Caldeirão da Bolsa

Petróleo fora de cena

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 5/1/2005 17:03

Petróleo cai mais de 2% após relatório sobre reservas dos EUA
O petróleo deslizava mais de 2% em Londres, depois do Departamento de Energia dos EUA ter divulgado o relatório das reservas da semana passada. Os inventários de combustíveis destilados e de gasolina cresceram em dois milhões de barris, enquanto as reservas de crude caíram 3,3 milhões.

--------------------------------------------------------------------------------

Sara Antunes
saraantunes@mediafin.pt


O petróleo deslizava mais de 2% em Londres, depois do Departamento de Energia dos EUA ter divulgado o relatório das reservas da semana passada. Os inventários de combustíveis destilados e de gasolina cresceram em dois milhões de barris, enquanto as reservas de crude caíram 3,3 milhões.

O crude [Cot], negociado em Nova Iorque, perdia 1,48% para 43,25 dólares (32,53 euros), e o «brent» [Cot], transaccionado em Londres, descia 2,66% para 39,95 dólares (30,05 euros).

As reservas de combustíveis destilados, que englobam o gasóleo e o combustível de aquecimento, cresceram 1,67% para 121,1 milhões, na semana terminada a 31 de Dezembro, o que representa um acréscimo de dois milhões de barris. Os analistas consultados pela Bloomberg previram que estas reservas se mantivessem inalteradas.

Os inventários de gasolina também avançaram dois mil barris, ou 0,94%, para 214,3 milhões, segundo o relatório das reservas dos EUA.

Já as reservas de crude registaram uma queda superior ao esperado pelos analistas consultados pela Bloomberg. Os analistas apontavam para um decréscimo de 1,5 milhões o que compara com a queda de 3,3 milhões de barris observados. O crude caiu 1,11%, para um total de 291,8 milhões.
 
Mensagens: 3433
Registado: 5/10/2004 16:59

por djovarius » 5/1/2005 2:24

Já escrevi acima e em outros tópicos ao longo de um ano e meio o que se está a passar.
Os gráficos confirmam-no.

Se, infelizmente, a imprensa "mainstream" insiste em não estudar os factos, estará inevitavelmente condenada a perder a credibilidade, os leitores e a morrer.

Numa sociedade competitiva, não há lugar para tamanha falta de competência, mas isso aí, muitos só vão descobrir depois em lágrimas.

Como muitos escrevinhadores nunca souberam a amarga sensação de perder dinheiro no mercado e a subsequente necessidade de procurar estudar a realidade de entre várias perspectivas, nunca poderão informar ninguém.

Em resumo, escreve-se e fala-se do que não se conhece. É pena.

Um abraço

dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 9288
Registado: 10/11/2002 19:32
Localização: Planeta Algarve

por Ertai » 5/1/2005 2:09

Ulisses, pelos vistos os visitantes ainda não perceberam o cerne da questão...

Os jornalistas não têm nenhuma "fonte secreta" que lhes diz a real razão do movimento dos mercados num dia específico.. (e o público em geral pensa que sim)

Cada jornalista opina... e como são obrigados a dar razões, dão obviamente todos os dias.. uma razão.

O petróleo é apenas mais uma desculpa para justificarem.

Não existe nenhuma notícia "oficial" que diga a real razão dos mercados subirem ou descerem.. Os jornalistas apenas mandam "bitaites"... e geralmente sai porcaria..

Felizmente já vou vendo na rádio ou num site ou outro de informação indícios de que alguns comentários podem mesmo dizer que não houveram razões para determinada subida ou descida.. estão a evoluir :mrgreen:
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2140
Registado: 11/5/2003 12:11
Localização: Lisboa

por Ulisses Pereira » 5/1/2005 0:59

O primeiro parágrafo é o exemplo daquilo que critico no jornalismo financeiro português. Ontem o crude caiu forte e os mercados americanos também cairam. Por isso, os jornalistas não puderam justificar a queda dos mercados com a subida do crude, pois ele caiu mais de 3%. Mas hoje (como subiu) já serve de justificação para explicar o afundar do mercado. Sintomático... :roll:

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

Clickar para ver o disclaimer completo
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 31013
Registado: 29/10/2002 4:04
Localização: Aveiro

Petróleo

por Visitante » 5/1/2005 0:41

As acções americanas fecharam em queda, penalizadas pela divulgação das minutas da última reunião da Reserva Federal e nova escalada nos preços do petróleo. O Nasdaq desceu 2,06% e o Dow Jones caiu 0,92%.

