Para conseguirmos atingir os objectivos propostos, devemos tentar uma estratégia mobilizadora, aceitável, exequível, fléxivel nos seus intrumentos e “caminhos”. Que seja promovida por élites ou lideranças, que aprofunde as nossas forças e debele ou fortaleça as nossas fraquezas.
Esta estratégia deve assentar sob príncipios respeitadores da Democracia, da Liberdade, no respeito pelos Direitos Humanos, no desenvolvimento de cada cidadão e na sua plena autonomia enquanto ser humano. Com base nestes príncipios orientadores, as populações devem ter um papel importante a desempenhar. Porque é sobre eles que recaiem os maiores esforços e sacríficios pedidos, para que a estratégia atinja os seus objectivos. A estratégia deve ser clara e racional, se possível medida quantitativamente e qualitativamente. E a estratégia deve envolver toda a sociedade e sobre todo o território nacional. Porque o Todo é mais forte que a soma das suas partes. A Estratégia deve ser auscultada e aprovada pelas populações. Só assim é exequível. Só assim se respeita os valores que vão valer para o papel de Portugal no mundo. Só assim, Portugal e os seus cidadãos compreenderão o importante papel que desempenharão no futuro.

O mundo está a mudar a olhos vistos. E as mudanças são profundas. Mas as mudanças podem ser positivas. Mas mudanças podem e vão beneficiar a Humanidade. E Portugal tem um papel a desempenhar. Analisemos o presente.

Actualmente os USA desejam realizar um ataque contra o Iraque. Desejam, tem poder militar para tal, mas o mundo está a mudar rápidamente e não o conseguem sózinhos. Pese embora o seu poder militar e político, hoje o mundo entende menos guerras provocadas sem objectivos claros e transparentes. Mesmo parecendo agir como a única superpotência com poder para tal, os USA têm tido dificuldades em realizar a guerra sózinhos. Porquê ? Porque as sociedades de hoje são mais conscientes do papel da Justiça e da Solidariedade. Porque não basta deter poder. É preciso legitimidade para o exercer. E os USA estão com dificuldades em saber utilizar o enorme poder que detêm. Pois os olhos do mundo são prescutradores e não aprovam realidades políticas do passado. E os USA sabem que se a opinião pública mundial não aprovar o bom uso do seu poder, este poder perde legitimidade e eficácia. Pior, torna-se um empecilho à sua própria sobrevivência.

O uso da força está cada vez mais condicionado. E também por motivos comerciais e económicos. Mas o uso da força está a perder a importância de outrora. Porque as aspirações das sociedades de hoje é viverem sob a Liberdade, a Justiça, a Democracia e a Solidariedade. E os USA estão a sofrer pesadas pressões exteriores e interiores para justificarem os seus actos marciais. Porque o mundo está atento. Porque o mundo, não apoia totalmente Naomi Klein, mas compreende muitas das suas reinvindicações. O mundo está atento.

Os USA têm um poderio económico formidável. Têm uma poderio bélico incrível. Mas o que ainda sustenta a sua legitimidade é a sua crença na Liberdade, na Democracia e no respeito pelo cidadão. Mas como sabemos, enquanto que no interior da Democracia americana, esta é bem vista, o resto do mundo olha com cada vez mais desdém para o sistema democrático americano. Que tem profundas contradições interiores que não é possível arrastar por muitos mais anos. O mundo olha surpreendido pela forma barbarie como os cidadãos americanos se matam uns aos com armas, que se compram como quem compra ferros de engomar. A facilidade com que a sociedade americana permite o acesso a armas letais e barbaras é incompatível com um mundo que se quer cada vez mais seguro e baseado na Justiça do Estado e não na Lei de Talião.

Por outro lado, o sistema democrático americano baseia-se em formas eleitorais onde o poder do dinheiro e do mais forte tem um forte peso. Os candidatos que angariam mais dinheiro junto dos seus “amigos” são aqueles que mais probabilidade conseguem ser eleitos. Mais tarde, esse favor é cobrado por quem o financiou. E isso gera desigualdades inacreditáveis. Por isso, os USA têm vantagens competitivas económicas comparativamente com o resto do mundo desenvolvido. E isso reflecte-se na forma como é vista a poluição nos USA. Embora seja uma sociedade muito complexa, pois por outro lado, a força dos consumidores e dos Estados, compensem com outras formas de limitar a poluição. Todavia, a ociedade americana sofre ainda de pesadas deficiências que urge colmatar.

