Caldeirão da Bolsa

Mercados encerram mistos

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 7/3/2005 23:38

Bolsa surpreende em Fevereiro

No último mês foram transaccionadas na bolsa portuguesa 793 milhões de acções, em 118 mil negócios, correspondentes a 2,28 mil milhões de euros, um valor em baixa de 2,72 por cento face ao mês anterior. No entanto, Fevereiro teve uma sessão a menos que em Janeiro, pelo que, em termos médios diários, "se verificou o melhor mês dos últimos 11 em número de negócios em acções, o mês com o número médio de acções negociadas mais elevado desde Abril de 2004 e o mês com o valor médio diário mais elevado desde Maio de 2004", refere a Euronext Lisboa em comunicado. No EasyNext Lisboa, dedicado aos produtos estruturados, foram negociados 56,4 milhões de "warrants", equivalentes a 52,9 milhões de euros, em baixa de 15 por cento face a Janeiro.

A rentabilidade dos fundos de pensões portugueses aumentou 0,6 por cento em Fevereiro, com os maiores ganhos a registarem-se nos segmentos de acções, de acordo com uma estimativa divulgada pela consultora Mercer Investment Consulting. A subida de 0,6 por cento segue-se a um aumento de 0,9 por cento em Janeiro, fazendo com que desde o início do ano os fundos de pensões portugueses tenham ganho 1,4 por cento. O segmento de acções foi o que mais se valorizou em Fevereiro, sobretudo em títulos europeus, ao acumular um ganho de 2,9 por cento. Em alta esteve também o segmento imobiliário, com um aumento mensal de 0,2 por cento. O segmento das obrigações registou uma queda de 0,3 por cento na rentabilidade no segundo mês do ano, penalizada pelos recuos nas obrigações de taxa fixa euro (menos 0,6 por cento) e das outras obrigações não euro (menos 0,5 por cento). No conjunto de 2004, os fundos de pensões portugueses ganharam seis por cento.

Centros comerciais em expansão

A área de centros comerciais em Portugal vai crescer 25 por cento nos próximos dois anos, com a inauguração de 27 novos empreendimentos, segundo um estudo da consultora imobiliária Jones Lang Lang LaSalle. O crescimento do mercado de retalho - centros comerciais, "retail parks" e "outlets" - poderá mesmo ser superior, na ordem dos 33 por cento, "caso se confirmem os projectos actualmente em "pipeline" [estudo]", salienta a consultora. Entre 2005 e 2007, serão colocados no mercado 691,7 mil metros quadrados, aumentando o total do mercado para 2,75 milhões, segundo a estimativa mais baixa da Jones Lang. O peso dos "retail parks", caracterizados por lojas de grandes dimensões fora dos centros urbanos, vai aumentar, representando cerca de um quarto da área prevista, onde os centros comerciais são ainda maioritários. Dentro de dois anos, o mercado de retalho deverá ser constituído por 87 por cento de centros comerciais, oito por cento do "retail parks" e cinco por cento de "factory outlets", lojas de desconto situadas longe dos centros urbanos.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:35

Petróleo caro e "sujo" deve ser substituído por combustíveis alternativos


A mais recente escalada no preço do petróleo trouxe para a discussão nos EUA o programa "Set America Free", que defende a adopção de políticas que reduzam a dependência do crude. O país consome um quarto do petróleo mundial e estará a financiar indirectamente os conflitos no Médio Oriente

Rita Siza, Washington

A escalada da cotação do petróleo em Nova Iorque para os 55 dólares por barril voltou a acender o debate sobre os custos da dependência energética para a saúde da economia americana, reanimando as ideias por trás do programa "Libertar a América" ["Set America Free", no original], subscrito por uma coligação de instituições neoconservadoras que defendem a adopção de uma estratégia concertada entre a administração, a indústria e os consumidores para reduzir a procura de petróleo e promover a utilização de energias e combustíveis alternativos.
Na semana passada, uma conjugação de factores contribuiu para recuperar a actualidade do documento, desenvolvido na ressaca dos ataques terroristas de 11de Setembro de 2001: no mesmo dia, os americanos foram confrontados com a subida do preço do barril de petróleo para além dos 55 dólares (próximo do máximo histórico) e com a contabilidade dos soldados americanos mortos no Iraque a ultrapassar a barreira dos 1500 óbitos.
Os argumentos dos subscritores do rascunho para "Libertar a América" assentam na associação da dependência americana do petróleo proveniente do Médio Oriente aos problemas da defesa nacional. Segundo o Instituto para a Análise da Segurança Global (IAGS, na sigla em inglês), é o dinheiro do petróleo que alimenta uma série de organizações terroristas, que financia vários conflitos armados e que sustenta a maior parte dos regimes opressivos daquela região. Como os Estados Unidos da América (EUA) consomem aproximadamente um quarto do petróleo mundial, acabam por ser um dos principais contribuintes para a propagação da insegurança, ditadura e terrorismo - em evidente contradição com os objectivos políticos da Casa Branca, que elegeu a propagação da democracia e liberdade no mundo como o grande objectivo da sua política.
Ironicamente, dizem os subscritores do documento, os EUA pagam uma dupla factura neste cenário. A subida contínua dos preços dos combustíveis - motivada pela incerteza geopolítica, pelos desequilíbrios entre a oferta e procura e pela especulação do mercado - repercute-se negativamente nas despesas dos consumidores americanos; enquanto isso, os custos dos programas militares e de segurança nacional desviam a maior parte dos recursos do orçamento nacional, paralisando os gastos em programas sociais, agrícolas, habitacionais ou ambientais, e o défice orçamental e comercial dispara para recordes históricos.

Revolução energética

A tese dos promotores do programa para "Libertar a América" é que a única forma de reverter esta situação é promover uma "revolução energética" que substitua progressivamente a utilização de petróleo por outras fontes de energia disponíveis no território nacional, numa transição que deverá demorar entre 15 a 20 anos. Como o sector dos transportes é o principal consumidor de petróleo, os signatários consideram que "a única maneira de garantir prosperidade e segurança a longo prazo é se os Estados Unidos liderarem o mundo num esforço multinacional para reduzir a procura mundial de petróleo pela mudança no combustível utilizado nos transportes. Para isso é necessária uma mudança económica, energética e tecnológica, baseada nos combustíveis e automóveis de nova geração".
O plano parece uma forma de "publicidade" aos chamados automóveis "híbridos" - que são simultaneamente alimentados por gasolina convencional e combustíveis alternativos ­-, mas os promotores da ideia argumentam que a implementação deste programa constitui uma oportunidade económica imperdível. "Avançar para além do petróleo pode muito bem ser o melhor estímulo económico para uma nova fase de crescimento económico", consideram, acrescentando que a construção de infra-estruturas para a produção em massa de automóveis de nova geração ou unidades de transformação de combustíveis gerará milhares de empregos e possibilidades de negócio ao nível local, regional e multinacional.
Pelos cálculos da "Coligação para Libertar a América", o custo estimado da implementação do programa, nos próximos quatro anos, ascende aos 12 mil milhões de dólares. Esse total compreende o estabelecimento de um programa de apoio à indústria automóvel que torne atractiva a produção de veículos "híbridos"; o financiamento da instalação de depósitos de combustíveis alternativos nas bombas de gasolina do país e a participação em parcerias público-privadas para a construção de unidades de produção de combustíveis líquidos alternativos ao petróleo. Uma parcela de mais de dois milhões de dólares destinar-se-ia à instituição de benefícios fiscais para os compradores de automóveis "híbridos".

Um projecto, cinco objectivos

- Diversificar a oferta de combustíveis no abastecimento dos automóveis: em vez de ter de escolher entre gasolina e gasóleo, o consumidor deve ter acesso a outros combustíveis, desde a energia eléctrica até ao etanol, metanol e biodiesel.
- Utilizar soluções reais: a pesquisa e investigação não devem atrasar a comercialização das soluções tecnológicas que já foram certificadas pelo Departamento da Energia.
- Aproveitar as infra-estruturas existentes: a ideia é investir na "adaptação" dos automóveis à utilização de combustíveis alternativos.
- Recorrer às fontes de energia domésticas: os EUA dispõem de 25 por cento das reservas mundiais de carvão e são ainda um dos maiores produtores mundiais de biomassa e de detritos domésticos e agrícolas (que podem ser usados na produção de energia). O plano defende ainda um uso mais eficiente da energia solar, eólica, geotérmica, hidroeléctrica e nuclear.
- Promover soluções ambientalmente responsáveis: as novas tecnologias ao dispor dos consumidores devem aumentar a segurança pública e responder às preocupações ambientais e de saúde pública das sociedades modernas.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:34

Alertas: BCP

O empresário grego Dimitrios Contominas reduziu a sua participação no capital do Banco Comercial Português (BCP) para 1,86 por cento, anunciou o maior banco privado português. Contominas, que detinha uma participação superior a dois por cento, vendeu, em operação fora de bolsa realizada em 30 de Julho de 2004, 11,267 milhões de acções do BCP. O empresário detém actualmente 60,58 milhões de acções, cerca de metade directamente e a outra metade através da sociedade Demco Investments and Commercial. Esta operação deveu-se à lei grega, que estabelece limitações às participações em sociedades financeiras detidas por empresários do sector da comunicação social.

As acções da Soluções Automóvel Globais (SAG) foram recentemente admitidas à cotação no índice NextPrime da Euronext NV. A empresa liderada por João Pereira Coutinho, que entre outras marcas distribui a Volkswagen, consegue uma presença num dos principais índices da Euronext, depois de em Junho de 2004 ter abandonado o PSI-20, com um impacto substancial na liquidez. Com a integração neste índice, a concessionária de automóveis liderada por Pereira Coutinho procura dar maior visibilidade ao título. O NextPrime da Euronext procura agregar pequenas e médias capitalizações ligadas aos sectores mais tradicionais da economia. Nele estão cotadas as acções da Inapa, da Mota Engil e da Portucel.

