Anonymous Escreveu:Do ponto de vista de trading a resposta é irrepreensível. No entanto a questão não era sobre trading.
Em termos de performance não se pode ver as questões a olho como o Marco António faz.
Como disse e bem, o DAX assemelha-se muito ao SPX em termos de gráfico, mas como bem notou a performance de um gráfico à primeira vista igual é totalmente diferente entre o DAX e o SPX.
Peço desculpa por só responder agora mas estive ausente.
Note o seguinte: eu estaría totalmente (100%) de acordo com a questão que apresentou se por exemplo estivessemos a falar de um valor ou um bem de consumo (por exemplo o ouro ou o crude) cotado nos diversos mercados/moedas ou até eventualmente importado/exportado entre eles.
Aí estaría 100% de acordo com a necessidade de se proceder ao ajuste cambial para que se pudesse avaliar correctamente se o item estava a seguir ou não o que se passava com ele noutro mercado.
Mas num índice a situação é totalmente diferente e a relação não é linear, como a apresentou antes. Aliás, nalguns pontos até se passa practicamente o inverso pelo que o ajuste cambial que realizou acaba por tendo um efeito perverso ao inflaccionar ainda mais aquilo que já está inflaccionado por natureza!
Porquê?
Porque o comportamento do cross cambial já está reflectido no índice e mais, está intimamente ligado a ele.
O comportamento de um determinado cross cambial reflecte-se na cotação das diversas empresas por ele afectado (melhorando as cotações de umas, piorando as de outras), por um lado, e por outro, o próprio fluxo de capital por hipotese de USD para EUR com vista ao investimento nos mercados europeus o qual estará na base na subida dos mercados europeus (em particular no exemplo citado desde o início, o DAX) é precisamente o mesmo fluxo que é culpado, em parte, pela subida do EUR face ao Dolar.
Está a entender?
Portanto, ao inflaccionar o DAX devido à valorização do Euro face ao Dolar quando foi o fluxo de capital de USD para EUR que foi causador das duas subidas é uma redundancia.
Não são coisas indepentendes e neste caso a correlação é até positiva (basta ver que nos anos em que EUR caiu face ao Dolar o DAX na altura caía mais do que S&P e agora que o EUR sobe face ao Dolar o DAX sobe mais do que o S&P, o que resulta numa correlação positiva.
Já se for analisar os exemplos que citei como o Crude ou o Ouro obviamente que quando o EUR sobe face ao Dolar estes bens tendem quando cotados em EUR a compensar o ajuste no cross, existindo nessa compensação uma correlação negativa imediata e automatica.
Já nos índices a questão é muito mais complexa pois os dois items estão intimamente ligados entre si. Aliás, os dois em certa medida representam o mesmo (pelo que não é de estranhar a redundância e a correlação positiva): grosso modo representam a economia como um todo.
Se a economia está bem a moeda tenderá a fortalecer face a mercados onde a economia está mal e o mesmo acontecerá com os respectivos índices.
É claro que um investidor que convive com euros pode investir no Nasdaq e não efectuar qualquer cobertura cambial e o resultado do seu trade será afectado por este.
Mas não tem de ser assim. Só será assim se ele quiser (ou não souber evita-lo). Para muitos investidores não é assim. E para outros, como não investem em várias moedas o problema não se chega a colocar. E isto é importante dado que se os investidores nos Estados Unidos desatarem a comprar aumentando a pressão compradora tal vai motivar os investidores do lado de cá a fazer o mesmo e para ambos a variação cambial será irrelevante: os de «cá» não vão deixar de comprar porque o EUR está a valorizar!...
Portanto, a compensação automatica e imediata que se dá no Crude (cotado em USD e em EUR ou GBP) não se dá nos mercados os quais tendem a seguir-se indepedentemente e onde os mercados que mais sobem são até muitas vezes aqueles onde a moeda também está a subir em simultaneo.
Portanto, se um investidor investir noutro mercado sem cobrir o risco cambial é óbvio que temos de entrar em linha de conta com ele. Mas se vamos comparar a performance dos índices o melhor é deixar o cambio de fora senão vamos estar a duplicar factores (a subida/descida da moeda já está reflectida no índice e este, por sua vez, na moeda).