Muito interessante o artigo de Teodora Cardoso.
Pressões corporativas atrapalham
Bagão Félix tem receita para Portugal cumprir défice em 2005
O limite máximo exigido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento para o défice orçamental pode ser conseguido em 2005 através de uma redução da despesa em 1,5% do PIB e um aumento das receitas com a arrecadação mais eficaz de impostos, no valor de 1,5% do PIB, disse o ministro das Finanças, Bagão Félix, depois de um encontro com o Governador do Banco de Portugal e o primeiro-ministro.
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Bárbara Leite
bl@mediafin.pt*
O limite máximo exigido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento para o défice orçamental pode ser conseguido em 2005 através de uma redução da despesa em 1,5% do PIB e um aumento das receitas com a arrecadação mais eficaz de impostos, no valor de 1,5% do PIB, disse o ministro das Finanças, Bagão Félix, depois de um encontro com o Governador do Banco de Portugal e o primeiro-ministro.
O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio foi chamado a São Bento para uma reunião extraordinária com Santana Lopes e Bagão Félix para o Governo ter uma «explicação mais detalhada das previsões e do andamento da economia portuguesa» em 2005.
Este encontro precedeu uma apresentação pública feita por Vítor Constâncio do Boletim Económico que especifica as previsões económicas do Banco de Portugal para o presente ano e um apelo público do governador para uma consolidação de esforços em ano de eleições para haver uma restrição orçamental. Para o governador, o cumprimento do défice poderá ser cumprido através da redução da despesa e/ou aumento das receitas.
Em resposta, esta noite, Bagão Félix avança a fórmula para atingir essa restrição orçamental e cumprir o défice abaixo dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O limite pode ser cumprido «através de uma redução da despesa em 1,5% do PIB» e um aumento das receitas de mais 1,5% do PIB, resultado de uma maior eficácia na arrecadação de impostos, tudo isto «sem custos sociais».
Bagão Félix entende que é possível que o défice orçamental consiga atingir «uma posição consolidada em dois a três anos».
No entanto, o ministro das Finanças descartou quaisquer responsabilidades do actual Governo quanto a uma falta de consolidação orçamental, uma vez que este Governo só teve em funções durante cinco meses. «Não peçam a este governo que só tem cinco meses, um deles foi Agosto, consolidação orçamental», salientou o ministro, para justificar as receitas extraordinárias conseguidas perto do final do ano, sem as quais não seria possível cumprir o défice e manter os fundos comunitários. O ministro lembrou que essa falta de consolidação orçamental já tem três décadas.
O ministro responde assim também ao Governador de Portugal que desabafou entendendo que «chegou a hora da verdade para a redução efectiva do défice orçamental no horizonte nos próximos dois anos». Bagão defende que para atender a este apelo é preciso uma «reforma profunda» nas políticas orçamentais e uma luta contra a fuga e evasão fiscais.
Pressões corporativas atrapalham no cumprimento dos défices
Para Bagão, uma maior arrecadação pode vir de uma maior luta contra a evasão fiscal que seria conseguida, não fossem as pressões de entidades corporativas.
Assim, reiterou que são essas pressões de entidades corporativas, que não quis identificar, mas leia-se (por entidades bancárias), que não é possível cumprir os défices. Para este ano, disse Bagão, «o governo procurou enfrentar alguns interesses corporativos» que «criticam mas alimentam-se do Estado» e que não deixaram que se implementassem medidas contras a fraude e evasão fiscais.
E deixa um desafio para as empresas portuguesas que aumentem as exportações para ajudar no défice.
PIB português pode crescer menos que 2,4% em 2005
Em vésperas de eleições legislativas, o ainda ministro das Finanças admite que o valor proposto por Portugal para o crescimento económico para este ano pode ficar abaixo dos 2,4% inscritos no Orçamento .
«As previsões quando foram feitas não andavam longe das estimativas das organizações internacionais», referiu Félix, acrescentando que, no entanto, em Janeiro, «é fácil fazer previsões para o PIB», admitindo, assim, que essa previsão de crescimento em 2,4% possa não ser alcançada.
«Mas previsões são sempre previsões», avançou o mesmo executivo, lembrando que o Banco de Portugal também previa que o PIB este ano crescesse 1,25% a 2,25% e agora reduziu as previsões para um crescimento de 1,6%.
O ministro reiterou que essa eventual revisão em baixa segue a tendência das outras economias europeias, como a alemã que está numa situação complicada com taxas de desemprego de 10,8%.
«Portugal não é uma economia isolada», referiu sobre esse tema.
A redução da expectativa do preço do petróleo pode, por outro lado, ter um impacto positivo na economia portuguesa. Para este ano é esperado que o barril de petróleo fique nos 35 dólares.
Governo consegue arrecadar mais 250 milhões
Em 2004, Bagão afirma que o combate à evasão fiscal teve os seus frutos com uma arrecadação superior ao previsto em 250 milhões de euros. Nesse sentido, a cobrança do IVA cresceu 6,9% e um crescimento do IRC em 10%.