Ó Vieira, convida o Eduardo Barroso!
EH pá, hoje em dia, quando me desloco ao Estádio da Luz pra ver um jogo do Glorioso, não saio de casa sem dois pacemakers. É que este campeonato está a ser tão emocionante que um é capaz de não chegar. Aliás, eu tenho que dar o braço a torcer. Hoje em dia, o estádio mais seguro é o Alvalade XXI, derivado de eles terem lá o Eduardo Barroso, que pode sempre fazer um transplantezinho durante o intervalo. Pois é, como se não bastasse o empate contra o Leiria, ontem a lagartagem ganha-me ao Moreirense. Ainda por cima, o Sporting foi outra vez beneficiado pela arbitragem. Vocês atentaram-me naquela entrada do Miguel Garcia pra cartão vermelho? Só um árbitro que andou a ingerir várias garrafas de um vinho verde cujo nome também acaba com o apelido «Garcia» é que não expulsa aquele arruaceiro, pá.
E o que dizer daquele Costinha, que desatou a defender tudo e mais alguma coisa? Ainda por cima, o guarda-redes leiriense, aqui há uns tempos, era um frangueiro do catano. Ou seja, vai-se a ver e o Ricardo, daqui a uns anos, ainda pode vir a ser um guarda- redes razoavelzinho. Eh, eh, eh! Sinceramente, eu devia ter desconfiado na semana passada, quando o Helton foi expulso. Nós, sócios benfiquistas, já devíamos ter percebido que os árbitros nunca nos ajudam. Aliás, pelo que me foi dado a ver, o Conselho de Arbitragem deve ter andado a assistir aos treinos do Leiria e daí ter decidido que o melhor guarda-redes pra jogar contra o Glorioso era o Costinha.
ENTREMENTES, o shôr Olegário Benquerença voltou a fazer das suas. No domingo, deixou que o Sousa do Belenenses fizesse uma entrada assassina sobre o João Alves, sem lhe mostrar sequer o cartão amarelo. Até pa- recia que o árbitro estava a dormir, ó catano. Ou seja, se calhar, chegamos à conclusão de que os árbitros portugueses ainda deviam beber mais cafés com leite do que já bebem, pra ver se ficam com os olhos bem abertos.
Anível de Porto-Setúbal, aquilo foi uma escandaleira de todo o tamanho. Então não é que o treinador do Setúbal fez o favor de não pôr a jogar quatro dos titulares da equipa, com a desculpa de que estavam a descansar prò jogo da Taça de Portugal? Isto é tão verdadeiro que, quem viu o jogo, percebeu logo que quem teve oportunidade de descansar foram os jogadores tripeiros. De resto, percebe-se que o Porto está a atravessar uma crise do catano, quando o Hélder Postiga é o melhor jogador em campo. Eh, eh, eh!
QUEM deve estar satisfeitíssimo é o José Couceiro, que deve ter sabido pelo jornal A BOLA que vai ser substituído por um tal Co Adriaanse. Ou seja, já não lhe bastava viver com o fantasma do Mourinho, como agora tem que se habituar ao fantasma de um holandês desconhecido. É por isso que já deixaram de chamar ao Couceiro «o novo José Mourinho » e passaram a chamar-lhe «a nova Linda Reis». Eh, eh, eh! Eu cá não percebo muito de literatras, mas quer-me parecer que o clube tripeiro está cada vez mais parecido com aquele livro do Charles Dickens, «Conto de Natal». Só que, no estádio do Dragão, quem faz aparições é o Fantasma da Época Passada e o Fantasma da Época Futura.
EM termos de finalmente, o Fernando Mamede lançou na semana a sua biografia. Ora, eu tive oportunidade de consultar a obra em questão e pude constatar que o livro está inacabado. Parece que a justificação do Fernando Mamede foi: «De repente, por volta da página 87, deu-me uma caimbra muito forte no mindinho, e fui obrigado a parar». Eh, eh, eh! Mainada! Até prà semana!
O CLIENTE DA SEMANA: Salette
ONTEM, estava eu prestes a recolher a minha viatura à garagem, quando me entra no veículo a única pessoa, em Portugal, a quem o José Mourinho pede meçasem termos de títulos conquistados. A única diferença é que o ex-técnico tripeiro não teve que suar tanto.
Zé Manel: Ora viva! É pardonde, minha senhora?
Salette: É ali para a Pensão Antonieta. E depressa, que eu tenho três pontos para conquistar.
Zé Manel: Três pontos? Ah, já percebo porque é que a shôra está assim vestida. Você é uma mulher da vida, não é?
Salette: Não. Sou uma mulher do futebol. Durante os últimos vinte anos, só tenho trabalhado à base de árbitros. Sabe como é: hoje em dia, tal como noutros ramos, o segredo está na especialização.
Zé Manel: Pois, mas então não se percebe porque é que, quando falta a luz, os árbitros de futebol costumam decidir adiar os jogos. Se os resultados dos jogos, afinal, são decididos justamente às escuras... Eh, eh, eh! Pode-se, então, dizer que a shôra foi essencial na conquista do pentacampeonato?
Salette: Claro. Porque é que acha que se chamou a essa conquista «penta campeonato »?
Zé Manel:Porque os tripeiros conquistaram o campeonato cinco vezes seguidas.
Salette: Qual quê! Foi, justamente, porque os momentos decisivos para a conquista desses títulos foram passados no Hotel Penta.
Zé Manel: Ah! Realmente, agora tudo faz sentido. Prova-se com isto que os adeptos não percebem nada do que se passa nos bastidores do futebol.Éque eles costumam chamar um nome aos juízes da partida que não corresponde minimamente ao que eles são.
Salette: Como assim?
Zé Manel: É que eles não são seus filhos. São seus clientes, assim é que é. Eh, eh, eh! Só não percebo é como é que os árbitros, comesse estilo de vida, conseguem ter uma situação financeira estável.
Salette: Ó filho, mas não são eles que pagam.
Zé Manel:Eu sei. Não é a isso que me refiro. O que eu quero dizer é que os árbitros devem gastar uma fortuna em dentistas: com a quantidade de rebuçadinhos que ingerem. Eh, eh, eh! A meu ver, só há uma coisa a fazer. E se o Conselho de Arbitragem não tomar essa decisão é porque está feito com os acusados do processo Apito Dourado.
Salette: O quê? O que é que há a fazer?
Zé Manel: É passar a nomear pròs jogos árbitros de sexualidade alternativa. Eh, eh, eh!
Salette: Nããããããooo! Isso significa o desemprego para nós... Olhe, o que é que eu posso fazer por si para não contar a ninguém essa ideia que você teve?
Zé Manel: O que é que pode fazer por mim? Sei lá.
Salette: Hum... E se eu lhe trouxesse um café com leite?
Zé Manel:Olhe, por acaso até calhava bem.
Salette:E querumcafé com leite mais clarinho ou mais escuro?
Zé Manel: Pode ser com mais café, que está-me a dar a quebra.
Salette: Então, pare aí à frente desse prédio. Já venho, está bem?
Zé Manel: Por mim, tudo bem. Mas vai ser complicado arranjar café com leite num bairro sem pastelarias... Ouviu? Onde é que ela se meteu? Ah, aí vem ela de novo!
Salette: Aqui está o seu café com leite.
Zé Manel: Ó diabo, não sabia que estávamos a falar em código...