Ora, no Futuro, as sociedades e países tolerarão menos os devaneios daqueles que desrespeitem os Direitos Humanos. E os USA ao longo dos anos abusaram dos Direitos Humanos, não no seu interior, mas em países independentes, mas que as políticas americanas sempre prosseguiram. E os próprios americanos ignoram o que os seus governos inflingiram a outros povos. Mas à medida que o povo americano amadurecer, e o 11 de Setembro catalisou esse amadurecimento, o povo americano tornar-se-á mais exigente com as políticas prosseguidas com o resto do mundo.

Os movimentos anti-globalização estão para ficar. E estes, mesmo que usem argumentos falsos e prossigam objectivos ingénuos, terão um forte papel em nos chamar a atenção para as más políticas que os países estão a desenvolver. E isso vai acabar por se reflectir na consciência da opinião pública mundial. E estes pressionarão os governos para mudarem as suas políticas.em prol pelo respeito pelas Liberdade, pelo respeito dos Direitos Humanos, pela Solidariedade e pela Justiça. E serão estas as balizas que legitimirão o uso da força e do poder. E os USA ou outra qualquer potência só conseguirá os seus intentos se compreender estes príncipios orientadores.

Hoje, há muitos que julgam que há uma regressão pelo respeito da Justiça, da Solidariedade, dos Direitos Humanos e da Liberdade. E citam o recente caso do Tribunal Penal Internacional e as suas excepções para os americanos. Todavia isso não é assim. E a prova é a forma como Timor Leste conseguiu a Independência. Porque o mundo acordou para uma realidade que desafiava os chamados valores democráticos. E pese embora as circunstâncias e as componentes geo-políticas, Portugal liderou um processo que atingiu os seus obejctivos. Garantir a Liberdade, a Paz e a Independência de um “pequeno” povo, que não tem mais nada senão petróleo e gaz natural. E estes dois recursos foram sempre um empecilho para a Independência de Timor Leste, ao contrário do que se pensa.

Ora, no Futuro, os países mais admirados serão aqueles que respeitarão os Direitos Humanos, que um dia os seus príncipios evoluirão ao incluir a Liberdade política e a Democracia. Mais, os países mais admirados também terão uma forte componente política solidária, junto dos mais pobres. E ainda, os países que respeitem o meio ambiente e o preservem na medida do possível.

Ora, este é o Papel de Portugal no Futuro. E embora seja um pequeno passo, Portugal já começou o novo milénio no pelotão da frente. Conseguiu que Timor Leste se tornasse numa Nação independente junto da comunidade internacional. E Portugal não o fez por interesse económico, territorial ou materialista. Fê-lo porque o nosso povo e as nossas lideranças acreditaram num objectivo exequível e absolutamente necessário : tornar livre e independente um povo que sofria as misérias da injsutiça, da guerra e do desrespeito pelos Direitos Humanos, da Liberdade e da Democracia ! Este é o nosso papel no Futuro. Este é ums desígnios que darão frutos, quer a Portugal pela sua imagem, quer nos povos que pode e deve ajudar.

Poderão muitos pensar que este é um desafio fácil de cumprir. Mas não. É díficil. Muito díficil. Por causa dos interesses económicos, de segurança externa e, também, das inimizades que se criarão. Mas Portugal deve lutar por um mundo melhor. Deve aproximar países e povos. Deve lutar pelos oprimidos mas de maneira mais correcta e não de um modo utópico que pode pôr em causa um trabaho que deve ser bem ponderado e cuidadoso. Porque não basta acreditar numa injustiça e desatar aos “tiros” para resolver os problemas. Como muitos pensavam em relação a Timor Leste. Porque a Diplomacia deve evitar de todo o possível o voluntarismo utópico e inexequível, que pode atrapalhar mais que ajudar.

Mas este Papel é um papel muito importante. Devemos liderar a Paz, a Justiça, a Democracia e a Liberdade. E sobretudo os Direitos Humanos. E Portugal tem que dar o exemplo. Tem que se preparar para o conseguir. Tem que prosseguir uma Estratégia que consiga tornar possível este Papel. Porque este deve ser um desígnio nacional. E para tal, deve começar em casa o seu papel. É em Portugal que tudo começa e acaba. Veremos como a seguir.

Continua …

Um xoxo da minha Patroa !
Patacôncio
 

E continua ... continua ... ehhehehheh

por Patacôncio » 7/11/2002 2:30

O Todo, mais valioso que a soma das partes.

