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Excesso de consensos

MensagemEnviado: 5/1/2005 16:01
por marafado
Fernando Sobral
Excesso de consensos
fsobral@mediafin.pt
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As listas de candidatos à Assembleia da República dos principais partidos políticos portugueses são um belo bocejo. E mostram o seu conceito de renovação.
A única coisa que apetece perguntar é: onde está Wally?

As listas de quase deputados tornaram-se um jogo de cartas: baralham-se, distribuem-se e saem sempre as mesmas. As grandes surpresas prometidas são, normalmente, nomes que saltam de Lisboa para Viseu, de Bragança para Faro, ou de Castelo Branco para Aveiro. As listas são uma versão triste do célebre jogo da cadeira. Afinal não é nada que o país não pedinche.

O Presidente da República, na sua sonolência ideológica, pede consensos. Os partidos, dobrando a espinha, oferecem-lhe essa prenda em forma de listas de candidatos a deputado.

A política avançou para o centro: o consenso. Não há já direita ou esquerda. Há simplesmente o homem do leme. Há excesso de consenso e défice de rupturas. E esse é um dos grandes males de Portugal, para além de um Orçamento que parece o fundo insondável de um oceano e da produtividade que não se descortina.

O excesso de consenso tornou-se, em Portugal, o grande tédio. Apetece dormir. Mas será que Portugal vai, algum dia, acordar?