Na segunda sessão de perdas para os índices americanos em 2005, o Nasdaq fechou nos 2.107,86 pontos e o Dow Jones terminou a sessão nos 10.630,27 pontos.

A Reserva Federal considera que as taxas de juro nos Estados Unidos estão ainda a um nível muito baixo para manter a inflação estável, sugerindo que vai efectuar novas subidas no preço do dinheiro.

Nas minutas da reunião de 14 de Dezembro – em subiu os juros para 2,25% - a Fed diz que «o actual nível dos ‘fed funds’ [taxas de juro da Fed] permanecem abaixo do nível que é necessário para manter a inflação estável».

Este discurso da Fed foi mal recebido nos mercados, pois significa taxas de juro mais elevadas e um crescimento económico menos forte.

A agravar a situação, o petróleo inverteu a tendência de queda e terminou a sessão em Nova Iorque a valorizar mais de 4%.

As companhias tecnológicas, mais dependentes do ciclo económico, foram as que mais pressionaram os índices. A SunMicrosystems caiu 9,39%, a Yahoo! cedeu 4,39%, a Cisco Systems caiu 4,03%, a Intel desvalorizou 2,47% e a Amazon cedeu 5,15%.

A Dell deslizou 3,04%, com a produtora de computadores pessoais também a ser penalizada por um corte de recomendação por parte da Raymond James & Associates.

A Apple contrariou a tendência do mercado, com uma valorização de 1,03%, depois de o JP Morgan ter elevado as previsões de resultados da companhia, devido às venda elevadas no iPod em Dezembro.
Visitante
 

por Ulisses Pereira » 4/1/2005 22:53

Não percebi o comentário...

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

Clickar para ver o disclaimer completo
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 31013
Registado: 29/10/2002 4:04
Localização: Aveiro

Petróleo

por Visitante » 4/1/2005 20:34

Afinal o ouro negro volta à cena e de que maneira...
Visitante
 

por marafado » 4/1/2005 20:04

2005-01-03 11:46
O Petróleo em 2005

Paula Carvalho, do BPI


Existem razões estruturais que legitimam a previsão que nos próximos anos o preço do barril de crude permaneça mais elevado que no passado recente: entre os 35-45 dólares por barril.

Entretanto, a OCDE, antecipa que dentro de 30 anos o preço do barril se situe em torno dos 35 dólares, a preços de hoje. O que em termos nominais, e considerando valores médios de inflação de 3% (mundiais), significam próximo de 70 dólares por barril. Previsão que, se não tem implicações trágicas para a economia mundial, certamente conforta os maiores produtores mundiais, e em particular, os membros da OPEP.

As movimentações dos preços do crude nas últimas semanas ilustram a extrema volatilidade e imprevisibilidade deste mercado. Aparentemente, a forte correcção dos preços observada nas primeiras semanas de Dezembro foi despoletada pelo anúncio de que os stocks nos Estados Unidos aumentaram mais do que se previa, para além do menor rigor do Inverno, pois têm-se vindo a registar temperaturas menos agrestes do que o habitual do outro lado do Atlântico. No entanto, subjacentes a este movimento estarão também outras razões de fundo que justificam a nossa previsão de que o preço do crude estabilize entre os 35 e os 45 dólares por barril. Nomeadamente a tendência de desaceleração da economia mundial em 2005, em parte justificada pelo aumento dos preços energéticos nos últimos dois anos.