Santander

O grupo espanhol Santander, liderado por Emílio Botín, que em 2000 comprou os bancos Totta e CPP, vai receber os primeiros dividendos da operação em Portugal. Segundo adiantou ao "Jornal de Negócios" António Horta Osório, presidente executivo do Santander Totta, dada a "situação muito confortável" do grupo, e atendendo ao facto de não existirem oportunidades de investimento em Portugal, "é provável que passemos a distribuir dividendos". A proposta será submetida à assembleia-geral de final de Maio.

Deutsche Telekom

A Deutsche Telekom obteve um lucro de 1,42 mil milhões de euros no quarto trimestre do ano passado, contra um prejuízo de 364 milhões de euros no mesmo período de 2003, anunciou a empresa de telecomunicações alemã. A operadora justifica a melhoria nos resultados líquidos com a venda de activos na Rússia, que permitiu reduzir a dívida, e o corte de 2200 postos de trabalho na Europa. A dívida líquida da Deutsche Telekom era de 35,2 mil milhões de euros no final de 2004, contra 46,6 mil milhões de euros no ano anterior. As vendas da empresa subiram de 14,6 mil milhões de euros para 15 mil milhões de euros no trimestre. A empresa vai pagar, este ano, o primeiro dividendo em três anos, relativo aos resultados de 2004, de 62 cêntimos por acção.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:32

Acções da Altri entusiasmam investidores


Em apenas três sessões de bolsa, a capitalização da Cofina e da Altri subiu 10,77 por cento face ao valor anterior ao processo de cisão. Os investidores estão entusiasmados com as acções da nova empresa, que em três dias passaram a valer quase o dobro

Rosa Soares

Os grupos que agregam vários negócios, os chamados conglomerados, sofrem um desconto entre 20 a 30 por cento no seu valor bolsista. Para contrariar este desconto, gerado pela dispersão de negócios, os grupos tendem a fazer a cisão de actividades. Foi isso que fez recentemente o empresário Paulo Fernandes, quando decidiu separar os negócios de media, que ficaram na Cofina, dos negócios do sector industrial, que passaram para a Altri.
O resultado esperado era que a soma das partes fosse mais elevada que o agregado anterior. Até agora, o mercado está a confirmar a expectativa. A soma da capitalização das duas empresas que resultaram da cisão já é maior do que o valor da empresa antes da operação. A capitalização da Cofina totalizava, em 23 de Fevereiro, 219 milhões de euros. Depois da separação, e tendo em conta o valor de fecho da sessão bolsista de quinta-feira, a soma do valor de mercado da Cofina e da Altri subiu para 242 milhões de euros. A junção das duas capitalizações revela um aumento de 10,77 por cento.
Ao fecho de quinta-feira, terceiro dia de cotação das acções da Altri, a empresa valia 67 milhões de euros. A Cofina, agora já só com os negócios de media e de Internet, totalizava 176 milhões de euros.
O processo de cisão do grupo de Paulo Fernandes está a surpreender os analistas, pela rapidez da valorização dos títulos da Altri. Na base desta subida estão as avaliações feitas por alguns bancos nacionais, mas estará também uma motivação psicológica, gerada pelo baixo valor unitário das acções. Os títulos da Altri começaram a negociar a 80 cêntimos, fechando na quinta-feira a 1,38 euros. Em três dias, foram movimentadas 12,5 milhões de acções.
Bem mais modesta tem sido a evolução das acções da Cofina, que, depois de uma forte subida, têm vindo a perder valor e a movimentar menos acções que a Altri. Neste caso, o valor unitário das acções da Cofina, que fecharam a 3,39 na última quinta-feira, pode ter algum significado.
A justificar uma menor valorização da Cofina está a valorização conseguida anteriormente e ainda o facto de a empresa ter perdido a corrida à compra dos activos da Lusomundo. Crescer no mercado dos media, como a empresa pretende, é agora bem mais difícil.
A impulsionar a cotação da Altri têm estado as avaliações feitas por alguns bancos nacionais, com destaque para uma do Millennium bcp investimento, que atribuiu um preço-alvo às acções de 2,1 euros, tendo como prazo de referência o final de 2005. A avaliação que o Millennium bcp investimento fez anteriormente ascendia apenas a 69 cêntimos, pelo que o preço-alvo de 2,1 euros reflecte uma forte componente especulativa, em conformidade com a avaliação de "alto risco" que o banco atribuiu ao título.

Cronologia da cisão

28 de Setembro de 2004 - A Cofina comunica ao mercado que está a estudar a oportunidade de reorganização empresarial do grupo, através da separação das participações detidas em duas grandes áreas de actividade, a da indústria e a dos media e conteúdos.
19 de Outubro - O Conselho de Administração da Cofina aprovou o projecto de cisão.
15 de Dezembro - O grupo anuncia a criação da Altri, a empresa que passa a agrupar os activos industriais. Na Cofina ficam os activos de media e conteúdos. A operação é feita através de um processo de cisão simples da Cofina, com destaque para a Altri da participação social detida pela Celulose do Caima. Os accionistas receberam uma acção da Altri por cada acção que detinham da Cofina. As duas empresas passam a ter uma estrutura accionista e um capital social idênticos (51,28 milhões de euros).
22 de Dezembro - Assembleia-geral de accionistas da Cofina aprova projecto de cisão simples.
17 de Fevereiro de 2005 - Cofina realiza escritura pública da cisão simples da Cofina SGPS. que passa a ter efeitos contabilísticos a 1 de Março. As acções da Cofina deixaram de negociar com os activos industriais a 28 de Fevereiro.
01 de Março - Admissão à negociação das acções da Altri, com um valor inicial de 80 cêntimos.

Divisão de activos

Cofina:
"Correio da Manhã"; "Record"; "Jornal de Negócios"; revistas e vários negócios na área de Internet
Altri: Celulose do Caima; F. Ramada; Vista Alegre-Atlantis
 
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por marafado » 7/3/2005 23:29

Em busca de um equilíbrio


f ERNANDO c ASTRO E s OLLA
Director do Espírito Santo Investment

O efeito do excesso de liquidez nos mercados, especialmente quando brota de um ambiente extremo de falta de alternativas como o que temos vivido nos últimos meses, com taxas de juro a níveis muito baixos e aparentemente estáveis, conduz muitas vezes a que se cometam excessos no valor percebido em activos alternativos, nomeada- mente nos mercados accionistas. Nas últimas semanas, após uma súbita tomada de consciência da probabilidade crescente das taxas de longo prazo subirem, temos assistido a uma correcção de alguns desses excessos, com a generalidade das empresas antes mais beneficiadas a apresentarem agora performances negativas pouco usuais. Falamos tipicamente de empresas cuja estabilidade de cash flows futuros faz aumentar a sensibilidade a alterações nas expectativas relativas às taxas de juro. A verdade é que estamos numa fase de inversão do ciclo de juros, e nessa medida justifica-se o debate que põe em confronto as variáveis inflação, crescimento e taxas de juro de longo prazo. A fase algo volátil e tendencialmente negativa que temos vivido nas últimas semanas mais não é que o reflexo desse debate, com o mercado em busca de um novo equilíbrio que acomode um novo consenso nestas matérias. Esta semana, e na ausência de indicadores macro de relevo, as atenções deverão centrar-se neste debate, bem como na algo esquecida mas não menos importante variável que é o preço do petróleo.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:28

Dividendo da Brisa entre os melhores da Bolsa

A Espírito Santo Research recomenda compra devido à elevada rentabilidade

ncristina vieira da fonseca Arquivo DN-Rodrigo Cabrita

Ano 2005. As receitas da Brisa deverão registar um crescimento de 7%

A Brisa obteve em 2004 boa performance operacional, aliada a um crescimento moderado dos encargos financeiros líquidos, o que permitiu aumentar o retorno para o accionista, propondo um aumento do dividendo por acção de 17% face ao ano de 2003, para 27 cêntimos por acção. Face à cotação actual representa uma rentabilidade do dividendo de 4,2%.

A concessionária de auto-estradas alcançou, no ano passado, um cash flow operacional (EBITDA) acima do esperado pelo mercado - 437 milhões de euros, mais 8,5%. As receitas totais aumentaram 7,2%, atingindo os 600 milhões de euros, suportadas não só por um crescimento de 1,4% do tráfego médio diário nas auto-estradas, ligeiramente inferior ao estimado, mas também pelo aumento dos trabalhos para a própria empresa.

As portagens aumentaram em média 2,8% no ano passado e os novos troços contribuíram com 0,2% para o aumento das receitas. O crescimento apresentado nos custos operacionais de apenas 3,8% permitiu à Brisa uma melhoria da sua margem EBITDA em 0,9 pontos percentuais, atingindo os 72,7%.

A nível não operacional, a Brisa registou um aumento das perdas financeiras de 3,5%, para os 83 milhões de euros, dado um aumento do investimento decorrente das boas condições climatéricas que permitiram acelerar algumas obras. A concessionária atingiu um investimento total de 330 milhões de euros, dos quais cerca de 230 milhões de euros na sua rede de auto--estradas, ou seja, mais 53% que no período homólogo.

A primeira contribuição positiva da sua participada brasileira Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) para os resultados e a redução do custo médio da dívida suportado pela Brisa explicam o moderado crescimento das perdas financeiras.

Para o corrente exercício, a Espírito Santo Research estima um aumento das receitas totais da Brisa de cerca de 7%, com as receitas de portagem a crescerem em torno dos 4%, impulsionadas por um aumento médio de portagens de cerca de 2%, assim como pelos novos troços de auto-estrada que entram em utilização.

A nível de performance operacional, estimamos que a Brisa possa manter a sua margem EBITDA estável face ao valor verificado no ano passado.

Recomendação. A Espírito Santo Research considera que o investimento em acções da concessionária de auto-estradas é atractivo, não só devido à elevada rentabilidade do seu dividendo de 4,2%, mas também dada a sua elevada taxa interna de rentabilidade, que estimamos em 8,5%, superior à das suas congéneres. A nossa recomendação é de compra, com um preço alvo de 8,1 euros por acção, o que representa um potencial de valorização de 25% face à cotação actual.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:27

Actividade económica ainda está muito fraca

Indicador de clima manteve-se negativo em Fevereiro, ao nível de Dezembro

nFernando Valdez
Pessimismo. A confiança da indústria continua em 'lume brando'

Os primeiros dados que vão sendo conhecidos para o ano em curso apontam para a continuação de um fraco nível de actividade económica em Janeiro e Fevereiro.