Quando se debruçava sobre o problema do desenvolvimento/subdesenvolvimento dos países, Fernand Braudel defendia que teria que haver um “caldo de ingredientes” para que um país iniciasse a indústrialização/desenvolvimento. Que seria o Todo, sem gargalos asfixiantes, que gerava o desenvolvimento humano, sobretudo sob a forma endógena. Por isso é que a Inglaterra ultrapassou a Holanda no arranque da indústrialização, mesmo que esta última tenha feito primeiro a revolução agrícola e a demográfica.

E a fórmula anterior engloba o maior número possível de “ingredientes” para que o Todo tenha mais valor que a soma das partes. Debrucemo-nos sobre a fórmula.

A fórmula é multiplicação de dois somatórios cujo resultado é o tal Poder Nacional ou Estratégico. O efectivo ou o potencial.

No primeiro somatório temos o Território. O território português tem algumas debilidades que não se coadnuavam com o arranque da indústrialização. Os seus recursos naturais são escassos. Os minérios para que permitissem uma “competitividade”, como o carvão, hulha, ferro e outros metais ferrosos não existiam, ou se existiam não eram abundantes ou rentáveis. Para uma agricultura “moderna” o nosso território também nunca foi o mais apto para elevadas produtividades, sobretudo num mercado nacional exíguo. Isso sempre impediu que o nosso país conseguisse liderar a indústrialização.

Todavia, o nosso território beneficia e beneficiava de um trunfo enorme. O poder marítimo. O nosso território tem todas as condições para deter importantes infraestruturas portuárias. Quer fluviais quer oceânicas. Se na época, a nossa liderança tivesse compreendido os benefícios do mercado livre, sem contrangimentos nem “proteccionismos”, poderíamos ter tido acesso a matérias primas que permitissem alimentar a indústrialização. Também este poder naval permitiria aceder a mercados consumidores. Para além do Brasil, poderemos referir a Aliança entre Portugal e a Inglaterra, e seu Império. Para além do império britânico poderiamos ter acedido ao nóvel mercado norte-americano e outros mais.

Mas durante anos, fruto sobretudo do trauma “filipino”, Portugal foi-se fechando sobre si próprio. As mentalidades foram-se fechando e passou-se a recorrer frequentemente ao poder da Coroa para resolver todo e qualquer problema. A corrupção foi galgando as nossas mentalidades. O proteccionismo foi durante anos o “Deus me acuda”, sobretudo dos menos competentes, aptos e empreendedores. Mesmo aqui e ali, foi-se tentando mudar as coisas, mas Portugal viveu sempre à espera de um D. Sebastião que nos salvasse. Implorando mais pela protecção divina que a crença nas capacidades próprias e na mobilização para a prossecução de objectivos tangíveis. E também por isso, os nossos intelectuais perdiam mais tempo a chorar o que fomos perdendo e a “sonhar” como o D. Quijote, do que procurar mudar as coisas, enveredando pelo fazer em vez de “sofrer”.

Foi um período de decadência. Aqui e ali, apareciam algumas mentes que pensavam de um modo diferente. Mas a nossa intelectualidade era implacável. Não compreendiam que o nosso passado foi realizado com políticas concretas. Não com a “protecção” divina de Deus. Por muito que lessem Os Lusíadas, Portugal não era protegido por nenhuma Deusa ou sequer musa. Quem protegia os portugueses da Gesta era a própria realização de políticas concretas, ambiciosas e exequíveis.

Quando no século XIX se pensou implementar os caminhos de ferro, os nossos intelectuais foram contra. Porquê ? Para não mudar os costumes e não provocar mudanças na nossa sociedade. Desconfiava-se do que era novo. Desconfiava-se das “novas tecnologias”, pois os nossos intelectuais liam nos periódicos “bem-pensantes” de além fronteiras, sobretudo de Paris, que as máquinas embruteciam e provocavam mudanças perniciosas. O Povo adorava mexidas. Ansiava-as, assim como quase todos os que desejam o progresso e não vivem do proteccionismo do Estado ou da Coroa. Mas os interesses instalados eram muitos. E portanto, o imobilismo era rei e senhor.

As ideias mais “progressistas” frutiticaram no Brasil. Em Portugal … todo e qualquer cão ou gato, que tivesse um título, académico ou nobiliárico, desejava era viver da Corte, do Proteccionismo, do manto protector do Estado, dos monopólios, da corrupção e da cunha que se tornou monumento nacional.

