CALDEIRÃO DE BOLSA

como disse anteriormente, o Patacôncio escreve agora muito menos vezes, eis aqui um dos seus últimos textos

[quote] Todos sabem o que é necessário fazer...

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Ninguém tem coragem para apoiar políticos que tentam fazer o "trabalho duro".

É triste ler estas coisas de pessoas que tanto atacaram Manuela Ferreira Leite e Carlos Tavares.

Este tipo de opinadores andam sempre à procura dos políticos perfeitos, mas não compreendem que a própria voracidade da opinião publicada contra os nossos políticos, provocam a fugida dos verdadeiros capazes do nosso sistema político.

Porque não se candidata este senhor a um cargo público e se torna vítima dos seus colegas comentadores?

Este tipo de vira-casacas faz-me lembrar aquele comentador-jornalista que tinha a mania de atacar os treinadores do seu clube de eleição. Um dia os adeptos desse clube conseguiram convencer o tipo para ser treinador, após um movimento de crítica dos seus próprios colegas de opinião publicada.

O famoso treinador de bancada, ou melhor, de pena, assumiu o cargo de treinador do tal clube. Qual o sucesso conseguido?

Este caso passou-se numa cidade brasileira. Serviu de exemplo para muitos treinadores de bancada.

Pois, entre criticar do alto de cátedra e ir para o campo lutar por resultados... Vai uma grande distância!

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retirado de: www.bolsatotal.com

Quem é esse tal Patacôncio dos Xoxos da Patroa? Onde o posso encontrar ?

embora mais raramente, o Patacôncio mantém a mesma clarividência de raciocínio sempre que lhe apetece escrever sobre os mercados.

é pena que o faça poucas vezes.

Autor: Pataconcio
2001-11-10
20:28

O Dow andou em range durante uns bons anos. Mas nem no auge da Auto-Confiança americana, com a ida do Homem à Lua ( não é de agora que andamos com a cabeça na lua, He! He! He! He!). Este feito enorme por parte do Homem, ou melhor, dos Yankes, não fez o Dow sair do range que andou a moer tantos anos. O Dow andou em range cerca de 17 anos. Ora subia para o valor psicológico dos 1000 pontos, ora se afundava para valores abaixo dos 700 pontos. E lá tivemos os jogatineiros habituados a olhar o casino bolsista com a bonomia de altura. Comprava-se naquele suporte, vendia-se naquela resistência. Isto durante 17 anos, em que a economia conheceu expansões económicas e recessões. Tivemos euforias e pânicos, mas tudo dentro dos limites. Era como uma regra de oiro, podia-se festejar quando se ia aos 1000 pontos e chorava-se quando lá vinha o mercado para a casa dos 600 pontos.

Portanto, em julgo que poderemos viver um período semelhante. Se calhar vamos ver algumas casas de apostas a fechar as portas. É que isto pode nem ser uma crise passageira. E já sabemos que a carneirada que faz os mercados moverem-se para novos máximos, pode decidir não pôr mais pasta no mercado. Até pelo contrário, quando chegar a este preço .... zás, aí vai disto. É o que podem pensar os pequenos investidores e público em geral. Enquanto a economia vai se expandindo e contraindo, o mercado pode fazer o mesmo, mas dentro de determinados limites. Podemos ter mercados andarem em range um bom período de tempo. Enquanto isso, a malta jogatineira como eu, quando não tivermos mais em que apostar no casino dos títulos, pode ser que nos metamos no feijão, nos porcos, na pasta do papel, nas taxas de juro, no algodão, no petróleo, ou até, quem sabe, nos futuros da inflação, He! He! He! He!.

É claro que as coisas podem ser diferentes. Porque não ? Mas eu aposto mais numa visão pessimista. Podemos andar de lado como na década de 60 e 70. E relembrando o passado, eu apenas digo que em 1983, Janeiro o Dow quebrou o enguiço, quero dizer, a resistência dos 1000 pontos. E a partir foi sempre a subir, com o maior crash da história pelo meio, em 87, até ao início do Segundo Milénio. E pode acontecer uma coisa semelhante, se bem que pode durar menos anos, já que ao que parece, os ciclos parecem ter-se acelerado. Talvez estejamos muito perto da Idade do Ouro.

Eu, não tenho muito mais a dizer sobre aquilo que pareceu uma incoerência. Eu peço a todos os que gostam destas coisas da Magia e do Casino, quero dizer, da Economia e da Bolsa, a darem uma vista de olhos ao Dow. Vejam e estudem um gráfico do século XX. E, já agora, vejam quantos anos andou o Dow para fazer novos máximos históricos depois do colapso de 1929. E vejam como raio foi jogar naquele tempo. Houve uma altura em que jogar no casino bolsista era sinónimo de incapacidade mental. Houve tempos em que quem ia trabalhar em Wall Street, era visto como um falhado, que não sabia fazer mais nada na vida. E por isso, ao contrário de hoje, os Gurus eram uns seres à boa maneira de charlatães, que vendiam ilusões. Aliás, ser especulador era ser-se tratado como um animal anti-social, pois quem fosse decente, ou era médico, ou advogado, engenheiro ou até mesmo vendedor de enciclopédias.

