
Enviado:
15/2/2005 0:37
por Visitante
"é que o crime da Grécia foi incomensuravelmente maior que o cometido por nós, os portugueses"
nós os portugueses ponto e virgula minha senhora! essa cambada q anda na política devem ser resquícios daqueles q o Pombal meteu nuns barcos podres pelo Oceano fora.
O crime compensa

Enviado:
14/2/2005 23:28
por luiz22
Eva Gaspar
Primeiro, pensou-se que Bruxelas tinha era medo dos «grandes», e por isso se curvara perante a França e a Alemanha quando, na iminência de três anos consecutivos de violação do Pacto de Estabilidade, propôs que se desse mais tempo aos dois Governos ...
Primeiro, pensou-se que Bruxelas tinha era medo dos «grandes», e por isso se curvara perante a França e a Alemanha quando, na iminência de três anos consecutivos de violação do Pacto de Estabilidade, propôs que se desse mais tempo aos dois Governos para por as contas públicas em ordem, em vez de avançar com os mecanismos de sanção previstos.
E era uma teoria que nos apaziguava, a nós portugueses, habituados a sermos vistos e a nos vermos como os pequeninos, meio indefesos, coitadinhos. À primeira falta (défice de 4,4% do PIB em 2001), tínhamos sido alvo de um julgamento implacável – mas regras são regras, convenceram-nos, num esforço de consolação colectivo. Lisboa teve então um ano para endireitar (pelo menos na aparência) a rota orçamental. E, bem ou mal, com mais ou menos contabilidade criativa, cumpriu a pena, nos prazos previstos.
Mas eis que a teoria (já de si terrível) da mãe que é madrasta com os filhos mais fracos acaba de cair. A Comissão Europeia decidiu oferecer à Grécia (outro país pequeno, não é verdade?) um ano suplementar para pôr alguma ordem nas contas públicas: em vez de 2005, só no fim de 2006 Atenas terá a obrigação de apresentar um défice abaixo de 3%. E o mais frustrante, para quem tenta ver estas coisas à luz dos mais elementares princípios de justiça, é que o crime da Grécia foi incomensuravelmente maior que o cometido por nós, os portugueses. A rigor, os gregos nunca deveriam ter sequer entrado para o euro, porque – veio agora a saber-se – nunca cumpriram, em ano algum, o fatídico limite dos 3%. Em bom português: passaram anos a enganar Bruxelas (e, quem sabe, a enganar-se a si próprios).
Diz a Comissão que tinha de aplicar à Grécia o precedente que havia aberto para a França e a Alemanha.
Fraca consolação para quem, afinal, foi exemplarmente punido só porque foi o primeiro a ser apanhado a pisar no «risco».
PS: Ao adiar para depois das eleições a avaliação do programa de estabilidade português para evitar «eventuais aproveitamentos políticos», a Comissão Europeia presidida por Durão Barroso prestou um péssimo serviço a si própria. O «eventual aproveitamento político» está consumado: não é preciso consultar as cartas da Maya para presumir com uma boa dose de segurança que o ex-primeiro-ministro português, e aliado de Santana Lopes, meteu na gaveta um documento incómodo para os anos de governação social-democrata.