O indicador de clima económico do INE, que reflecte as expectativas dos empresários das indústrias transformadoras, comércio, construção e serviços, estabilizou em Fevereiro ao nível dos dois meses anteriores, ainda negativo.

O pessimismo aumentou nas indústrias transformadoras e nos serviços e melhorou no comércio e na construção e obras públicas. No caso da construção, o indicador de confiança mantém-se muito baixo e em todos os sectores está abaixo da média das respectivas séries.

O indicador de confiança dos consumidores pode ajudar para uma explicação dos resultados eleitorais. Os inquiridos fazem uma leitura muito negativa da situação económica passada do país e estão menos pessimistas quanto à economia nacional nos próximos 12 meses. Mas já relativamente à situação financeira das famílias, o pessimismo quanto ao futuro acentu- ou-se em Fevereiro.

O indicador de clima económico da Comissão Europeia, que traduz os níveis de confiança dos empresários e dos consumidores, revela uma melhoria em Portugal em Fevereiro, que não é suficiente para recuperar os níveis de Dezembro. O clima económico manteve-se em Fevereiro muito abaixo da média de longo prazo daquele indicador.

Os dados comunitários para Portugal divergem dos divulgados pelo INE, apenas coincidindo no agravamento do pessimismo na indústria e numa ligeira melhoria entre os consumidores. A Comissão Europeia aponta para um claro agravamento do pessimismo na construção e no comércio a retalho em Portugal e uma melhoria da confiança nos serviços.

O desemprego manteve a tendência de crescimento e em Janeiro 56 420 desempregados inscreveram-se nos centros de emprego do IEFP, um aumento homólogo de 6,2%. No fim de Janeiro estavam inscritos nos centros de emprego 483 447 desempregados, o que significa que previsivelmente mais de um em cada 10 activos não tinha trabalho. Tanto mais que a inscrição nos centros de emprego só é obrigatória para quem pretende receber subsídio de desemprego. As ofertas de emprego recebidas no IEFP registaram em Janeiro uma tendência de queda homóloga.

O investimento em material de transporte manteve nos dois primeiros meses de 2005 a evolução positiva que caracterizou o conjunto do ano 2004.

As vendas de comerciais ligeiros novos aumentaram 0,6% em Fevereiro e 2,8% no primeiro bimestre de 2005 e as de pesados novos cresceram 23,9% em Fevereiro e 11,2% nos dois primeiros meses do ano, segundo a Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP).

No primeiro bimestre, as vendas de autocarros novos subiram 57,5% e as de pesados de mercadorias aumentaram 6,3%. As vendas de ligeiros de passageiros e todo-o--terreno novos cresceram 5,6% em Fevereiro e 9,3% no bimestre, de acordo com a ACAP.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:25

entrevista

"Economia no bom caminho vai aumentar o desemprego"



nilídia pinto DN-Hernâni Pereira

sucesso. "Os países que seguiram trajectórias mais ganhadoras, como Espanha ou Irlanda, fizeram-no com aumento do desemprego"

Quanto é que a economia portuguesa irá crescer este ano?

Um valor na casa dos 2% seria bom, mas não sei se conseguimos. Com toda a probabilidade, será um crescimento inferior à média da UE.

Entrámos em recessão no fim do ano?

Prefiro ver os valores do último trimestre como um acidente de percurso. Se no final de Março se mantiver a queda, então haverá muitas razões de preocupação. Mas não quero acreditar nisso. Os nossos mercados estão a recuperar, ainda que de forma um bocadinho anémica. O principal, a Espanha, nunca esteve verdadeiramente em recessão, cresceu sempre acima dos 2%. São sinais que nos levam a supor que há algo mais sério, problemas por resolver que estão a minar o crescimento.

A falta das reformas estruturais?

Não só. Também questões de competitividade associadas às reformas. Além das questões da Administração, Justiça, etc., há outra questão estrutural que não é política mas empresarial. A economia portuguesa, no seu conjunto, está a exportar muito pouco, a tirar pouco partido do crescimento dos mercados externos.

É empresarial, mas pode haver políticas que favoreçam o crescimento.

Claro. Mas o sector público e o Governo não exportam. As coisas intersectam-se e há razões públicas que não favorecem a resposta dos privados, mas recuso-me a acreditar que se trate de uma questão estritamente pública. Há dificuldades claras no mundo empresarial.

Falta investimento dos empresários?

Há que intervir na comercialização e na cooperação empresarial. Mas é sempre preciso dinheiro, porque isso leva-nos às marcas e às redes de distribuição. Sabemos que a confiança está muito deprimida e que o investimento tem sido pouco. Do ponto de vista político, há um recomeço que só pode ser favorável. Com um Governo de legislatura e com maioria absoluta não sei muito bem o que poderá faltar aos empresários para, pelo menos em matéria de confiança e de estado anímico, se apresentarem melhor.

Quais devem ser as prioridades deste Governo?

A política vive muito do simbólico e há problemas sérios com as contas públicas. Gostava de ver declarado o fim do novo sistema retributivo da função pública. Diz-se novo mas tem 14 anos. Essa história dos escalões e das progressões automáticas custou em média um aumento de 4% ao ano da massa salarial da função púbica. É muito dinheiro e mal gasto, porque compensa-se a mera passagem do tempo sem um mínimo de estímulo ou de prémio. Era importante do ponto de vista simbólico acabar com esse sistema. Daria um sinal de introdução na administração pública de um ambiente de mérito e de progressão salarial ligada ao desempenho. Do ponto de vista económico, gostava de ver uma eficácia acrescida no sistema de incentivos.

Eficácia acrescida como?

Há incentivos às exportações, por exemplo, que estão rodeados de uma complexidade burocrática de tal ordem que ninguém aproveita. É terrível. Tal como é importante ser-se claro no que se apoia e não se apoia. As dúvidas criadas nessa matéria, normalmente por falta de coragem política de clarificar a situação, são o pior possível. Criam--se ilusões, expectativas que não podem ser cumpridas.

E o desemprego?

Vai continuar a aumentar. Diria mais. Se a economia portuguesa seguir no bom caminho passaremos por um período de aumento do desemprego. Se se mantiver este modelo de águas mornas, talvez diminua. O perigo maior que Portugal corre é de se tornar numa espécie de Sicília. Proteccionista, muito dependente do Estado, pouco liberal, pouco aberta, com pouca concorrência ou espaço para o mérito e para a afirmação. Todos sabemos a rota descendente que a Sicília cumpre e cumprirá enquanto continuar assim. A minha convicção profunda é que, se as coisas correrem bem, o desemprego aumentará.

Sicília é sinónimo de máfia?

Não queria chegar tão longe. Refiro-me a um modelo proteccionista ao extremo, onde para tudo há um padrinho... Muitos portugueses vêem no Estado o padrinho e o que pedem é protecção.

Aumento para quanto?

Não sei, mas não estou a inventar nada. Os países que seguiram trajectórias mais afirmativas e ganhadoras fizeram-no com aumento do desemprego a curto prazo. A Espanha pagou um preço elevadíssimo e hoje é o que é. A Irlanda, onde hoje temos talvez o melhor resultado da Europa nas últimas décadas. Um dos maiores economistas de todos os tempos, Joseph Schumpeter, defendeu uma das teses mais válidas - a da destruição criadora. Não é possível criar sem se destruir algo. Pode ser politicamente incorrecto, mas não há colega meu nenhum que chegue a ministro da Economia ou das Finanças que não o saiba. Pode não o dizer, mas aprendeu nos bancos da escola e com a vida que é assim. Essa é a força do capitalismo, a coragem de romper e de destruir para criar. A Sicília não destrói, mas também cria muito pouco.

Socialmente não é bem-visto.

Para isso é que há políticas sociais, a protecção devida a todas as vítimas do sistema. Posso ser eu amanhã. Pessoas que eu gostaria que fossem também o mais pró-activas possível. Acredito sempre em condicionar os apoios à obrigação de formação, a um mínimo de trabalho pessoal e de retribuição.

A liberalização do comércio têxtil pode contribuir muito para o aumento do desemprego. Os dados de Janeiro indicam já que as importações da China dispararam. O que pode ser feito?

Nessa guerra, o meu lado da barricada é o que exige a abertura dos mercados dos países ditos emergentes. Faz sentido do ponto de vista moral e é uma estratégia que tem, economicamente, hipóteses de ser ganhadora. Para o lado do proteccionismo não vou, porque é para perder.

E os 150 mil empregos em perigo?

Não sei se estão 150 mil em causa, sei é que só podem ser defendidos com algum sucesso se tivermos uma estratégia ganhadora e combativa. A única solução de futuro é a reciprocidade no acesso aos mercados. Há empresas portuguesas a vender em Pequim, é preciso aprender com elas.

Cláusulas de salvaguarda não...

Há razões de clientela por detrás de quem se apega a isso. A minha batalha é a da reciprocidade.

Vai voltar um dia à vida política?

Dói-me que a política se tenha tornado basicamente profissional, onde as pessoas, como nas velhas corporações, têm uma indicação qualquer, entram aos 15, 18 ou 20 anos e é uma profissão.

Os lugares estão reservados aos profissionais da política e não a quem tem reputação e credibilidade?

Reconheço os méritos da profissionalização, mas não chega para me convencer que a política não é só isso. Precisa também de pessoas que não são profissionais da coisa.

Foi por essa visão utópica que esteve tão pouco tempo no Governo?

É uma forma de ver a coisa. Se havia défice de profissionalização era meu. Mas há também questões de atitude. A política tem preços. Uns dispõem-se a pagar, outros não. Eu não paguei, portanto, também não podia receber. Um dos reparos que me era dirigido era o de falar de mais e de ser muito imprevisível.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:24

Avaliação no Estado pede intervenção urgente do Governo

R.M.