Um xoxo da minha Patroa !





Respostas:




Autor: MORE
2001/11/11
22:28

Visão económica “fantástica” de longo alcance, c/ bastante fundamento e sobretudo c/ muita, muita lógica... Abriram-se-me novos horizontes para uma visão do futuro. Faltou ainda uma referência aos problemas que poderão surgir do lado da América do Sul, Argentina, Brazil e outros por arrasto.

Após a leitura do raciocínio do Pataconcio, chego a uma conclusão:

- PER actual dos mercados = muito alto;
- Queda abaixo dos níveis de range actuais = catástrofe;
- Assim, por uns anos poderíamos manter níveis parecidos aos actuais (+/-), até as empresas justificarem as suas cotações nos mercados, e então aí sim, partir para novos máximos.

A minha outra visão dos mercados prende-se com as cotações do DOW. Se olharmos para o gráfico desde o ano 1900 até aos dias de hoje, a queda que tivemos até aos 8000 pontos aprox., não é nada se comparada com a correcção relativa aos anos 20, levada até ao ano 1932 e até níveis dos anos 1900.

Por comparação poderíamos ver daqui a uns tempos a n/ EDP abaixo de 1 euro, a n/ PT abaixo de 2 euros... Assustador, não é?

Mas claro, a realidade de hoje não é a daquela época. Haverá muitas assimetrias. Uma grande diferença será a mais rápida (ou menos lenta) intervenção do FED na baixa das taxas de juro. Também se diz que possivelmente Greenspan foi muito lento anos antes, quando deveria ter iniciado mais cedo a subida das taxas, não contribuindo eles próprios (FED) para o nível a que a “bolha” se elevou. Talvez agora este record na baixa de taxas por problemas de “mia culpa”.

Quanto ao momento actual dos mercados, estou short para uma pequena correcção, mas a prever nova subida que antevejo deverá ser a última subida desta LT ascendente com início em Setembro.





Autor: Pedrinho
2001/11/12
01:38

Pataconcio:
Percebi perfeitamente o seu ponto de vista, mas isso não invalida que possamos ter o Nasdaq (IXIC ou COMPX)a testar os 1440/60, será no curto prazo ou apartir de 2001? Olhando para o gráfico com inicio em 1995 até ao valor máximo de março de 2000, verificamos que todos os indicadores estão a dar sinais positivos, mas se analisarmos o seu ponto de vista os 2830 estão demasiado bull para o actual momento do índice, embora acredite que os possa atingir no próximo ano. Repare que "testamos" os 50%, e todos os indicadores estão a dar sinais de exaustão, o que leva a crer em tudo o referi antes, mas não ponho de lado a hipótese dos 61.9 junto aos 1965 mas...
Quanto à sua visão, nada a acrescentar, está uma autêntica "monografia"

Autor: Pataconcio
2001-11-10
20:27

Eu vou focar a década de 60. Nessa década tivemos um crescimento económico elevado. E o que aconteceu com os mercados ? O Dow atingiu um máximo de cerca de 1000 pontos em Janeiro de 1966 ( meados da década ), mas depois teve uma correcção até aos 737 pontos em Outubro do mesmo ano. E andou em Range mais uns bons anos, mesmo com fortes crescimentos económicos, mas a bolha tinha sido grande ( também houve uma “Nova Economia” ). Mas o Dow andou de lado mais uns anos, até que em 1973 atingiu um novo máximo. Agora os 1067 pontos, que foram atingidos em Janeiro. Todavia, este último máximo foi o toque de finados de mais uma queda, que atingiu o Dow. Em Dezembro de 1974 ( enquanto cá se discutia a implantação do Socialismo, He! He! He! He!), o Dow atingiu mais um fundo em torno dos 570 pontos. Em dois anos corrigiu até aos 50 % de Fibonacci.

E então, o que quer dizer ? Perguntarás ... Bem, a década de 60 foi uma das mais loucas, desde a II Guerra Mundial. Tivemos guerras, sobretudo na Ásia, mas o mais importante foi a Crise dos Porcos, no auge da Guerra Fria. Nessa altura, O Kennedy fez um bloqueio a Cuba, pois os comunas soviéticos tentaram implantar uma base de mísseis nucleares, mesmo ás portas da costa americana, nas terras do Ditador Fidel Castro. Foi o bom e bonito. Quase que tivemos uma guerra nuclear. Mas o curioso foi que o Dow, depois de tremideira do costume lá continuou a sua ascensão, até Janeiro de 1966.

