Caldeirão da Bolsa

Quem vai falar em sobressalto?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Quem vai falar em sobressalto?

por Visitante » 23/1/2005 16:12

Editorial > 2005-01-21 14:00
Quem vai falar em sobressalto?

António Costa


Os portugueses vão conhecer, hoje e amanhã, os programas eleitorais do PSD e do PS. Finalmente.

A pré-campanha eleitoral está em curso desde o dia em que Jorge Sampaio se decidiu pela dissolução do parlamento, mas, até ao momento, Santana Lopes e José Sócrates limitaram-se a pedir o voto dos portugueses sem apresentarem as respectivas propostas de forma consistente e organizada. Pior do que isso, têm surgido ‘soundbites’, por vezes contraditórios e que antecipam um caminho de facilidade, precisamente quando o país atravessa um momento de dificuldade.

O ambiente político e social é propício à apresentação de programas eleitorais que digam a verdade sobre a real situação do país e que assumam a necessidade de reformas que, quanto mais tardam surgirem, mais dolorosas se tornarão. Um exemplo: o bloco central reconhece que os gastos com pessoal da Função Pública são demasiado pesados e, além disso, não têm correspondência com a qualidade do serviço prestado. A despesa com pessoal vale cerca de 15% da riqueza criada em cada ano e é necessário que o seu peso caia para a ordem dos 11%, pelo menos, o que corresponde à média verificada na zona euro. Assim, é necessário cortar qualquer coisa como 600 milhões de euros. Este objectivo obriga a um de dois caminhos. Ou a economia passa a crescer a taxas muito superiores às que se verificam hoje, o que se antevê difícil nos próximos anos tendo em conta que, para isso, é necessário aumentar a produtividade dos factores e a competitividade do país. O outro caminho passa pela diminuição do peso do Estado na economia, pela transferência de competências, actividades e trabalhadores para a esfera dos privados. Ora, a segunda via é a mais problemática, porque é a que tem mais custos políticos e vai obrigar a uma mão-de-ferro com as estruturas sindicais de um universo de 700 mil trabalhadores (leia-se votantes). Mas é também a que garante a prossecução de um objectivo indispensável para o saneamento das contas públicas e, logo, para o aumento da competitividade do país. Algum programa eleitoral vai abordar esta questão e dizer como se chega lá? Vítor Constâncio falou num ‘sobressalto reformista’. Hoje e amanhã, veremos se Santana e Sócrates falam a mesma linguagem do governador.

arcosta@economicasgps.com
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