Esses longos anos de decadência, provocaram uma mentalidade nacional de Estado-dependência. É certo que muitos que eram contra as “novas artes”, tinham ideia da precaridade humana do ínicio da industrialização, do sofrimento humano inerente ao capitalismo industrial selvagem. Mas compreenderam mal. Porque não deveriam ter evitado a industrialização. Deveriam ter evitado os males e deficiências dessa indústrialização, como alguns países fizeram. Mas a nossa mentalidade não o permitia. A nossa cultura estava viciada por anos e anos, séculos até, de proteccionismo, paternalismo, corrupção e tráfico de influências. A Cunha. Símbolo nacional.

Aí enfermou o grave erro nacional. A qualidade da nossa população foi enquistada de cima para baixo. Os seus comportamentos foram assim condicionados. Mesmo com uma população inteligente, trabalhadora e honesta, só se safava quem se sabia “mexer”. O Chico-esperto. Ainda hoje este comportamento está presente nas nossas raízes culturais.

É díficil compartimentar a fórmula. Porque a Mobilização nacional era incipente, porque a população não podia contar com as instituições nacionais. A justiça não funcionava, ou funcionava ao sabor dos mais fortes. A Igreja, sofrendo ataques, também se enquistou sob a batuta de Roma e do seu conservadorismo saloio e político. A Coroa, enfraquecida com o Marquês de Pombal e as suas guerras contra a Alta-Nobreza, destitui o país de forças mobilizadoras. A Burguesia, incipiente e fraca, dependia dos negócios protegidos pela Coroa e pelos monopólios. E esta burguesia era corrupta, contra as “modernices” e proteccionista.

Toda esta mentalidade nunca permitiu desenvolver o Factor Económico. Este foi perdendo força face ás transformações económicas, sobretudo do exterior e do comércio internacional. Durante anos a fio, mantivemos as contas nacionais à custa das “minas de ouro” do Douro. O Vinho do Porto fazia por Portugal o que hoje faz o petróleo por alguns países do médio-oriente. Mas a grande mais valia era aproveitada pelos Ingleses, que por muito que se diga, eles nunca se integraram verdadeiramente em Portugal. Ainda hoje, nascem, crescem, estudam e casam entre eles. Foram raras a famílias inglesas que se aportuguesaram.

Como vimos, a Qualidade da Estratégia era fraca, ou quando muito, pouco mobilizadora. O querer nacional só muito raramente era global e só quando apertados/ameaçados por estranhos. Como por exemplo, as invasões Napoleónicas ou o Ultimato Inglês. Mas no resto, Portugal não tinha uma verdadeira estratégia. Era tudo ao sabor dos ventos e dos interesses proteccionistas de meia dúzia de Barões ou Senhores. De burgueses e intelectuais de cátedra que punham e dispunham.

Por fim, em termos militares, Portugal atrasou-se nítidamente. Como não acompanhou o processo tecnológico, a nossa Marinha, em particular, e o nosso Exército, nunca conseguiram deter algum poder de intervenção ou sequer de defesa. Ao contrário do passado, Portugal não adoptava o que de melhor se fazia na época. E fechados, nunca soubemos aproveitar a Ciência nem o Saber alheio. A nossa ciência não frutificava, o nosso Saber desaproveitou-se ou perdeu-se. Portugal tornou-se uma caricatura decadente do seu passado. E o Saudosismo implantou-se mais que nunca. E os piores vícios culturais venceram.

E assim chegamos ao séc. XX, em que o Salazarismo, tentando purgar de alguns vícios culturais o nosso comportamento e tentando guinar uma Estratégia Nacional, nunca entendeu que a sua estratégia era inexequível, sobretudo porque assentava em velhos vícios nacionais. Proteccionismo, monopólios, compadrio, caciquismo e rejeição da modernalização da Sociedade. Salazar, adoptando algum pensamento “socialista”, encarnado no proteccionismo e no corporativismo, nos sindicatos controlados pelo Estado e na orientação/intervençaõ do Estado na organização económica e social, não passava de Saudosista do passado, compreendendo mal os tempos modernos e as mudanças que se operavam no mundo.

E assim chegamos ao fim do ciclo longo, que marca também o fim do Império Português. Portugal entrou no novo milénio reduzido ao seu espaço europeu. Perdeu todo o seu Império. Com a “entrega” de Macau em 99, Portugal disse adeus ao seu antigo Império. E descobriu o quanto pequeno é. Comprendeu que era mais uma “pequena” Nação entre muitas, num mundo diferente, onde as regras de jogo são feitas por “grandes”.