Também tivemos, em 1963 o assassinato de Presidente Kennedy, autor do “New Deal”. E este novo “sonho” americano matou o mercado. Bem matar não matou, mas ajudou a provocar uma bolha de tal ordem, que quando estourou, fez o Dow passar as passas do Algarve até 1983. O Dow aguentou a morte de um Presidente, uma crise nuclear e a instabilidade geoestratégica. Mas não aguentou a crise da inflação, o Maio de 68 ( onde alguns dos nossos políticos de hoje berravam contra a guerra, fumavam charros, snifavam LSD e faziam amor contra a guerra), não aguentou a Nacionalização do Suez e da Guerra dos Seis Dias. Esta guerra, a par do Clube de Roma, fizeram com que o Petróleo tivesse um enorme bull market ( para além do ouro, com o fim de Bretton Woods ). E assim, tivemos início à segunda Fase B de Kondratiev.

Autor: Pataconcio
2001-11-10
20:27

Para além da China devemos prestar atenção à Índia. E aí temos mais uma população subnutrida mas com grandes potencialidades de nos próximos anos ter crescimentos do Produto acima dos dois dígitos. E dentro em breve a Índia terá tanto ou mais população que a China ! Mas há mais ! Nos próximos tempos vamos ver cada vez mais países a aderirem ao nosso sistema de comércio mundial e capitalista. Desde os países do Leste da Europa a mais alguns países asiáticos que procuram ter o mesmo nível de vida do ocidente. E também gostaria de referir a Rússia. Esta parece ter quebrado o círculo vicioso da depressão económica. Desde os tempos da Glaznost que a Rússia nunca tinha iniciado um período de crescimento económico da envergadura actual.

Eu estou a ver cada vez mais países a apostarem na procura interna como motor de crescimento e não tanto a especialização na exportação. E preocupa-me que podemos dentro em breve ter uma carestia em determinadas matérias primas que farão elevar os preços. Aliás, os apagões, quer nos States, sobretudo S. José, Silicon Valley, quer o Brasil, sofreram recentemente problemas graves de insuficiência energética que nos devem fazer pensar.

Dir-me-ás, e isso quer dizer que os mercados não têm razões para um poderoso rally ? Até têm, se a produtividade acelerar no resto do mundo como aconteceu nos States, de molde a colmatar uma provável incapacidade produtiva. E se possível, com fortes crescimentos nos resultados das empresas para premiar os seus investidores. Mas eu costumo ser pessimista. Não acredito em milagres, se bem que com as Tecnologias de Informação aquilo parece ter sido conseguido. Eu lembro-me de ler um relatório do FED, a respeito do sector TI nos States, em que era referido uma coisa muito difícil de acontecer : Aumento de salários, lucros, emprego e baixa nos preços dos produtos. Ora, imagine-se se tivéssemos uma tecnologia revolucionária, que nos permitisse produzir energia por método da fissão nuclear, sem os onerosos custos com a segurança e destruição dos dejectos perigosos como acontece agora ? Isso seria um grande impulso económico, mas até agora, isso não passa de um sonho !

Autor: Pataconcio
2001-11-10
20:26
Para Pedrinho ...
Caro Pedrinho,

Em relação às minhas prováveis contradições, vou tentar aqui dar-te a explicação para aquilo que pode parecer incoerência.

Em relação ao fundo dos mercados, eu julgo que o tivemos, mesmo que o possamos testar outra uma vez, o que duvido. Eu gostaria de chamar à atenção que o Nasdaq corrigiu, desde os máximos históricos, uma fabulosa percentagem. Se fizeres uma correcção de Fibonacci ficarás melhor elucidado. Mas nota que tens que fazer desde o máximo até zero. E aí ficarás mais esclarecido o porquê desta minha ideia. Há mais dados para o reforço da minha ideia, mas julgo que essa imagem chega.

Há uma certa confusão entre o que refiro como fim das quedas e o início de uma recuperação e um bull market. Vamos lá tentar explicar. Eu acredito que a economia está a encetar uma recuperação. Mas não quer dizer que os mercados vão ter mais um poderoso rally como no passado mais próximo. Porquê ? Porque neste momento estamos no limiar de haver uma poderosa recuperação na economia americana e que trará pressões inflacionistas. Ora com estas pressões inflacionistas, o mercado de títulos terá relutância em subir por aí acima, pois as taxas de juro lá terão que subir, tornando atractivo o mercado obrigacionista que não oferece o mesmo risco que o mercado accionista.

Teremos pressões inflacionistas ? Eu acredito que sim, a menos que com a entrada na Organização Mundial do Comércio por parte da China, esta possa pressionar os preços para baixo. Mas puxará mesmo ? Eu tenho essa dúvida. E tenho-a porque a China está a crescer com base na procura interna, que tem sido o seu motor do crescimento. E com uma ambiente de forte procura por parte dos States, a China ainda terá um crescimento mais forte. Se esta atingir um nível, digamos da Costa Rica, o seu consumo de massas será enorme. Repare-se que o seu Rendimento per cápita em dólares ainda se mantém baixo, mas se este for aumentando ao mesmo ritmo do seu produto, temos 1 bilião e Trezentos milhões a puxar pela produção mundial. E sabendo que a China terá o mesmo comportamento que o Japão, em importar grande parte das suas matérias primas ( não tanto como o Japão por necessidade, mas por questões políticas ), vamos ver os preços das matérias primas a aumentar fortemente.

Ass.: Em relação ao fundo dos mercados...