A avaliação dos funcionários públicos é um dos principais problemas que o novo Governo terá de resolver logo que tome posse.

Dos cerca de 100 mil funcionários abrangidos pelo novo sistema de avaliação, apenas em 60 mil dos casos terão sido respeitados os prazos para a definição de objectivos em 2004. Os restantes encontram-se numa situação delicada, estando em causa as progressões nas carreiras e o acesso aos concursos internos decorrentes da avaliação.

O programa eleioral do PS aponta algumas pistas para a resolução deste problema. O primeiro-ministro indigitado, José Sócrates, compromete-se a rever, aperfeiçoar e alargar a legislação sobre a avaliação de desempenho a toda a Administração Pública.

Do lado da despesa, o Governo também terá de tomar medidas. Os gastos do Estado com os salários dos funcionários públicos representam 15% do PIB, um valor acima da média comunitária. Durante a campanha, Sócrates definiu como objectivo reduzir em 75 mil o número de funcionários ao longo de toda a legislatura, o que poderá contribuir para a redução da despesa, mas agravará a situação da Caixa Geral de Aposentações.

No que respeita às reformas dos funcionários públicos, o PS compromete-se a promover a convergência gradual dos regimes público e privado, nomeadamente no que respeita ao início da aposentação.

Outro dos problemas que o Governo de coligação não conseguiu resolver foi a desburocratização dos serviços e da forma de funcionar da própria Administração. Um estudo encomendado pela ex-ministra das Finanças, Ferreira Leite, revelava que uma grande parte dos procedimentos do Estado destinam-se ao próprio Estado.

Embora as questões que se prendem com as carreiras dos funcionários necessitem de uma intervenção urgente, é no processo de desburocratização e simplificação da acção dos serviços que a intervenção dos responsáveis governamentais terá de se centrar. Nesse sentido, o programa eleitoral socialista fala na criação de um programa plurianual de redução do número de unidades orgânicas, na avaliação comparada de custos operativos e na aplicação das compras eletrónicas.

A definição das funções do Estado acabou por também não avançar, mas o primeiro-ministro indigitado já disse por diversas vezes que não defende a existência de um Estado mínimo.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:23

As Prioridades do Novo Governo
Combate à fraude passa pelo fim do sigilo fiscal

Elisabete Miranda


Futuro ministro a favor do fim do sigilo fiscal mas contra flexibilização do sigilo bancário.

Luís Campos e Cunha, futuro ministro das Finanças, defende a divulgação pública dos rendimentos declarados pelos contribuintes mas não é favorável a uma maior flexibilização do segredo bancário para efeitos fiscais. O programa com que os socialistas se apresentaram a votos é omisso em relação ao fim do sigilo fiscal mas, ao contrário do que defende o ministro que tutelará a pasta, compromete-se a flexibilizar o segredo bancário para efeitos fiscais, aproximando o regime português do espanhol.

A posição de Luís Campos e Cunha está expressa nas “sete medidas para um programa de esquerda” que o futuro ministro socialista escreveu em Setembro, no jornal Público. A defesa do fim do sigilo fiscal “a par de uma declaração de riqueza” é feita por razões de “moralidade e equidade”, mais do que por motivos orçamentais: “O acesso geral aos rendimentos brutos de cada um seria uma forma muito eficaz de controlo pelos cidadãos da evasão fiscal”, dizia então.

Apesar de ser favorável à divulgação pública dos rendimentos declarados pelos contribuintes, Campos e Cunha não reconhece méritos a uma maior flexibilização das situações em que a Administração Fiscal pode aceder à informação bancária dos contribuintes.

Entende o futuro responsável pela pasta das Finanças que o “sigilo bancário para efeitos fiscais já foi muito suavizado no segundo Governo socialista” e que ir mais longe teria “efeitos muito negativos no sistema de pagamentos a retalho” e não resolveria o problema da corrupção. Para sustentar a sua argumentação cita o exemplo espanhol onde, apesar de se ter acabado com o segredo bancário para efeitos fiscais, “continua a ter níveis de corrupção semelhante ao português”.

O exemplo espanhol é, contudo, aquele que o PS se comprometeu a prosseguir nesta matéria. No frente-a-frente televisivo travado com Pedro Santana Lopes, o futuro primeiro-ministro comprometeu-se a ir mais longe na flexibilização do acesso da Administração Fiscal aos dados bancários dos contribuintes, acrescentando que pretende adoptar as melhores práticas da OCDE e, designadamente, de Espanha.

O país vizinho é um dos da OCDE onde o acesso aos dados bancários dos contribuintes pode ser feito sem quaisquer limitações e onde os bancos estão obrigados ao envio automático e periódico de um conjunto de informações sobre os seus clientes.

Ainda em matéria fiscal, Luís Campos e Cunha é adepto da introdução de impostos sobre o ambiente e sobre a terra, e, caso haja margem para um desagravamento tributário, prefere que ele se faça por via das contribuições sociais do que pelos impostos sobre o rendimento (IRS e IRC).

Sábado passado, em declarações à TSF, considerou que a subida dos impostos é praticamente inevitável, apesar de considerar que “a nossa carga fiscal já é bastante razoável”.

Desafios nas Finanças


Mais de 40 mil funcionários não tiveram os objectivos definidos para 2004, o que está a criar dificuldades na avaliação.


A base de dados dos funcionários públicos continua por actualizar.


Não foram redefinidas as funções do Estado.


Criar condições para a implementação da nova Lei Orgânica do Ministério das Finanças, ou revogá-la.

n No Totonegócio, decidir se retoma a via negocial ou mantém a decisão tomada pelo seu antecessor.


Saldo negativo das contas públicas acima dos 5% do Produto Interno Bruto se forem retiradas as receitas extraordinárias.


Dívida pública deverá atingir os 63% do Produto Interno Bruto este ano, confirmando-se que Portugal está a violar a meta do Pacto de Estabilidade e Crescimento para este ponto.


O saldo primário – saldo global excluindo os gastos com o serviço da dívida pública – regressou no ano transacto a valores negativos, o que não acontecia desde 2001.

Propostas no programa do PS


Rever e aperfeiçoar a legislação sobre a avaliação de desempenho.


Diminuir em 75 mil o número de funcionários públicos, durante os próximos quatro anos, aplicando a regra de por cada dois elementos que saem entra apenas um para a Administração Pública.


Criar um programa plurianual de redução da dimensão da Administração Central, com vista a diminuir o número de unidades orgânicas.


Sujeitar as mais valias mobiliárias a tributação, aproximando o modelo ao da generalidade dos países da OCDE


Avançar com uma colecta mínima de IRC


Flexibilizar o levantamento do segredo bancário para efeitos fiscais, aproximando o regime do espanhol.


Cumprir os limites do Pacto de Estabilidade e Crescimento sem necessidade de recurso a receitas extraordinárias.


Aprovação de um programa plurianual de redução da despesa corrente em % do PIB e a sua contratualização com os diferentes serviços da Administração Pública.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:22

Novo ministro das Finanças é contra o uso das receitas extraordinárias

Bruno Proença


Execução orçamental para este ano colocará dificuldades a Campos e Cunha, podendo obrigá-lo a mudar de posição para cumprir PEC.

O novo ministro das Finanças terá, já este ano, uma prova de fogo: o cumprimento do limite do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) para o défice orçamental deverá obrigar ao recurso, uma vez mais, a receitas extraordinárias, solução que Luís Campos e Cunha reprovou no passado.

Em entrevista à Lusa em Setembro de 2003, o economista afirmou que “a consolidação orçamental não tem nada a ver com medidas excepcionais, que podem pôr o défice contabilisticamente abaixo dos 3%, mas que não são a verdadeira consolidação”.

Contudo, são já conhecidos vários problemas do Orçamento do Estado (OE) para 2005. Desde logo, faltarão os dividendos que habitualmente são distribuídos pela Caixa Geral de Depósitos. Ainda do lado da receita, as previsões avançadas no OE estão sobreavaliadas, já que foram elaboradas a partir de um cenário macroeconómico demasiado optimista, com a previsão para o crescimento do produto fixada em 2,4%.

Do lado da despesa, muitos dos objectivos fixados no Orçamento deverão ser difíceis de obter, uma vez que a execução de 2004 foi bastante diferente da estimativa que consta do OE.

Certo é que o novo Governo socialista começará por pedir ao Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, que lidere uma nova comissão para calcular o valor real do défice das contas públicas. Depois, o recurso a um orçamento rectificativo deverá ser outra medida do novo Executivo ao longo deste ano, faltando saber se será apresentado já na Primavera ou mais para o Outono.

Ainda assim, Luís Campos e Cunha poderá ter que mudar de opinião e recorrer a medidas temporárias para evitar nova violação do PEC. Não seria o primeiro titular da pasta das Finanças a fazê-lo, Bagão Félix também teve que mudar de posição.

O programa eleitoral do PS deixa espaço para o uso das receitas extraordinárias, uma vez que adia para o fim da legislatura (2009) o cumprimento do PEC sem o recurso a medidas temporárias.

De resto, Campos e Cunha, à semelhança da generalidade dos economistas nacionais, defende a necessidade de redução da despesa pública, que também está prevista no programa dos socialistas. Defende mesmo, que os gastos do Estado não deverão ser usados para a reanimar a economia. A situação de recessão “não significa que a política orçamental deva ser expansionista”, uma vez que “a única consequência certa seria o aumento das importações e pouco mais, além de aumentar o prémio de risco para a dívida, o que agravaria a despesa em juros”, afirmou na mesma entrevista à Lusa. Isto é particularmente significativo uma vez que a economia está neste momento estagnada, na melhor das hipóteses.

Contudo, o antigo vice-governador do Banco de Portugal é contra os cortes horizontais na despesa, numa referência directa às políticas seguidas por Manuela Ferreira Leite quando esteve no Ministério das Finanças. Ao invés, o economista prefere uma análise prévia dos gastos, “serviço a serviço, repartição a repartição”, antes de serem decididas as reduções nas despesas.


