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Investir em acções do Médio Oriente: a Próxima Fronteira

MensagemEnviado: 12/2/2005 5:32
por Visitante
Investir em acções do Médio Oriente: a Próxima Fronteira
Apesar dos cohecidos desenvolvimentos geopolíticos, o Médio Oriente representa uma categoria única de activos com importantes áreas de vantagem competitiva.

28-01-2005, Carlos Varela

Frequentemente subestimado e raramente tomado em consideração para investimento, o Médio Oriente oferece um surpreendente leque de oportunidades para os investidores: empresas bem geridas com valorizações atractivas e uma gama excepcional de matérias-primas e de inovação nos domínios da tecnologia e biotecnologia. No entanto, com vários mercados ainda fechados ao investimento estrangeiro e com o risco geopolítico nas manchetes dos jornais, a especulação persiste.
Oportunidades de investimento na região e a tensão geopolítica
Apesar dos desenvolvimentos geopolíticos amplamente divulgados, o Médio Oriente representa uma categoria única de activos com importantes áreas de vantagem competitiva. A região vai registar um elevado crescimento e desfruta de significativos recursos naturais, fornecendo matérias-primas de exportação para os EUA e a Europa, além de ser um centro de inovação nos domínios da tecnologia e dos produtos farmacêuticos. Como tal, estes investidores podem aceder aos mercados globais de exportação através de operadores de nível mundial e à diversificação das empresas, agindo a vários níveis na cadeia de valor acrescentado. As tendências demográficas estabeleceram um cenário favorável ao crescimento, com um ritmo projectado na população activa de mais de 2% durante os próximos 20 anos, largamente superior ao do mundo desenvolvido e dos mercados emergentes. Uma vaga séria de reformas está em curso, tanto a nível político como económico, e as economias estão a convergir para níveis desenvolvidos à medida que a região se integra na economia global - a Turquia está a caminho da adesão à UE, enquanto que um vasto número de países já assinou acordos de comércio livre, tanto com a Europa como com os EUA. Várias empresas bem geridas, actuando em toda a região, tanto em serviços como em sectores relacionados com o comércio, assim como as acções de bancos, oferecem a oportunidade de apreender este crescimento de uma forma mais diversificada. As acções permanecem a um nível de valorização atractivo em relação a outros mercados.
O risco geopolítico domina as manchetes dos nossos jornais. Porém, o impacto quotidiano directo sobre as empresas que operam na região é mínimo: um elevado grau de incerteza e de volatilidade política faz aumentar o prémio de risco exigido pelos investidores para possuir acções nesses países, e pode manifestar-se através de uma maior volatilidade da moeda.
Sectores / Indústrias que dirigem o Crescimento Económico
O crescimento económico está a melhorar, e as previsões do PIB para 2005 aproximam-se dos 5% para toda a região (Israel, Turquia, Egipto, Marrocos, Jordânia, Tunísia). A base do crescimento é bastante diversificada e os componentes económicos mais importantes abrangem os serviços, o sector industrial e o turismo. Os motores da economia diferem consoante o país:
O sector da construção está a acelerar na Turquia, nesta fase tratam-se, essencialmente, de projectos privados, mas à medida que o crescimento prossegue e as dinâmicas da dívida pública melhoram, podemos ter a expectativa de ver projectos de infra-estrutura em 2006, antes das eleições em 2007.
Em Israel, a recuperação da economia que se iniciou em 2004 foi largamente conduzida pelas exportações - uma procura mundial saudável beneficiou os volumes e preços para os produtos químicos e agro-químicos, assim como as exportações israelitas do sector da tecnologia e uma forte melhoria na chegada de turistas em 2004. Em 2005, espera-se que este crescimento se alargue ao sector nacional e ao consumo privado - tal é sustentado pelas taxas de juro reais reduzidas, uma situação de segurança mais tranquilizante, cortes nos impostos e uma procura latente.
No Egipto, o turismo desempenha um papel fundamental nas expectativas de crescimento, estando no topo do crescimento continuado das exportações dada a competitividade da libra egípcia. Espera-se que o início iminente das exportações do gás natural liquefeito do Egipto acrescente, este ano, um ponto percentual ao crescimento do PIB. Entretanto, Marrocos estabeleceu-se como um importante centro de subcontratação para os industriais europeus.
Quais os Países que mais contribuirão para o desenvolvimento económico da região?
Os principais destinos de investimento em relação ao Médio Oriente são Israel, Egipto e Turquia; os mercados mais pequenos a despertarem neste momento abrangem Marrocos, Jordânia, Líbano e Tunísia. O Médio Oriente representa, aproximadamente, 6% do Índice MSCI dos Mercados Emergentes. Desse valor, Israel representa 59%, seguido da Turquia com 28% e do Egipto com 7%.
Além disso, o alargamento da UE é importante para a Turquia, uma vez que os investidores começam a olhar para a economia como um “candidato de convergência” que dá apoio às entradas de capital e à estabilidade da moeda. Com a UE a actuar como suporte para as políticas, as reformas deverão ganhar velocidade logo que a Turquia comece a adoptar as orientações da UE, fazendo com que o país possa atrair os investimentos estrangeiros necessários para um maior crescimento económico.
Dados económicos recentes acompanham essa convicção para o mercado israelita em 2005. O desemprego começa a declinar, a inflação tem um bom comportamento, as transacções correntes são saudáveis e o país assinou, recentemente, acordos de comércio, tanto com o Egipto como com a Jordânia. O estudo do FMI de 2004 deu origem a um relatório entusiasta sobre o progresso dos responsáveis políticos, lançando bases para melhorias da agência de notação da dívida externa de Israel.
Um ambiente político muito mais desenvolvido no Egipto e a exploração de uma abordagem mais agressiva perante a privatização deveriam aumentar os fluxos de capitais no país - uma melhoria na liquidez do dólar e uma libra egípcia mais forte também poderiam ajudar a desinflação.
Assim, como pudemos constatar, a região tem todos os ingredientes necessários para crescer. Acordos de comércio livre, reformas políticas sérias, a liberalização do mercado e acções de privatização estão a estabelecer-se na região. O desenvolvimento do sector privado cria oportunidades de investimento - a venda de activos públicos envolve a reestruturação de operações ineficientes para uma melhor atribuição de capital e origina uma nova gestão empresarial. Um custo de produção mais baixo está a transformar a região num centro de comércio para a Europa e os EUA. A diminuição do custo do capital desenvolve fortes fluxos de tesouraria e, ao mesmo tempo, permite às empresas competir mais eficientemente com as multinacionais. Dados demográficos favoráveis - população activa crescente - levarão a um crescimento económico da região a longo prazo. O desenvolvimento do Centro Financeiro Internacional do Dubai serviu de catalisador, onde acolherá uma bolsa regional e permitirá uma segunda cotação para a maior parte das empresas dos países da MENA (Médio Oriente e Norte de África) e dos países do CCG (Conselho de Cooperação do Golfo). Será criado com base em princípios de legislação que seguirão de perto os que são utilizados em Londres e Nova Iorque, e atrairá a atenção dos investidores internacionais para os mercados regionais.
Não há dúvidas de que o Médio Oriente está destinado ao desenvolvimento económico e abre as portas a um novo conjunto de oportunidades para os investidores