E assim se pode ter uma ideia do Todo que se joga em todas as partes. A multiplicação de uma fraca liderança somada a uma fraca estratégia, com um povo e um território exíguo, que nunca compreendeu o que acontecia ao mundo, fez com que Portugal perdesse as suas joias. Portugal perdeu e o seu povo também. Mas também se perdeu o povo que vivia nas ex-colónias. O Brasil, herdeiro de vícios portugueses, tentou progredir, como sonhavam alguns dos seus primeiros líderes. Ordem e Progresso não passou de um sonho que se perdeu, fruto de alguma herança cultural negativa de Portugal. Os povos africanos foram durante anos, ou escravos ou exotismo para europeu apreciar. Nunca se acreditou nas capacidades desse maravilhoso povo. Assim como Macau durante anos não passou de um porto longínquo. Ou Timor, que era mais um terrritório só para embelezar os nossos mapas autocentricos.

E por muito que nos esforcemos, esses povos são hoje autónomos e independentes. São donos do seu destino. Mas não podemos voltar para trás. O colonialismo acabou. E o Imperialismo está a mudar de formas e conteúdos. Hoje são parceiros como outros. E não devemos pensar que eles são “obrigados” a se manter conncosco, num sentido comum. Eles escolheram o seu destino. São “irmãos”, mas sairam de casa. Poderemos tentar fazer com eles parcerias. Mas sempre relações de um para um, em igualdade circunstancial.

Moçambique hoje deseja pertencer à Commomwealth. E talvez falar o inglês. Angola deseja relacionar-se com outros blocos económicos, clientes do seu néctar petroquímico. A Guiné aspira pela francofonia. O Brasil julga-se potência mundial e quer liderar outros destinos e comunidades. Cabo Verde e Timor ainda aspiram por Portugal. Um, por dependência económica e fragilidade estrutural. O outro, por gratidão pelo papel feito por Portugal, em Democracia entenda-se, sem desejos mercantilistas presentes ou interesses materiais.

Portugal despede-se do Império com alguma Honra e Glória. Mas os tempos são outros. E Timor Leste é um exemplo do Papel de Portugal no Futuro. Mas não tenhamos ilusões. A CPLP não funciona , não por culpa de Portugal. Não funciona porque é apenas uma comunidade “cultural”. Porque os seus países não têm causas e objectivos comuns. Porque o Império Português acabou, e não se pode obrigar os povos a entenderem-se quando as suas preocupações e objectivos são aparentemente divergentes. Não podemos obrigar Angola, Moçambique, Guiné ou tão pouco o Brasil a casarem conncosco quando as suas preferências são outras. E por enquanto esta é a realidade. E enquanto não se sararem as feridas e as estruturas económicas não o desejarem, a CPLP é uma utopia virtual, que serve mais para enganar a consciência do que fazer algo em comum. Portugal tem que tentar outra forma de abordagem para a prossecução dos seus objectivos.

Continua …

Um xoxo da minha Patroa !
Patacôncio
 

por undr » 7/11/2002 1:56

Fantástico.
undr
 

MAS QUE MUSICA!!!!!

por jotabil » 7/11/2002 1:33

Da formula geral:

Potencial Estrtég/= Recursos Estrateg/*vontade de os utilizar



Portugal será, além de um estado nação, uma matriz cultural.

O que se passa na europa é um mito.

a organização politco-social do homem pode definir-se numa função que vem desde a polis grega, romana, império, feudo, estado estamental ou reino, reino absoluto, revolução("cromwel"-francesa) e estado nação.
Esta função determina a cotinuidade da sua evolução para o futuro se admitirmos a dualidade grêga do tempo que vem de menos infinito para mais infinito...
Temos então de admitir um estadio seguinte ao estado nação.....
Qual será essa forma de organização politico social????
Grandes espaços económicos??....
Comunidades autarcitas,autosuficientes em recursos e tecnologias?????
Eis a questão.

Esta coisa do liberalismo já provocou duas ou três guerras ..... já passou de moda.....cheira a coisa dejá vu.....

e todos os dias são causadas desumanidades que ninguém vê......ou se virem...ninguém se poderá revoltar...pois tem o código dos direitos humanos à perna e o TPI para dizer a sansão a aplicar......o que eles inventam .....para manter a impunidade das suas acções dissimuladas

E nunca mais acabava de dizer.......

Já ouvi e li alguma vez sobre aquilo que é referido no texto....o comandante carvalho que escreve na revista nação e defesa....sempre gostou do seu triangulo estratégico......mas tem de dizer mais sobre quem realmente parece mandar no mundo e traçar uma teoria estratégia que tenha em conta os actuais fatores definidores da cena internacional......bem, mas para isso é preciso ter coragem e sinceridade....