PERFIL: Economista amante de arte

Entre neokeynesiano ou liberal, o novo ministro das Finanças gosta de se definir como um liberal com grande consciência social, naquilo que se pode entender como uma tentativa de conciliação entre as duas escolas da ciência económica.

Este economista de 51 anos, nascido em Angola e casado, é sobretudo conhecido enquanto académico, faltando-lhe experiência política. Director da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, doutorou-se na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

O seu último momento mais polémico passou-se em 2002, quando Ferreira Leite, então ministra das Finanças, não o reconduziu no cargo de vice-governador do Banco de Portugal. Luís Campos e Cunha foi claro e afirmou que foi afastado por razões políticas.

Sempre próximo do PS, embora não seja neste momento militante, o economista nunca escondeu a sua admiração por Mário Soares, sendo também próximo de António Guterres – participou nos Estados Gerais. De resto, é também conhecida a sua paixão pela arte e o gosto de passar os tempos livres em galerias e museus.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:21

As Prioridades do Novo Governo
Orgânica do Governo está mais próxima do desenho de Guterres e Barroso

Luís Villalobos e David Dinis


O desenho da orgânica do Governo riscou praticamente tudo o que foi introduzido por Santana Lopes, em Julho de 2004.

Vistos e revistos os modelos dos últimos governos, há muito de semelhante aos primeiros governos de António Guterres e... Durão Barroso. Onde?
O Turismo, por exemplo, que nunca tinha tido um ministério apenas para si até ao Executivo liderado por Santana Lopes, volta agora à esfera da Economia. Daqui sai, por sua vez, o Trabalho, que se volta a unir à Solidariedade Social, recriando o modelo do primeiro governo de Durão e António Guterres – com o nome do segundo.

No caso das Finanças, o responsável pela sua tutela, Luís Campos e Cunha, mantém o peso deste ministério ao dividir o cargo de Ministro de Estado com Diogo Freitas do Amaral, além de ficar com a parte orgânica da reforma da Administração Pública. Assim foi com Manuela Ferreira Leite. Ainda em consonância com Durão Barroso – e, aí, não com Guterres - é a separação da educação com o Ensino Superior. Um sinal dos tempos é o facto de Manuel Pinho ser o ministro da Economia e da Inovação, quando até agora esta última vertente estava mais ligada à pasta da Ciência e Tecnologia. No Executivo liderado por José Sócrates não há palavras novas nos nomes dos ministérios, mas falta agora conhecer as secretarias de Estado para perceber melhor quais são as áreas da sociedade portuguesa que o PS destacou. No caso de áreas incontornáveis, como a Habitação, devido à questão da lei do arrendamento, não está ainda clarificado qual dos ministros terá esta responsabilidade.

Olhando para o I Governo Constitucional, liderado por Mário Soares e que tomou posse em Julho de 1976, o hoje Ministério da Economia estava dividido por três governantes: Sousa Gomes detinha o Plano e Coordenação Económica, ao gosto do pós-25 de Abril, Mota Pinto tutelava o Comércio e Turismo e Nobre da Costa a Indústria e Tecnologia. Já no VII Governo Constitucional, formado pela AD e liderado por Francisco Balsemão em 1981, caía a evidência da influência estatal e ficavam os ministérios do Comércio e Turismo e o da Indústria e Energia.Mário Soares, no IX Governo, não altera o panorama e Cavaco Silva, depois de uma breve experiência de unificação da Indústria com o Comércio, depressa volta a separar as águas. O primeiro governo de Cavaco clarificará, no entanto, a junção das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, sendo Oliveira Martins o primeiro detentor desta pasta, que, à excepção de pequenas alterações, tem permanecido assim até hoje.

Será com o XIII Governo, o primeiro de António Guterres, que se cria o Ministério da Economia.Em 1995 desapareciam palavras como a Indústria e englobava-se o Comércio. Mais tarde, Guterres irá tentar fundir a Economia e Finanças sobre a tutela de Pina Moura, experiência que veio depois inverter.

Por alguma razão, desde 1976 até hoje, as Finanças mantiveram o nome sem grandes alterações e estiveram isoladas dos outros ministérios.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:20

As Prioridades do Novo Governo
Subida de impostos é “provavelmente quase inevitável”

Luís Reis Ribeiro


O novo ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, admite uma subida de impostos “provavelmente quase inevitável”, se tal for necessário para reduzir o défice orçamental, uma novidade face ao discurso de campanha de José Sócrates que, no frente-a-frente televisivo com Santana Lopes, garantiu não subir impostos.

O próximo primeiro-ministro disse também que não iria mexer no IVA e até se mostrou a favor da recuperação de alguns benefícios fiscais, fazendo assim jus à desejada “estabilidade fiscal”, uma promessa do programa do PS.

Neste fim-de-semana, Campos e Cunha declarou à TSF que “a subida dos impostos é uma possibilidade” e que “não a encaramos como uma primeira medida mas algo que pode ser necessário, no médio prazo, o que é provavelmente quase inevitável.” Isto apesar de defender que o reequilíbrio das contas públicas tem de ser feito através da redução da despesa.

Caso seja “inevitável”, o agravamento poderá passar, por exemplo, pela subida do IVA. Essa é também a opinião do economista Miguel Beleza, que na passada quinta-feira à noite, num encontro da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (Sedes), defendeu um aumento da taxa máxima de IVA de 19% para 20%. Segundo a Lusa, Miguel Beleza disse também que “a taxa de 12% não tem razão de ser”, defendendo “ajustamentos” noutros impostos, como por exemplo o ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos). Em Janeiro, Campos e Cunha admitiu, em entrevista ao DN, possíveis cortes na despesa, mas também na receita. Segundo o Público, o economista escreveu em Setembro de 2004 que era a favor do fim do sigilo bancário e propôs a criação de um imposto sobre a terra, “em que taxaria as propriedades em meio cêntimo por metro quadrado, por exemplo”. Os economistas ouvidos pela edição de ontem do Público não se mostraram surpreendidos com a menção à eventual subida de impostos. Augusto Mateus considera que “a vida não está fácil” e acredita que o aumento de impostos não é para já mas que ele terá de se concretizar caso falhe a contenção orçamental. Nogueira Leite considera que Campos e Cunha tem uma “visão prudente” pois a subida da carga fiscal “reduz os incentivos à redução da despesa”. Teodora Cardoso também apoiou, referindo que “tenho dito muitas vezes que temos uma carga fiscal baixa, especialmente nos impostos sobre os lucros das empresas e os rendimentos”. A economista do BPI explicou que “a noção de médio prazo para um economista é acima de dois anos e estou convencida de que ele estava a falar como um economista”.

Segundo a TSF, Carvalho da Silva, da CGTP, considerou a declaração de Campos e Cunha como um “mau indicador”. O presidente da CIP, Francisco Van Zeller, também não concorda com a subida de impostos porque “eles já estão tão altos que leva a maior fuga”. Pelo contrário, Rocha de Matos, presidente da AIP “corrobora o aviso deixado pelo novo ministro das Finanças aos sindicatos e outros grupos de interesses: ou todos fazemos um esforço para reduzir a despesa ou os impostos têm de aumentar”.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:19

O poder de seduzir os investidores externos

Filipe Charters de Azevedo, Pedro Marques Pereira e António José Gouveia


Portugal conseguiu manter o seu poder sedutor para os investidores estrangeiros.

O ‘stock’ de Investimento Directo Estrangeiro (IDE) em percentagem do PIB, corrigido dos movimentos mundiais, tem-se mantido relativamente constante desde 1980. Mais: os dados revelam ainda que a posição que esse investimento tem na economia portuguesa é superior ao esperado dado o tamanho da economia. Uma análise mais imediata poderia concluir que Portugal soube resistir ao alargamento da UE, ao acordar da China e Índia. Mas não é verdade. Embora não haja dados precisos, o investimento internacional em Portugal é muitas vezes virado para o mercado interno. Não traz competências específicas para o país disputar no mercado internacional – não se centra na produção de bens e serviços transaccionáveis. De outra forma, não é a entrada do Santander no capital do Totta que faz a banca portuguesa mais competitiva, explica Mira Amaral. (Embora a concorrência e a modernização do sector possam, por via indirecta, melhorar os trunfos portugueses lá fora). Por seu lado, a República Checa, a Hungria e a Estónia partiram de uma posição muito inferior à nossa em 1980 e hoje estão à nossa frente. Com investimentos no sector industrial. Para 2004, o fluxo de IDE em Portugal cresceu abaixo do que tem sido habitual nos últimos anos. Um resultado semelhante ao dos países ocidentais.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:18

Euro sobe com decepção nos EUA

DE


A moeda única europeia conseguiu terminar a semana acima dos 1,32 dólares, na sequência de uma valorização de cerca de 1%.

O euro beneficiou da desilusão que os números sobre a criação de emprego nos Estados Unidos em Fevereiro provocaram junto dos investidores do mercado cambial. Isto apesar de a maior economia do mundo ter criado mais emprego no mês passado do que em Janeiro. O problema foi que os 262 mil novos postos de trabalho ficaram aquém das melhores estimativas, que apontavam para uma meta de 300 mil empregos.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:17

Análise técnica
Siemens - Restruturação móvel em marcha

Nuno Miguel Matias, analista da Bigonline


Sendo uma das maiores empresas europeias a Siemens está presente em múltiplas áreas de negócio que vão desde equipamento médico, telecomunicações, sistemas de automação e transportes ferroviários.

Com uma capitalização bolsista de aproximadamente EUR 53 mil mn, a empresa ocupa o primeiro lugar do índice alemão de referência DAX, com a empresa a ser responsável por cerca de 430 mil empregados.

Tendo a Siemens já apresentado resultados relativos ao primeiro trimestre fiscal, o lucro (EUR 1,12 por acção) acabou por se situar acima das expectativas de mercado (EUR 0,89 por acção), isto tendo em conta o registo de um ganho extraordinário cujo efeito traria o lucro para valores exactamente em linha com consensus. Outro dos factores que assume particular relevância, prende-se com as encomendas registadas neste período, com praticamente todas as divisões a registarem aumentos significativos face ao ano anterior.

