A Nokia não é o petróleo
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A Nokia não é o petróleo
A Nokia não é o petróleo
Liikaneen diz que a empresa tem de trabalhar todos os dias para se manter ao nível onde está, enquanto o crude é só ir buscá-lo
P.R.
PÚBLICO - A Finlândia é dos poucos países da União Europeia (UE) que cumprem os objectivos da Agenda de Lisboa?
Erkki Liikanen - Uma das razões para isso é que não temos o problema de elevados défices fiscais. Outro lado tem a ver com uma série de reformas, e novamente o investimento na educação, na inovação. Mas também não se pode exagerar, as políticas institucionais nos países nórdicos têm sido muito bem feitas, mas temos os nossos problemas.
Por exemplo, em termos de capacidade de empreendimento, um inquérito da UE mostrava que os finlandeses são os europeus que menos têm desejo de ser empresários, que mais se satisfazem em ser assalariados. Temos muito pouca gente que queira ser independente. Já Portugal aparecia muito alto nessa lista.
PÚBLICO - É verdade, mas há uma certa diferença entre o que as pessoas dizem numa sondagem e o que de facto fazem...
Erkki Liikanen - Mesmo assim, é uma vantagem para vocês. Visto de fora, Portugal tem grandes desafios colocados pela globalização, novas potências como a China e a Índia são muito fortes em sectores onde Portugal tradicionalmente era forte. São grandes desafios, como aumentar a base industrial da economia, como aumentar a produtividade e a criação de mais-valia. Mas a produtividade não se limita ao sector privado, também tem de ver com o sector público.
PÚBLICO - No caso finlandês, há um exemplo espectacular de produtividade no sector privado, que é a Nokia. Até que ponto é que a economia finlandesa depende desta empresa? A Nokia é o petróleo da Finlândia?
Erkki Liikanen - É importante, mas não é petróleo. Eles têm de trabalhar todos os dias para se manter ao nível onde estão, o petróleo é só ir buscá-lo.
PÚBLICO - Sim, mas o mercado das telecomunicações, tal como o petróleo, é muito volátil...
Erkki Liikanen - É preciso ter em conta que a Nokia é um actor global. Têm fábricas na China, na Coreia, na Alemanha, na América. Disseram-me que o maior exportador líquido da China é a Nokia. É uma empresa de peso, mas há outros sectores em que as empresas finlandesas também são competitivas a nível global, com investimentos até aqui em Portugal.
PÚBLICO - Mas pode-se falar de uma "cultura empresarial nórdica" específica em empresas como a Nokia, ou a [sueca] Ikea?
Erkki Liikanen - Os valores partilhados por essas empresas são muito importantes. São empresas globais mas que têm as suas próprias regras, a sua própria personalidade.
Liikaneen diz que a empresa tem de trabalhar todos os dias para se manter ao nível onde está, enquanto o crude é só ir buscá-lo
P.R.
PÚBLICO - A Finlândia é dos poucos países da União Europeia (UE) que cumprem os objectivos da Agenda de Lisboa?
Erkki Liikanen - Uma das razões para isso é que não temos o problema de elevados défices fiscais. Outro lado tem a ver com uma série de reformas, e novamente o investimento na educação, na inovação. Mas também não se pode exagerar, as políticas institucionais nos países nórdicos têm sido muito bem feitas, mas temos os nossos problemas.
Por exemplo, em termos de capacidade de empreendimento, um inquérito da UE mostrava que os finlandeses são os europeus que menos têm desejo de ser empresários, que mais se satisfazem em ser assalariados. Temos muito pouca gente que queira ser independente. Já Portugal aparecia muito alto nessa lista.
PÚBLICO - É verdade, mas há uma certa diferença entre o que as pessoas dizem numa sondagem e o que de facto fazem...
Erkki Liikanen - Mesmo assim, é uma vantagem para vocês. Visto de fora, Portugal tem grandes desafios colocados pela globalização, novas potências como a China e a Índia são muito fortes em sectores onde Portugal tradicionalmente era forte. São grandes desafios, como aumentar a base industrial da economia, como aumentar a produtividade e a criação de mais-valia. Mas a produtividade não se limita ao sector privado, também tem de ver com o sector público.
PÚBLICO - No caso finlandês, há um exemplo espectacular de produtividade no sector privado, que é a Nokia. Até que ponto é que a economia finlandesa depende desta empresa? A Nokia é o petróleo da Finlândia?
Erkki Liikanen - É importante, mas não é petróleo. Eles têm de trabalhar todos os dias para se manter ao nível onde estão, o petróleo é só ir buscá-lo.
PÚBLICO - Sim, mas o mercado das telecomunicações, tal como o petróleo, é muito volátil...
Erkki Liikanen - É preciso ter em conta que a Nokia é um actor global. Têm fábricas na China, na Coreia, na Alemanha, na América. Disseram-me que o maior exportador líquido da China é a Nokia. É uma empresa de peso, mas há outros sectores em que as empresas finlandesas também são competitivas a nível global, com investimentos até aqui em Portugal.
PÚBLICO - Mas pode-se falar de uma "cultura empresarial nórdica" específica em empresas como a Nokia, ou a [sueca] Ikea?
Erkki Liikanen - Os valores partilhados por essas empresas são muito importantes. São empresas globais mas que têm as suas próprias regras, a sua própria personalidade.
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