E estou como o eduardo lourenço...temos que voltar aos primórdios de portugal de antes dos descobrimentos para sabermos quais os dons que nos fizeram maiores.....

é que lisboa ...apenas sucedeu a veneza ...génova....florença.......as cidades que comerciavam com os árabes......

alguém veio de itália......com tecnologia.....manipulou na crise de 1383/85....arregimentou os de aljubarrota....e colocou o menos legitimo no trono de protugal....e financiou os descobrimentos para chegarem à india .....e desse modo serem tão ricos como aquelas cidades dos bórgias....e quejandos....
os de portugal...apenas deram o corpo e a alma ao manifesto........
bem ....isto é como os contos da terra do nunca........nunca mais se termina o dizer.....uff
 
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Caro Patacôncio...

por MozHawk » 7/11/2002 0:57

...mas que grande manifesto! Muito interessante, de facto, pese embora eu discorde de alguns aspectos. Isto levaria a uma grande discussão, pelo que ficarei igualmente a aguardar pelo restante.

Apenas uma questão de pormenor... Vinland foi criada por volta do ano 1000 com a chegada de colonos vikings ao norte da América do Norte, a partir da Islândia e via Gronelândia. Mais a mais, não terá passado de um "sonho de verão". Não consigo ligar isso às nossas Descobertas...

Um abraço,

MozHawk
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por zé povinho » 7/11/2002 0:08

falando em português de "zé povinho",
mas desde quando é que por cá há algum sentido de estratégia, ou desafios a vencer?, eheheh
se houvesse alguma coisa parecida com isso, já há muito de CPLP seria uma força actuante e pressionante.
se alguma vez tivesse havido esse sentido de estratégia, nunca o Afonso Henriques teria batido na mãe.
os politicos que temos, convenceram-se que a Europa era a salvação (e foi para muito guloso,durante uns anos), mas agora que tem mais "pelintras" à porta, vai começar a cobrar.
ainda por cima com este alargamento à porta, pode ser o principio do fim da CEE, e daí esta discussão ter cada vez mais oportunidade.
fico à espera do resto, para então me alongar com mais comentários.
boa noite.
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por Ulisses Pereira » 6/11/2002 23:11

Está excelente e deixaste-me a pensar sobre muitas coisas...

Acho, no entanto, que Portugal está mais preocupado em correr depressa - mesmo que atabalhoadamente - para apanhar os seus parceiros europeus e seguir o rumo que eles quiserem traçar do que em correr ao seu próprio ritmo- admitindo as suas fragilidades - e para o seu próprio caminho. Em Portugal esta opção não tem merecido grande oposição e até os partidos mais extremistas (embora não existam partidos extremistas em Portugal) têm calado as suas vozes nessa matéria.

E por aqui me fico, pois apenas queria escrever EXCELENTE mas não resisti e fiz uma pequena provocaçãozinha.

Fico à espera da continuação...

Um abraço e é bom ver-te por aqui,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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Portugal e o Futuro.

por Patacôncio » 6/11/2002 22:40

O Papel de Portugal e os movimentos seculares ou de longo prazo.

Nos dias de hoje, vários desafios se apresentam a Portugal e aos portugueses. Há um clima de péssimismo instalado, há uma certa confusão sobre o nosso futuro como Sociedade e sobre o papel de Portugal no mundo. Portugal atravessa uma crise. Económica, social e sobretudo anímica. Há muiras dúvidas sobre a capacidade de Portugal em resistir ás mudanças que se operam no mundo. Sobretudo face ás ameaças do exterior e da perca da Identidade, vista como uma Sociedade Independente e Livre. Enfim … teme-se pela perca do Estado Nação chamado Portugal.

Será que Portugal está condenado a um papel menor no futuro do Mundo ? Será mesmo que Portugal não se diluirá numa Europa Unida ou quiça numa Espanha ? E como compreender a realidade de hoje face aos movimentos económicos de longo prazo, que são apelidados de “movimentos seculares” por Prada ? E será que Portugal sobreviverá sob um Futuro incerto, ou desaparecerá como indiciava Fernando Pessoa, com o fim do Império Português ?

Estou em crer que não. Falta cumprir Portugal. Será este o tal Quinto Império de que tanto se debruçaram o Padre António Vieira e Fernando Pessoa ? Quem sabe ? Mas sejamos optimistas. Portugal tem um papel no mundo. Mas também tem que cumprir o seu papel de proteger os seus filhos. E também se deve preparar para os anos vindouros. Para os nossos netos e para os netos dos nossos bisnetos. O Futuro é já amanhã, mas também é aquele nós legarmos.