Um dos factores que já há algum tempo vem condicionando a performance da empresa, é a divisão de comunicações, especialmente a unidade de telemóveis, que há três trimestres consecutivos reporta prejuízos. Neste sentido, o mercado aguarda já há algum tempo, e com expectativa, uma decisão dos responsáveis da empresa que possa inverter esta situação, tendo sido referido aquando da apresentação de resultados que de momento todas as opções estão em aberto, reestruturação do negócio, venda da unidade, procura de parcerias e em último caso encerramento do negócio. A Siemens adiantou ainda que num futuro próximo poderá anunciar uma decisão final face a esta situação, uma noticia que seria bem recebida pelo mercado.

Noutro âmbito, a Siemens é uma empresa com forte capacidade de geração de cash flows, dispondo em balanço a 31 de Dezembro de 2004 de um valor de aproximadamente EUR 10,5 mil mn em cash. Tendo isto em consideração a administração da empresa renovou na última Assembleia Geral a autorização de adquirir até 10% do capital social, entre 1 de Março de 2005 e 26 de Julho de 2006, um programa que a ser executado traria algum suporte ao título.

Em termos de múltiplos de mercado a empresa transacciona com P/E 2005E e 2006E de 15,03x e 13,27x respectivamente, a desconto face a média do sector, que se situa nos 18,29x e 15,49x. A dividend yield situa-se nos 2,10% acima das suas congéneres (1,88%).

Corrigindo dos valores atingidos no final de Janeiro próximo dos EUR 64, o título encontra-se junto da linha de suporte dos EUR 59,5, com o RSI (indicador de força relativa) a registar uma leitura próxima dos 40 pontos, um nível bastante interessante para a constituição posições longas.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:16

No Financial Times
A tentação de emitir dívida

Financial Times


Andar no arame sem rede de segurança é uma experiência assustadora, se bem que seja isto que grande parte dos investidores pensa fazer.

Esta quarta-feira, a Centex, uma construtora americana, vendeu mil milhões de dólares em dívida privada, com a tranche anual cotada 7 pontos acima da Lisbor - um ‘spread’ historicamente apertado para esta classe. A passada semana também testemunhou um forte fluxo de investimento, quando o governo francês liquidou uma dívida com 50 anos. Entretanto, os ‘spreads’ de muitas empresas atingiram níveis apenas verificados antes do colapso financeiro de 1998.

Será que esta situação vai durar? A propósito desta dívida, e segundo os bancos de investimento, a resposta é afirmativa. É provável que a curto prazo tenham razão. A situação económica actual suporta bem baixas taxas de incumprimento, sendo que a Moody’s prevê que, durante o primeiro trimestre de 2005, se verifique a maior actualização de emitentes desde 2001, enquanto que os bancos centrais denotam alguma lentidão em absorver o excesso de liquidez. Paralelamente, não há sinais alarmantes por parte dos ‘hedge funds’ em relação às transacções alavancadas nem dos governos que retrocedem às mudanças de regulamentação, que suportam os mercados de obrigações.

Contudo, um ‘spread’ tão apertado não deixa margem de erro quando as condições forem outras. Ou seja, a longo prazo, alguém vai ficar prejudicado. Porém, a curto prazo, os investidores quase não necessitam de ir ao fundo da questão. Ao fim e ao cabo, os bancos de investimento estão tão desesperados para obter margens em todos os negócios de crédito, quanto os investidores procuram rentabilidade. Esta situação pode dar origem a uma mistura perigosamente explosiva para os mais incautos. Veja-se o caso LTCM.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:15

Lisboa sobe mas fica aquém das congéneres europeias

Diogo Nunes


O BCP, a Brisa e a JM foram decisivos para o fecho da praça nacional em terreno positivo.

A bolsa portuguesa fechou a última sessão da semana passada em alta ligeira, beneficiando dos avanços do BCP, da Brisa e da Jerónimo Martins. O PSI 20 cresceu 0,08% para os 7.898,13 pontos, uma leve progressão quando comparada com o desempenho das restantes praças europeias, cujos ganhos variaram entre os 0,43% de Londres e os 1,27% de Madrid.

O dia de sexta-feira ficou marcado pelo regresso do FTSEurofirst 300 aos níveis de Junho de 2002. Este índice pan-europeu, que reúne as trezentas maiores capitalizações bolsistas no espaço da União Europeia, renovou os máximos de 33 meses, devido ao entusiasmo dos investidores face aos bons indicadores lançados nos Estados Unidos. O sólido crescimento do emprego na maior economia do mundo parece afastar os receios de uma nova revisão em alta das taxas de juro norte-americanas nos tempos mais próximos.

O apelo do presidente da Venezuela para a OPEP não subir a produção, após a renovação dos máximos históricos dos preços do crude animou os títulos das petrolíferas, que lideraram os ganhos na Europa.

Em Lisboa, o índice de referência nacional voltou a aproximar-se da barreira dos 7.900 pontos, impulsionado pelo desempenho positivo do BCP, que cresceu 0,47% para os 2,14 euros. O maior banco privado português foi acompanhado pela subida de 1,09% para os 6,50 euros da Brisa, que recuperou parte das perdas acumuladas durante a semana passada.

Já a Jerónimo Martins renovou o seu máximo de Dezembro de 2000, com as acções da distribuidora liderada por Luís Palha a progredirem 2,87% para os 11,47 euros. Os analistas consideram que o mercado está a antecipar a divulgação de bons resultados relativos ao exercício de 2004. “A JM apresenta resultados para a próxima semana, na quarta-feira, os quais devem ser positivos”, sublinhou um operador ao DE.

A Reditus liderou as subidas com um avanço de 4,17% para os 4 euros, registo que perseguia desde o passado dia 21 de Fevereiro.

Os restantes pesos-pesados fecharam a semana a pressionar a praça nacional, com a PT a cair 0,11% para os 9,11 euros e a EDP a baixar 0,45% para os 2,23 euros. A energética liderou o volume de negócios, com mais de 9,5 milhões de papéis a mudarem de mãos, num dia em que a liquidez ficou abaixo do resto da semana, com o volume total de negócios a quedar-se pelos 110 milhões de euros.

Última nota para o fecho no vermelho das empresas portuguesas de media. Impresa, Media Capital e Cofina contrariaram a progressão do sector na Europa.


Jerónimo Martins com novo máximo
A concessionária já cresceu mais de 18% desde o início do ano.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:14

Seguradoras cativas são um “instrumento poderoso na gestão de risco”

Maria João Gago


As seguradoras cativas, criadas por grandes empresas industriais e de serviços ou por várias instituições que operam num determinado sector de actividade, “são um instrumento poderoso de gestão de risco”.

Sobretudo tendo em conta que as seguradoras tradicionais “estão a abandonar algumas coberturas”, defendeu José Manuel Dias da Fonseca, presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Riscos e Seguros (APOGERIS), ao DE.

A cativa funciona para a empresa ou grupo que a cria como uma seguradora normal, que só aceita o risco da própria sociedade ou das suas participadas. No entanto, ao contrário do que por vezes acontece com as restantes companhias, aceita 100% desses riscos que, posteriormente transfere para as grandes resseguradoras internacionais, retendo parte do risco, sublinha Dias da Fonseca. Ao optarem por esta solução, as instituições conseguem reduzir os custos com seguros, em resultado do efeito de escala, alcançar uma “coerência na arquitectura de seguros” e uma gestão de riscos mais eficaz. Com o recurso às cativas “há uma maior responsabilização do segurado e um efeito dissuasor” da ocorrência de situações de risco, explica o presidente da APOGERIS.

Independentemente da criação de cativas – opção a que deverão recorrer cada vez mais grupos de empresas do mesmo sector –, Dias da Fonseca defende que a gestão de riscos (financeiros, estratégicos, operacionais e outros perigos externos) é fundamental para assegurar a “sustentabilidade das instituições”. Além disso, “é um dos critérios que os bancos utilizam para definir o custo de financiamento” de uma empresa. Por isso, a função de gestão de risco deve ter cada vez mais importância, não apenas nos grandes grupos mas também nas PME, sublinha.

Risco em debate
Apesar de ser uma jovem associação, a APOGERIS vai ser anfitriã do congresso anual da Federação Europeia de Associações de Gestão de Risco (FERMA). O evento, em que estarão presentes cerca de um milhar de grandes companhias de seguros e empresas internacionais, vai ter lugar em Lisboa, entre 2 e 5 de Outubro. Dias da Fonseca, administrador da FERMA, ao lado de responsáveis da Telecom Italia, Danone, Dragados, Solvay ou Lufthansa, espera que o Fórum da Federação Europeia chame a atenção dos portugueses para a importância da gestão de riscos na sustentabilidade das empresas.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:13

Petróleo
Novos máximos do petróleo obrigam OPEP a rever estratégia

Pedro Ferreira Esteves


Preço do barril de Brent registou, na sexta-feira, uma correcção ao recorde da véspera e negociou nos 51 dólares.

Os preços do petróleo sofreram, na última sexta-feira, uma correcção técnica aos máximos testados na véspera, mas permaneceram suportados perto dos respectivos valores recorde. Esta situação levou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a abandonar a hipótese de reduzir o seu nível actual de produção, prometendo agir para contrariar qualquer défice na oferta de petróleo nos mercados mundiais.

“Só vejo duas possíveis soluções: a disciplina das quotas poderá ser flexibilizada para que todos possam aproximar-se do seu potencial disponível; ou podemos aumentar definitivamente a produção, através das quotas”, explicou à Reuters, um responsável da Nigéria, país membro do cartel.

Esta ideia foi reforçada por uma fonte oficial da OPEP, que anunciou a publicação, hoje, de um comunicado no qual “iremos dizer que estamos totalmente preparados para fazer face a um défice da oferta e, tendo em conta o recente aumento dos preços, não iremos reduzir produção”.

