Pelo ar que respiramos
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O Sérgio volta a andar distraído. O Oliveira compra mas o dono do dinheiro é o BES. O negócio do BES é emprestar dinheiro a quem lhe pague, espera com isso ganhar mais um cliente em vez de o perder para o espanhol. Mesmo que a PT faça mau negócio para o BES é sempre bom! Qual o problema? Não é o que fazem os espanhóis?
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Biomassa
Pelo ar que respiramos
Sérgio Figueiredo
Pelo ar que respiramos
sf@mediafin.pt
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A crítica é um exercício de risco. E desencadeia reacções perigosas. Sobretudo se o poder está muito concentrado. O político protege-se da crítica apropriando-se da informação. Não se trata de coisas confidenciais, não é informação privada, do seu Ministério, menos ainda dos caciques de gabinete. É à informação do Estado que, por retaliações estritamente pessoais, o acesso fica vedado.
Já os grupos económicos preferem cortar na publicidade. A regra não é felizmente geral. Mas, para muita gente de ar respeitável no nosso país, o jornal bom e cómodo é o jornal morto.
Se esse grupo é de comunicação social, então a crítica já não põe em causa a notícia, nem o anúncio pago, mas o emprego de quem se limita a fazer o seu trabalho. Dito de outra forma, o que está em causa é a própria liberdade, base da democracia.
Razão mais que suficiente para encarar os negócios relevantes nos media muito além da perspectiva estrita do negócio pelo negócio.
Não é romantismo. Ricardo Salgado não é romântico, é banqueiro. É presidente do BES, accionista de referência da PT, e teve a coragem de assumir que recusava ver a Lusomundo controlada por um grupo espanhol.
Está a dizer é que, tratando do que se trata, o preço não é tudo. Nem o mais importante. Os media concentram muito poder e Ricardo Salgado não fica indiferente a quem acede ao poder através do controlo dos media. Coloca, assim, a questão ao nível da soberania nacional.
É uma atitude respeitável. Mas o patriotismo não é o único pré-requisito para quem quer deitar mão a esse poder, tão sensível, tão crucial, tão decisivo. Há a credibilidade. A idoneidade. A ética.
O cidadão Ricardo Salgado teve de preencher todas essas condições para exercer a actividade de banqueiro. Não há razão para deixar a porta escancarada àqueles que já concentram ou a quem quer concentrar tanto poder nos media.
Não sei se o senhor Joaquim Oliveira, irmão do ex-jogador e treinador António Oliveira, empresário «self made man» que fez fortuna no futebol, que ostenta amizades duvidosas e mantém amizades menos recomendáveis, não sei se podia ser banqueiro neste país.
Mas sabemos que, à partida, é o mais forte candidato, o preferido do BES e do management da PT, à aquisição da unidade de media do grupo. E que, de um momento para o outro, por um valente punhado de euros, pode ficar em cima de um império mediático formado pelo DN, JN e TSF, só para falar dos mais importantes.
Certezas poucas temos, a não ser aquelas que as tremendas suspeições que rodeiam o mundo em que o senhor Oliveira prosperou. Não há um Banco de Portugal para certificar os patrões de media no nosso país. Mas, seguindo os avisos do accionista BES, é importante que a PT saiba a quem venda. E, se vender, que não venda apenas a quem mais paga.
A democracia já está suficientemente doente. A vigilância deve ser permanente sobre o poder político. Sobre as relações que ele mantém com o poder económico. E sobre quem faz de intermediário em todas estas relações. Pelo ar que respiramos. Que não tem preço.
Pelo ar que respiramos
sf@mediafin.pt
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A crítica é um exercício de risco. E desencadeia reacções perigosas. Sobretudo se o poder está muito concentrado. O político protege-se da crítica apropriando-se da informação. Não se trata de coisas confidenciais, não é informação privada, do seu Ministério, menos ainda dos caciques de gabinete. É à informação do Estado que, por retaliações estritamente pessoais, o acesso fica vedado.
Já os grupos económicos preferem cortar na publicidade. A regra não é felizmente geral. Mas, para muita gente de ar respeitável no nosso país, o jornal bom e cómodo é o jornal morto.
Se esse grupo é de comunicação social, então a crítica já não põe em causa a notícia, nem o anúncio pago, mas o emprego de quem se limita a fazer o seu trabalho. Dito de outra forma, o que está em causa é a própria liberdade, base da democracia.
Razão mais que suficiente para encarar os negócios relevantes nos media muito além da perspectiva estrita do negócio pelo negócio.
Não é romantismo. Ricardo Salgado não é romântico, é banqueiro. É presidente do BES, accionista de referência da PT, e teve a coragem de assumir que recusava ver a Lusomundo controlada por um grupo espanhol.
Está a dizer é que, tratando do que se trata, o preço não é tudo. Nem o mais importante. Os media concentram muito poder e Ricardo Salgado não fica indiferente a quem acede ao poder através do controlo dos media. Coloca, assim, a questão ao nível da soberania nacional.
É uma atitude respeitável. Mas o patriotismo não é o único pré-requisito para quem quer deitar mão a esse poder, tão sensível, tão crucial, tão decisivo. Há a credibilidade. A idoneidade. A ética.
O cidadão Ricardo Salgado teve de preencher todas essas condições para exercer a actividade de banqueiro. Não há razão para deixar a porta escancarada àqueles que já concentram ou a quem quer concentrar tanto poder nos media.
Não sei se o senhor Joaquim Oliveira, irmão do ex-jogador e treinador António Oliveira, empresário «self made man» que fez fortuna no futebol, que ostenta amizades duvidosas e mantém amizades menos recomendáveis, não sei se podia ser banqueiro neste país.
Mas sabemos que, à partida, é o mais forte candidato, o preferido do BES e do management da PT, à aquisição da unidade de media do grupo. E que, de um momento para o outro, por um valente punhado de euros, pode ficar em cima de um império mediático formado pelo DN, JN e TSF, só para falar dos mais importantes.
Certezas poucas temos, a não ser aquelas que as tremendas suspeições que rodeiam o mundo em que o senhor Oliveira prosperou. Não há um Banco de Portugal para certificar os patrões de media no nosso país. Mas, seguindo os avisos do accionista BES, é importante que a PT saiba a quem venda. E, se vender, que não venda apenas a quem mais paga.
A democracia já está suficientemente doente. A vigilância deve ser permanente sobre o poder político. Sobre as relações que ele mantém com o poder económico. E sobre quem faz de intermediário em todas estas relações. Pelo ar que respiramos. Que não tem preço.
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