Movimentos Seculares.

Antes de mais o que é o movimento secular ? É um ciclo económico longo, de cerca de 250 anos, que pode incuir 4 ciclos de Kondratiev. É um ciclo bastante longo, que Prada resume da seguinte forma:

1º Ciclo, cerca de 1250 a 1507/10. Ciclo do desenvolvimento da economia medieval.
2º Ciclo, cerca de 1507/10 a 1733/43. Ciclo do sitema mercantilista.
3º ciclo, cerca de 1733/43 a 1895/6, que corresponde ao sistema capitalista.
4º Ciclo, cerca de 1895/6 até à actualidade, que corresponde à dissolução do sitema capitalista.

Ao analisarmos estes ciclos, algumas ilações a reter. Fruto da visão marxista de Prada, este acreditava que de meados do século XVIII até à actualidade, em vez de um ciclo, tinham-se operado dois. Um, o da implantação do Capitalismo, outro o da sua dissolução. O curioso é aprecebermo-nos que a junção destes dois ciclos tem a duração média de cada um dos anteriores. Mas deveria ser mais correcto entender o período de 1733/43 até à actualidade como um ciclo só. Pura e simplesmente.

O outro dado a reter é a significância dos períodos. Repare-se que o primeiro ciclo se inicia na altura em surge a ideia marítima portuguesa e a sua expansão além-mar. E D. Dinis tem aqui um papel decisivo para a época dos Descobrimentos. Vejamos o que nos diz Virgílio de Carvalho na sua excelente obra, A Importância do Mar para Portugal.
“ … O desenvolvimento do poder marítimo, simultaneamente comercial e militar, foi outras das grandes e acertadas medidas de D. Dinis.
Por um lado, as possibilidades do poder naval quanto a concentração e a mobilidade das forças militares para conseguir superiodidade e surpresa frente aos objectivos a conquistar, permitiram a um país de limitados recursos demográficos, como Portugal, retumbantes êxitos.
Por outro lado, << o comércio marítimo nacional, fundado em função da agricultura e de indústrias extractivas, que caracterizam a produção portuguesa e, por conseguinte, a necessidade de transportar produtos de grande volume em liberdade e a preço relativamente diminuto como o vinho e o sal>>, encontraram no transporte marítimo as condições ideiais … “

No segundo ciclo, que Prada apelidou de ciclo mercantilista, Portugal tem o papel de liderança no mundo inteiro. Não vou perder muito tempo sobre o assunto, pois é bastante conhecido. Mas refiro apenas o seguinte. Portugal “decobriu” as terras onde havia recursos ou mercados para comerciar. Porque “só” não descobriu mais terras por interesse comercial. É sabido da polémica sobre a “descoberta” das Américas. Ou mais recentemente da Aústralia. Uma coisa é certa. Estas duas terras, só tinham interesse se os mercados europeus se interessassem pelos seus produtos, como o Brasil por exemplo, ou por terras onde houvesse reinos com poder de compra para colocar produtos europeus. Ora, “Vinland” e a Aústralia nada tinha que interessasse comercialmente a Portugal. Ao contrário do Brasil ou de Ormuz ou Ceilão ou ainda Cochim !

Portugal liderou este ciclo. De um modo absolutamente decisivo. Iniciou a Globalização. Mas a Estratégia que o permitiu iniciou-se no ciclo anterior. Porquê ? Porque com as lideranças de então, fruto das ameaças do exterior, sobretudo das ameaças castelhanas, Portugal adoptou estratégias correctas para o seu desenvolvimento. Que viria a dar frutos no século XVI.. E fez uma obra maior até então feita desde o Império Bizantino. Mais, nunca até então nenhuma Nação se pode comparar ao papel que os portugueses desempenharam na mudança do mundo. E para quem quiser saber o enorme esforço realizado por Portugal leiam a obra/biografia de Afonso de Albuquerque escrita por Elaine Sanceau. É talvez o maior o elogio alguma vez feito a Portugal e aos portugueses.

Infelizmente, Portugal perdeu a sua independência em 1580 e mesmo com a Restauração, Portugal perdeu o tino. Assim, o ciclo iniciado no segundo quartel do séc. XVIII foi liderado por outras potências, ficando Portugal para trás. E perdemos o chamdo ciclo da indústrialização. Ao passo que as potência marítimas de então lideraram o processo. A Inglaterra, Holanda e mais tarde os USA tomaram um lugar que poderia e deveria ser nosso por natureza. Hoje pagamos por tal.