Para os analistas, a OPEP não tem grande margem de manobra para aumentar a produção, pelo que a reunião marcada para o próximo dia 16 de Março, no Irão, não deverá trazer grandes alterações aos níveis actuais. A quota do cartel está fixada em 27 milhões de barris por dia.

“Descer a quota de produção seria uma provocação, aumentá-la seria inapropriado e imprudente”, explicou um analista da Société Générale à AFP, em referência à previsível descida da procura no segundo trimestre.

A subida recente dos preços está relacionada o forte aumento da procura de petróleo no hemisfério norte, numa época de temperaturas mais baixas do que o habitual e quando os ‘stocks’ dos EUA permanecem abaixo dos níveis médios esperados.

Na passada sexta-feira, o preço do barril sofreu uma correcção na sequência da tomada de mais-valias realizada pelos fundos especulativos. Em Londres, os contratos de futuros negociaram nos 51,7 dólares, depois do novo recorde alcançado na véspera nos 53 dólares.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:13

“Mais do que crescer, os bancos têm de ser muito rentáveis”

Maria João Gago


A criação de valor para o accionista é a forma de os bancos nacionais se defenderem dos grandes grupos internacionais.

Para serem rentáveis, os bancos têm de “fazer aquilo em que são realmente bons”, defende Ilídio Barreto, professor de gestão de instituições financeiras.

Como se explica que os bancos consigam aumentar lucros todos os anos?
A banca está acima da média dos restantes sectores da economia nacional, em termos de utilização de técnicas e processos de gestão. Esta vantagem deve-se, em primeiro lugar, à dinâmica concorrencial muito importante que se impôs desde as privatizações e da entrada em vigor da Segunda Directiva Bancária. Por outro lado, os gestores portugueses têm um grau de exposição muito grande ao que se passa na banca estrangeira. Finalmente, há um ‘mix’ geracional muito interessante na gestão bancária, em que se concilia uma geração mais velha de grande experiência e capacidade de visão com uma geração mais jovem com capacidade técnica de nível europeu.

Mas como é que a banca foi capaz resistir à crise?
Em termos internacionais, viveu-se, nos últimos anos, uma situação paradoxal, com um contexto macroeconómico descendente e até recessivo, em que ocorreram vários choques externos, como o 11 de Setembro, a crise cambial e bancária da Argentina e da Turquia ou as irregularidades contabilísticas. Mas o sector bancário português e europeu comportou-se de forma muito robusta. Procedeu à sua retoma antes da própria retoma [da economia], sem nunca atingir uma situação preocupante para o sistema.

A que se deveu essa capacidade de resistência?
Por um lado, a banca colheu, finalmente, os benefícios de uma regulamentação bancária pesada, que foi controversa mas que se revelou agora benéfica, como o acordo inicial de Basileia I, sobre riscos de crédito, e as C.A.D.’s I e II, referente aos riscos de mercado. Por outro lado, assistiu-se a uma dinâmica de melhoria sustentada nas práticas de ‘risk management’ por parte da banca europeia. Finalmente, verificou-se o advento da ‘resource based view’ (RBV). Trata-se de uma perspectiva teórica estratégica que explica as razões do sucesso das organizações com base na existência (ou não) de ‘competências nucleares’. Trouxe uma maior preocupação de adequação dos negócios em que estamos às competências existentes. Adquiriu-se a noção de que não tem que se fazer tudo para todos. Foi uma preocupação que valeu muitos milhões [de euros].

A banca adaptou-se a uma nova realidade?
Neste momento, os bancos perceberam que têm que concorrer em vários mercados, por clientes, potenciais accionistas e colaboradores de talento. A banca tem de fazer tudo simultaneamente e bem feito, ou seja, satisfazer com excelência os seus accionistas e clientes. Até há pouco tempo, o aumento de dimensão era feito em termos de activos, mas está-se a passar para uma tónica de valor de mercado. O ‘ranking’ [da banca] que é relevante é o do valor de mercado. O BBVA, por exemplo, anunciou que, dentro de três a cinco anos, quer estar no ‘top ten’ mundial em capitalização bolsista. Os bancos vão deparar-se com a dificuldade de criar imenso valor para os accionistas, mas satisfazendo com excelência os clientes. Têm de articular o ‘shareholder value’ com o ‘customer value’.

A banca nacional pode conciliar estas metas?
Os mercados estão a exigi-lo. Os bancos têm de fazer aquilo em que são realmente bons. Há uma pressão dos mercados para a rendibilidade, para a criação de valor e para a que se evitem operações de destruição de valor. Mais do que crescer, os bancos têm de manter um nível de actividade muito rentável. Quanto mais o fizerem, mais os bancos terão boas surpresas.

Há espaço para mais concentração em Portugal?
Uma das surpresas após a entrada em vigor da Segunda Directiva Bancária, primeiro, e do euro, depois, foi a reduzida dimensão e número de operações de fusões e aquisições ‘cross-border’. Os bancos têm sido extremamente cautelosos. Casos como o exemplo nórdico do Nordea justificam, porventura, essas cautelas.

A banca mantém a sua nacionalidade?
A pergunta leva-nos à questão da vulnerabilidade dos bancos nacionais relativamente aos estrangeiros. Cada vez mais podemos dizer que o nível de rendibilidade elevada, muito elevada, das instituições servirá como antídoto relativamente a essas ameaças. Quanto melhor geridas forem as instituições menor será a sua vulnerabilidade a essas ameaças externas em que a nacionalidade fica em causa. Esta tendência será tanto mais importante quanto melhor for o sistema de ‘corporate governance’ de cada mercado e economia.

Um banco nacional com uma capitalização bolsista de sete mil milhões pode defender-se de um grupo espanhol com um valor de 60 mil milhões?
O que pode fazer com que um grande banco não possa comprar um banco pequeno? A nossa esperança é de que não haja significativa possibilidade de que esse grande banco possa fazer melhor do que está a ser feito por um banco pequeno. Mas o banco pequeno tem que explicar isso mesmo ao mercado, por forma a beneficiar do ‘shareholder activism’, que luta contra operações destruidoras de valor. Ter uma banca competente é extremamente importante para uma economia: equivale a assegurar a imposição de uma ‘hurdle rate’ correcta em relação aos projectos de investimento. Um nível de exigência elevado assegura um crescimento da economia mais saudável, no curto prazo, e mais rápido, no longo prazo.


PERFIL: Professor de banqueiros

No início da sua vida profissional, Ilídio Barreto chegou a fazer um estágio na redacção do antigo semanário O Tempo. Depois da experiência jornalística optou pela vida académica. Licenciou-se em Economia na Universidade Católica, fez uma pós-graduação nos Estados Unidos e o doutoramento em Londres. Regressou à Católica como professor, onde coordena cursos de formação de banqueiros.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:11

Condições de mercado podem antecipar ‘break-even’ da Oni

Hermínia Saraiva com Reuters


A efectiva liberalização das telecomunicações pode anular prejuízos na operadora controlada pela EDP.

A Oni pode antecipar o “break-even” previsto para 2007. A previsão foi divulgada no final da semana passada por Rui Horta e Costa, Chief Financial Officer (CFO) da EDP, empresa que controla a maioria do capital da operadora de telecomunicações, e reside nos resultados alcançados e na expectativa de uma “efectiva liberalização” do sector.

Em declarações à Reuters, Rui Horta e Costa explicou que a empresa passou por “uma cura de emagrecimento que está praticamente concluída”. A operadora conseguiu, em 2004, um incremento da margem bruta de 10,3% para os 157,6 milhões de euros, com o EBITDA a subir para os 22,1 milhões, o que representa uma melhoria de 147,5%. O resultado operacional permanece abaixo da linha de água, tendo registado uma descida de 28,3% para os 45,9 milhões face aos 64 milhões registados em 2003. Ao longo do ano os custos operacionais da empresa cresceram 1,2%, cifrando-se em 135,4 milhões de euros, com os custos de pessoal a cair 5,7% para os 54 milhões de euros.

Feito o trabalho de casa, os responsáveis pela empresa esperam agora que o mercado e o enquadramento regulatório contribuam para o seu desenvolvimento. Para Horta e Costa, “2004 terá de ser, finalmente o ano da liberalização” e um “um ano de crescimento”, acrescentando que existem sinais positivos do mercado, nomeadamente no que diz respeito à liberalização das compras do sector público. Recorde-se que o Estado, por via da UMIC, aprovou no início do ano o novo guia de fornecimento de serviços e produtos de telecomunicações, abrindo este segmento a novos operadores. “Com isso em funcionamento e com uma verdadeira liberalização do sector a ONI tem possibilidade de crescer na sua linha de proveitos, com evolução aceleradamente positiva em termos de resultados líquidos e o ‘break-even’, previsto para 2007, poderá ser antecipado”, explicou o CFO da EDP.

“A partir de agora, a melhoria operacional da ONI depende do crescimento do ‘top line’, que depende da liberalização do sector”, afirmou o gestor, classificando como “via sacra” o processo de afirmação da ONI, que teve início há seis anos com a abertura do mercado de telecomunicações a novos operadores. Horta e Costa defende ainda a promoção do acesso directo aos clientes finais como única via para ganhar quota de mercado. “Se não temos esse acesso directo e ele nos é dificultado pelo incumbente, como tem sido até agora, então a ONI tem um problema que é definitivo: como conseguir impor-se no mercado sem que as Autoridades promovam a efectiva liberalização do sector”, questiona.

O grupo ONI fechou o exercício de 2004 com resultados líquidos negativos de 155,6 milhões de euros, acima dos prejuízos de 119,3 milhões de euros registados em 2003, um valor prejudicado pelo aumento dos resultados extraordinários negativos para 50,5 milhões de euros face a perdas extraordinárias de apenas 10,1 milhões de euros em 2003.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:10

Desblindagem da Portucel espera por decisões do novo Governo

Gilda Sousa e Rui Cabrita


Se a emissão de obrigações é um assunto pacífico, já a desblindagem deve ser adiada para uma outra assembleia geral.