No entanto, como reconhece a Agência Internacional de Energia, a economia chinesa constitui a peça fundamental no jogo entre a oferta e a procura, dependendo a evolução do crude ao longo de 2005, em grande parte do comportamento do gigante asiático. Com efeito, a economia chinesa tem um impacto determinante na generalidade dos mercados de matérias primas, e o petróleo não constitui excepção. A China é actualmente a 6ª maior economia mundial e abriga 20% da população mundial. A economia tem vindo a crescer na casa dos dois dígitos na última década, pelo que tem um impacto marginal gigantesco num mercado onde a capacidade produtiva excedentária caiu significativamente nos últimos anos. A China foi responsável por cerca de metade do aumento da procura de crude, a nível global, verificado este ano. Para além da sua dimensão, pontua também a reduzida eficiência energética, característica que é habitualmente comum a países em estádios de desenvolvimento industrial mais retardado. Segundo os números da Economist Inteligence Unit, considerando não só a energia necessária para produzir uma unidade de riqueza como também o facto de o país produzir ou não petróleo bruto, o grau de intensidade energética da economia chinesa é de cerca do dobro da intensidade energética média mundial. Ou seja, para produzir uma unidade de PIB, a China necessita de 1.55 milhões de barris de petróleo por dia, que compara com uma média global que ronda os 800 mil.

Para além da China, outros factores explicam que o preço do ouro negro se deva manter pressionado em alta. O risco de ataques terroristas que possam afectar seriamente qualquer ponto da cadeia de produção/distribuição do crude, desde as infra-estruturas de extracção ao transporte, passando pelos pontos de transformação, deverá continuar latente. A capacidade excedentária de extracção continua em mínimos históricos entre os membros da OPEP, os únicos que têm alguma margem para responder a aumentos bruscos da procura. E a liquidez excedentária no sistema financeiro global continua elevada, além de que deverão continuar a escassear alternativas apetecíveis de investimento. As taxas de juro de longo prazo estão em mínimos históricos, aparentemente insustentáveis; o mercado de crédito não tem mais espaço para ganhos de preço pois os prémios de risco quase só remuneram a probabilidade de default; o ouro está em máximos históricos. Para além do petróleo, no jogo da procura por retorno, resta talvez a aposta no mercado de acções; ou na queda do dólar...
 
Mensagens: 3433
Registado: 5/10/2004 16:59

por djovarius » 4/1/2005 2:17

Esta situação de hoje voltou a ser típica do que se passa nos últimos tempos:

Valorização do dólar a implicar em queda dos activos dolarizados, como o Ouro, o petróleo ou o mercado accionista.
Esta situação começou com mais força em Dezembro de 2002, foi confirmada em Abril de 2003 e continuou por aí fora até aos nossos dias.

Seguramente, 2005 será um ano em que, até neste ponto, algo poderá mudar. Lá mais para a frente, os mercados poderão desligar-se do "trade da extrema liquidez". Veremos se os juros norte-americanos vão participar nessa mudança de jogo dos mercados globais.

Um abraço

djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 9288
Registado: 10/11/2002 19:32
Localização: Planeta Algarve

por Ulisses Pereira » 4/1/2005 1:03

Sim, estava a falar do mercado americano.

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

Clickar para ver o disclaimer completo
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 31013
Registado: 29/10/2002 4:04
Localização: Aveiro

Queda dos mercados?

por Bari » 4/1/2005 0:59

Só se viu queda nas Americas por aqui houve valorizações fortes :oh: .

Neste momento penso que se esquece o crude e começa a funcionar o EUR/USD :| .
Bari
 

Petróleo fora de cena

por Ulisses Pereira » 4/1/2005 0:40

A queda de hoje de cerca de 3% do preço do crude e a queda dos mercados accionistas vem confirmar a tendência que se vem manifestando nos últimos tempos dos mercados ignorarem as variações do preço do crude.

Aliás, este é o padrão normal tal como descrevi no artigo "A corrida ao ouro negro" ( http://www.caldeiraodebolsa.com/article.php?iId=427 ). Contudo, durante o preíodo da euforia em torno do crude os mercados reagiram várias vezes às variações "intradays" do crude. Acredito que a sessão de hoje confirma o fim desses olhares sobre o crude. Acredito que, cada vez mais, o crude contará menos para os mercados accionistas.

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

Clickar para ver o disclaimer completo
Avatar do Utilizador
Administrador Fórum
 
Mensagens: 31013
Registado: 29/10/2002 4:04
Localização: Aveiro


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: aaugustobb_69, PAULOJOAO e 76 visitantes