Novo ciclo e papel de Portugal no mundo.

Antes mais discutamos se haverá um novo ciclo em breve. Tudo indica que sim, é a natureza das coisas. De 1733/43 até hoje, passam duzentos e sessenta/setenta anos. Quer dizer que é um limite temporal para a média dos ciclos anteriores mais conhecidos. A iniciar-se o novo ciclo, qual a sua tónica dominante ? Siceramente ninguém o sabe responder. Mas apostamos que será a Integração Económica Planetária e o respeito pela Liberdade do ser humano como Cidadão.

Portugal tem um Papel no mundo ? É curioso que poucos países discutem o seu Papel no mundo. São raros os países que discutem ou assumem que têm um Papel no mundo. Mas desde sempre, Portugal assumiu um Papel no mundo. E nos dias de hoje, mesmo não sabendo o quê, temos a ambição/ideia de ter um Papel no mundo. Queremos ter um Papel no mundo. Queremos liderar o mundo. Mas liderar em quê ?

Ora Portugal deve antes de mais propiciar aos seus cidadãos um nível de vida económico alto e bom. Em que a tónica dominante deva ser a Qualidade de vida. Deve permitir a cada português, a sua formação/informação, debelar as suas fraquezas como a fraca alfabetização e formação. Deve permitir o acesso aos cuidados de saúde prementes, sobretudo aos mais fracos e infelizes. Deve assegurar a segurança interna e externa. Mas sempre pelo respeito dos Direitos Humanos. Aquém e além mar. Deve propiciar aos mais fracos ou desfavorecidos as mesmas oportunidades que aos mais afortunados. Deve promover a Justiça de um modo eficaz e salutar. E, ainda mais importante, o respeito pela Liberdade de cada cidadão, respeitando as suas opções, desde que cada cidadão não ponha em causa a Liberdade do seu concidadão. Estes deveriam ser os príncipios orientadores das nossas lideranças.

O Papel de Portugal do mundo deverá ser a aproximação dos povos e das nações. Aproximação comercial, cultural, política e social. Respeitando a diferença, a Liberdade de cada um e dentro do possível em igualdade de circunstâncias. Porque o mundo do amanhã é a aproximação e não o afastamento entre povos e nações. E Portugal tem aqui um papel a desempenhar. E tem uma experiência acumulada riquíssima que é uma vantagem competitiva importante.

Portugal deve dar o exemplo ao mundo. De povo pacífico, amante da liberdade, do respeito pela diferença e de promotor do desenvolvimento humano. Esse é a meu ver o Papel de Portugal no mundo.

Como conseguir cumprir um Papel no mundo?

Antes de mais, Portugal tem que ter uma ambição. Mais que isso. Um objectivo primordial. E esse/s objectivo/s devem ser os tais príncipios orientadores. Mas para o conseguir deve ter uma estratégia. E qual a estratégia.

Mais uma vez socorremo-nos de Virgilio Carvalho e da sua obra, A Importância do Mar para Portugal. Vírgilio de Carvalho recorre a um fórmula empírica de Ray Clyne para ajudar a ter em mente o planeamento estratégico e a prossecução de objectivos.

Segundo a sua visão, é possível de um modo racional e planeado prosseguir uma estratégia vencedora. Estas fórmula empírica, original de Clyne é a seguinte :

P = ( T+E+M ) * ( ST + Q )

Que se pode decompor da seguinte forma.

P = Potencial Estratégico ( Poder Potencial ), ou Poder Nacional ( Poder Efectivo ) ;
T = Factor Territorial ( posição, composição, recursos naturais, potencialidades e vulnerabilidades, etc. ) e Demográfico ( quantidade, qualidade, composição, caracterização, comportamento típico da população, etc. ) ;
E = Factor Económico ( comércio, indústria, agricultura, pescas, ensino, ciência e tecnologia, energia, transportes, etc. ) ;
M = Factor Militar ;
ST = Qualidade da Estratégia ( adequabilidade, exequibilidade e aceitabilidade, e seu poder mobilizador ) ;
Q = Querer nacional, saber, qualidade das instituições e da liderança, etc.

Esta fórmula, que pode não ter o rigor científico exigido, é das fórmulas mais apropriadas e aproximadas que conhecemos para “medir” o Poder/Potencial de um país ou até mesmo organização. Como tal, é uma boa fórmula que nos pode ajudar a sonseguir um objectivo.

Continua …

Um xoxo da minha Patroa
Patacôncio
 


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