A desblindagem de estatutos da Portucel vai esperar pela tomada de posse do novo Governo. O assunto é hoje discutido em assembleia geral, mas a votação deverá ser adiada, para evitar que uma decisão que envolve os interesses do accionista público seja tomada numa altura de vazio político.

Pedro Queiroz Pereira, presidente da Semapa, e Jorge Armindo, presidente da ‘holding’ pública Portucel recusaram pronunciar-se sobre o assunto, mas uma fonte adiantou que este ponto da agenda será, ao que tudo indica, adiado. Os dois accionistas do grupo papeleiro, Semapa e Portucel SGPS, em colaboração com as Finanças, chegaram já a um consenso sobre a desblindagem, mas querem que o futuro acordo parassocial resultante das negociações seja apreciado pela nova Tutela.

Em causa está a eliminação da actual limitação dos direitos de voto a 25%. Uma pretensão da Semapa, detentora de 67% do capital da Portucel. A medida, para ser aprovada em assembleia-geral, precisa da concordância do Estado, que controla ainda 25,7% do capital.

A Portucel SGPS exigiu contrapartidas para abrir mão do único privilégio que ainda protege a sua posição de accionista minoritária. Com a desblindagem, o Estado vê desvalorizada a sua posição, apesar de fonte da Semapa defender um entendimento contrário. Certo é que este é um ponto sensível e portanto as partes querem acautelar os diversos interesses em jogo.

Além da limitação dos direitos de voto, a Semapa submete hoje a votação na assembleia geral um vasto conjunto de alterações aos estatutos da Portucel. Ao contrário deste tema, o segundo ponto da agenda, - a autorização para a administração da Portucel avançar com um empréstimo obrigacionista - deverá passar na assembleia geral de hoje, já que não levanta objecções por parte do Estado. A emissão, limitada a 750 milhões de euros, destina-se a reestruturar a quase totalidade dos actuais 860,7 milhões de dívida, a maior parte da qual com uma maturidade que não ultrapassa 2007.

A holding liderada por Pedro Queiroz Pereira alega que os prazos dos empréstimos actuais não se ajustam à natureza cíclica e de capital intensivo da empresa.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:09

EDP cria estrutura de combate para o mercado ibérico

Rui Cabrita


A eléctrica nacional criou uma nova orgânica que reforça a articulação dos seus negócios no mercado ibérico.

A EDP vai criar um conjunto de comités de gestão por forma a melhor articular os diversos negócios que a empresa tem em Portugal e Espanha. O objectivo é reforçar a sua estrutura para combater a concorrência das eléctricas espanholas. não só em Portugal mas também em Espanha, num cenário de mercado liberalizado.

Segundo o plano de reestruturação aprovado no dia 24 de Fevereiro, a que o Diário Económico teve acesso, a Comissão Executiva da empresa justifica o novo modelo pela “necessidade de adoptar um modelo de gestão que consubstancie o carácter de grupo empresarial ibérico assumido pela EDP, na sequência do controlo da Hidrocantábrico”. Este modelo, contou com o apoio de diversos consultores, mas foi sobretudo desenvolvido pela consultora Mckinsey.

Na nova estrutura matricial, que deve entrar desde já em vigor, estão previstos sete comités: Produção, Distribuição, Comercial, Recursos Humanos, Regulação, meio ambiente e planificação energética, controlo e Finanças e Projecto Gás.

Nestes comités reunirão todos os responsáveis das empresas, em Portugal e Espanha, por áreas de negócios, e contarão com a presença de membros da comissão executiva.

Para assegurar o bom funcionamento desta nova estrutura orgânica, a EDP decidiu ainda constituir o Gabinete de Articulação Corporativa (GAC). Segundo o documento, o GAC – que será da responsabilidade de Rui Ferin Cunha –vai assegurar “o adequado desempenho dos comités de gestão e a respectiva articulação com os órgãos sociais das empresas “. Ao mesmo tempo, a companhia decidiu extinguir o Gabinete de Articulação Ibérica (GIB), cujo director era António Castro.

Neste modelo orgânico decidido pela EDP, “ressalva a preocupação clara de se assumir que a EDP é agora uma multinacional de cariz ibérico e que por isso toda a nova estrutura viverá em função disso”, explicou uma fonte da EDP ao Diário Económico. É aliás, na vertente de organização ibérico que mais alterações estão previstas a nível orgânico.

A EDP pretende ainda intensificar a criação de uma Área Ibérica de ‘trading’ de energia, com sede em Lisboa, tendo nomeado Joaquim Coronado como responsável da comissão instaladora desta nova área. Reforçada sai também a empresa Labelec, que fica com a coordenação a nível ibérico das áreas de desenvolvimento tecnológico e I& D.

Nova empresa renovável em Espanha
A Comissão Executiva decidiu ainda avançar com a constituição de uma nova empresa ibérica, para agregar as actividades, os activos e os meios afectos aos centros electroprodutores a energia eólica, em Portugal e Espanha. Ou seja, passará a deter todos os activos da Enernova e da Bioeléctrica, do lado português e da Genesa, a empresa da Hidrocantábrico., em Espanha A Enernova fechou o ano de 2004 com uma quota de mercado 27%, correspondente um total de 150 MW. A Genesa tem actualmente 3.800 GW.

Esta nova empresa ibérica para as actividades renováveis, terá um conselho de administração presidido por João Talone, contando ainda com Manuel Menéndez, como não executivo, Jorge Godinho como presidente da comissão executiva e Dionisio Fernández como CEO.

Estão actualmente em cima da mesa diversos nomes para esta nova actividade, sendo que ainda não existe uma decisão nesta matéria.

EDP Produção e CPPE fundidas
Ao nível da actividade de produção, o plano de reestruturação determina a fusão da EDP Produção com a CPPE. Para esse efeito, foi ainda aprovado o mesmo conselho de administração para as duas empresas de modo temporário enquanto a fusão não é efectivada. Além disso, nesta actividade, as mudanças prendem-se sobretudo com a nomeação de novos elementos nas diversas empresas, como EDP Produção EM, Soporgen, Energin, Enerfin, Carriço Cogeração, Tergen, e a OeM Serviços.

A EDP Valor, a empresa responsável pela central de compras da EDP também ganha peso, uma vez que passa a a ser responsável por todas as aquisições no mercado ibérico. No Brasil, foi nomeado João Aguiar para vice-presidente da EDP Brasil e director-presidente da Bandeirante.

Comercial ganha EDP Outsourcing
Ao nível da distribuição e função comercial, a comissão executiva da EDP, decidiu criar a EDP Outsourcing, uma nova empresa que prestará serviços de suporte à actividade comercial comercial. A reestruturação destas actividades consagra a gestão de infra-estruturas de rede à EDP Distribuição, ficando a comercialização a cargo da EDP Comercial.

Esta terá ainda a responsabilidade pela área da gestão da Marca EDP. Esta função competia anteriormente ao Gabinete de Comunicação e Imagem (GIC). Mas segundo uma fonte da EDP, tendo acabado o trabalho de mudança de imagem corporativa da empresa, deixa de fazer sentido manter a gestão da marca no GIC.

Nomeações em vigor desde 1 de Março
O plano de reestruturação da EDP, teve também implicações ao nível de recursos humanos, procedendo-se a um conjunto de nomeações e promoções. Estas passaram a estar em vigor, na sua maioria, a partir de 1 de Março, ainda sem o novo governo tomar posse e em que a decisão foi tomada a 24 de Fevereiro, quatro dias depois das eleições legislativas.

O presidente da comissão executiva, João Talone, aquando da apresentação dos restados de 2004, ressalvou que estes timings nada têm de político. “Este é um trabalho de meses, que por acaso coincidiu ser decidido agora”, explicou. Das promoções, realce para a nomeação de Pita de Abreu e António Castro como directores gerais coordenadores.
 
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por marafado » 7/3/2005 23:08

Tecnologia e emprego para cumprir metas de Lisboa

Luís Reis Ribeiro


Estudo do BNP Paribas pede alta prioridade para a inovação tecnológica na Europa.

As economias europeias têm um desafio “crucial” até ao final desta década: aumentar a taxa de crescimento potencial. Os Governos devem dar total prioridade aos investimentos em alta tecnologia e ao aumento da taxa de actividade, defende o BNP Paribas num estudo divulgado na semana passada. Os resultados desfavoráveis nestas duas áreas são evidentes em Portugal, como demonstram números divulgados recentemente. A taxa de actividade nacional está estagnada em pouco mais de 52% e o peso do I&D no total do produto valia 0,79% do PIB, o segundo pior nível dos Quinze, atrás da Grécia. A média europeia era de quase 2%.

Eric Vergnaud, o economista responsável pela análise, defende que a Europa precisa de aprender a adaptar-se às mudanças da economia-mundo, afinando o seu ‘mix’ de políticas. O perito escreve que a UE está hoje num patamar inferior em relação aos Estados Unidos em termos de ciclo económico e que o mais preocupante é o facto desta situação já ter ocorrido “demasiadas vezes no passado”, o que evidencia “uma deficiência maior” do modelo de desenvolvimento europeu.

Na prática, continua o economista, “o instrumento orçamental não está operacional devido ao nível elevado de despesa e às limitações na aplicação do Pacto de Estabilidade”. O BNP sublinha a importância de se acelerarem as reformas estruturais, ao mesmo tempo que denuncia a falta de concretização dos objectivos para o emprego da Agenda de Lisboa. A meta para a taxa de emprego é de 70% em 2010 e de 67% em 2005, mas os últimos números, relativos a 2004, mostram que a taxa da UE está estagnada ligeiramente abaixo dos 65%.

No que respeita à economia nacional, o Banco de Portugal diz que é imperativo o aumento do potencial económico num contexto de crescente concorrência com as economias do Leste europeu e da Ásia. Desde o início desta década, que o potencial da economia portuguesa está em queda. O PS comprometeu-se a elevar esta taxa até aos 3% em 2009 e a criar 150 mil empregos até ao final da legislatura. As últimas informações do INE mostram que a criação de emprego quase estagnou em 2004 e que o desemprego ultrapassou a barreira psicológica de 7% da população activa
 
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